Pedestrianismo olímpico
Caminhar pode ser perigoso. E pensar que caminhar corretamente, dosando esforços físicos e concentração, já foi até modalidade olímpica. É sério. Vejam que interessante:
Durante os séculos XVIII e XIX, o pedestrianismo era um desporto popular tal como o hipismo ainda o é. Um dos mais famosos pedestres da época era o capitão Robert Barclay Allardice, conhecido como “O Pedestre Ilustre”, de Stonehaven. Seu feito mais impressionante foi andar uma milha por hora, durante 1000 horas, o qual ele realizou entre 1 de Junho e 12 de Julho de 1809. Seu feito cativou a imaginação do público e cerca de 10.000 pessoas vieram vê-lo durante a realização do evento. Durante o restante do século XIX, tentativas de repetir este particular desafio atlético foram feitas por muitos pedestres, incluindo a renomada Ada Andersonque levou a ideia ainda mais adiante e andou 1/4 de milha a cada quarto de hora durante as 1000 horas. (trecho extraído de página da Wikipédia)
Mas nas ruas, no dia a dia, nem estamos com espírito olímpico, nem somos tão atentos. E, considerando as estatísticas, poderíamos acrescentar: somos azarados. Se ainda fosse modalidade olímpica, o pedestrianismo estaria mais para prova de obstáculos do que para prova de resistência. Meu amigo Philip Gold, estudioso e profundo conhecedor da mobilidade a pé tem nos alertado sobre nossa nada amistosa infraestrutura para pedestres.
Os problemas vão desde erros de engenharia, passam por falhas de manutenção, sinalização deficiente ou inadequada, até os comportamentos de risco dos pedestres, seja por ignorância, desatenção ou teimosia mesmo. Na semana passada escrevi aqui sobre alguns dos problemas que pedestres e condutores enfrentam, com descuidos de ambos os lados.
Mas mesmo com toda a legislação e infraestrutura, para que os acidentes de trânsito envolvendo pedestres diminua, é preciso que os usuários – todos – exerçam seus direitos sem deixar de cumprir com seus deveres. E ainda assim, para que tudo funcione com segurança, é necessário muita atenção e bom senso.
Em Maringá/PR, na semana passada, um acidente espetacular chamou a atenção de todos. Uma senhora tropeça na faixa de pedestres e cai. Na sequência passa um carro em velocidade visivelmente acima do razoável para o local e situação. Alguns sites divulgaram que ela apenas se feriu devido ao tombo, outros que este veículo bateu nela. As imagens não permitem conclusões muito precisas.
Encontrei poucas notícias sobre a situação de saúde desta senhora. Espero que esteja bem. Fiquei com a clara impressão de que, não fosse o tropeço e a queda, o acidente teria sido bem pior. Muitos vão dizer: é preciso ter sorte. Sorte tem quem acredita nela, diz um velho ditado. Mas pensando bem, é o fim da picada termos de depender de sorte para que haja segurança no trânsito. Até porque, possivelmente, não são todos que acreditam na sorte.
Trânsito é assunto complexo. E na sua complexa estrutura e funcionamento não há espaço para achismos, amadorismos, improvisações e descuidos. Muito menos cabe depender de sorte ou azar. Bem, não deveria. Nossa legislação não é perfeita. Longe disso. A infraestrutura é, muitas vezes, hostil, e o comportamento das pessoas… nossa! Geralmente contribui como fator decisivo para as desgraças de nossa mobilidade violenta.
Falei sobre esses assuntos na semana passada na TV Band / BandNews TV e na RPCTV / Globo. Clique nas imagens abaixo para assistir.
Fonte: Portal do Trânsito