Tesla Motors quebra paradigmas e revoluciona mercado automotivo
Em julho de 2003, surgiu uma empresa na Califórnia que pretendia vender carros elétricos no mercado americano. Naquela mesma época, a GM retirava agressivamente das ruas seu EV1, que gerou a famosa pergunta envolvendo o segmento: Quem matou o carro elétrico?
Martin Eberhard e Marc Tarpening eram os financiadores da chamada Tesla Motors, que em seu nome prestava homenagem ao inventor Nikola Tesla. Pouco tempo depois, entra um terceiro membro para apoiar a ideia, sendo ele Elon Musk, co-fundador do PayPal.
Musk rapidamente lidera a ideia de investimento em tecnologia de ponta para fazer a diferença e aplica US$ 7,5 milhões do próprio bolso para elevar o nível do primeiro produto da marca. Diante da ascensão do novo colaborador, Eberhard sai da presidência da companhia em 2007, retirando-se completamente no ano seguinte.
Tesla Roadster
Até então, a Tesla Motors era uma boa promessa para o futuro e apostou tudo na decolagem do modelo Roadster, cujo projeto se baseava no Lotus Elise. No mesmo ano da saída de Eberhard, o conversível elétrico de dois lugares começava a ser produzido, parte em Hethel, Reino Unido, sendo finalizado em Menlo Park, Califórnia.
Diferentemente de outros elétricos que estavam surgindo em 2008, o Tesla Roadster tinha 320 km de autonomia, o dobro da melhor proposta das montadoras tradicionais. Com a captação de investimento por parte de celebridades do mundo financeiro e tecnológico da época, incluindo os fundadores do Google, eBay e o herdeiro da Hyatt, entre outros, Musk conseguiu o dinheiro necessário não só para dar início ao Roadster, mas para desenvolver o primeiro produto.
Apesar do esforço em capitalizar a empresa, Musk se viu obrigado a colocar US$ 40 milhões de seus próprios fundos para evitar a falência no final de 2008. Cerca de 25% dos funcionários foram demitidos. Elon até então nunca havia ocupado o posto de CEO da Tesla Motors, o que ocorreu em 2009.
A partir daquele ano, Musk conseguiu que a Tesla recebesse o interesse de montadoras tradicionais, tendo milhões de dólares em ações adquiridas por Daimler, Toyota e Honda. Na metade de 2009, recebe um fundo de US$ 465 milhões do governo Obama para desenvolver uma nova geração de carros elétricos. O pedido havia sido feito ainda na administração Bush. Em 2013, foi a primeira empresa do setor automotivo a reembolsar o tesouro americano.
A Tesla Motors fechou um acordo com a Lotus para produção do Roadster até o final de 2011, garantindo assim um período de comercialização que resultaria em 2,4 mil vendidos. No ano seguinte, surge o primeiro modelo desenvolvido pela própria empresa, um sedã elétrico de luxo.
Tesla Model S
Com design elegante e porte grande, o Tesla Model S foi lançado em 2012 como um carro de luxo. Seu preço era elevado mesmo para o padrão americano. A produção deveria ter sido feita inicialmente em Albuquerque, Novo México, mas foi cancelada. Depois tentou-se San Jose/CA, mas finalmente a planta definitiva foi escolhida na NUMMI, a famosa fábrica de GM e Toyota, que fora desativada com a crise de 2009. Esta fica em Fremont/CA.
Assim como o Roadster, o Tesla Model S começou a ser vendido diretamente para os clientes, sem intermediários. Isso iniciou um atrito com a associação de revendedores dos EUA e com vários estados, o que perdura até hoje.
Musk defende que o custo menor com a venda direta é repassado ao consumidor e que, sem estoques, não é necessário haver uma concessionária. Além disso, como há pouca manutenção, um elétrico não geraria rendimentos com pós-venda, que fazem os lojistas sobreviverem.
Tudo parecia ir relativamente bem, quando uma série de incêndios no Model S começam a minar a imagem da Tesla em 2013. Na mesma época, a empresa catapultava o programa Supercharger, uma rede de recarga rápida, espalhada por todo o país. Mesmo com o fogo que ameaçava sua reputação, a montadora de Fremont alcançou valor de mercado equivalente à metade da Ford.
Tesla Model X
O projeto ambicioso de Elon Musk, já considerado um fenômeno no setor automotivo e um dos símbolos de disruptura da economia mundial, ganhava mais um reforço com o crossover Model X, que misturava também características de minivan e carro de luxo. As portas traseiras com abertura em forma de asa de falcão eram destaques.
Assim como o Model S, o Model X e futuros projetos da Tesla deveriam atualizar-se através de rede wireless, ganhando novas funcionalidades com o passar do tempo, incluindo modos de controle remoto sem a presença física do condutor a bordo e o famoso Auto Pilot, um controle de cruzeiro autônomo, que aproximou rapidamente esses produtos do definitivo carro autônomo.
As entregas do Model X começaram em 2015, mas não sem problemas. Complexo, o processo produtivo da Tesla Motors é considerado caro. Com praticamente todo o carro feito em alumínio, a planta de Fremont tinha de se reinventar a cada momento, tendo um sistema de montagem quase que robotizado. Até o momento, o crossover enfrenta problemas de qualidade.
Musk exigia a contratação de pessoas sem experiência, a fim de moldá-las em seu próprio modo de trabalho. A busca por soluções e resolução de problemas complexos é o diferencial da companhia. Enquanto sua dupla Model S/X ganhava destaque, especialmente com o “insano” modo Ludicrous, a Tesla preparava-se para encontrar as massas.
Model 3
Com uma enorme fábrica nas mãos, a Tesla Motors tinha espaços ociosos e Musk já pensava em sair do nicho do segmento premium para atrair consumidores comuns. O projeto BlueStar, resultou no Model 3, que foi executado em segredo quase absoluto, pois se tratava da guinada definitiva da marca no mundo automotivo.
Mesmo sem ter conseguido autorização para uma fábrica 100% sua na China e com uma planta de montagem em CKD na Europa, a Tesla Motors buscava não somente sua afirmação nos EUA, mas um projeto mundial de comercialização. Musk conseguiu um acordo com a Índia, onde teria 100% da operação.
Diante do público, o Model 3 surgiu em 31 de março de 2016. Lançada uma hora antes da apresentação, a campanha de reservas de US$ 1.000 por carro havia alcançado mais de 115 mil pedidos. Dezenas fizeram filas em lojas da Tesla para encomendar o seu. Em horas, o volume alcançou 325 mil. Atualmente, estima-se em muito mais de 400 mil.
Elon Musk anunciou que o Model 3 seria vendido em vários países, incluindo o Brasil, e que o negócio poderia alcançar US$ 14 bilhões. Com estilo controverso, o elétrico é menor que os dois primeiros, tendo mais aço do que alumínio, a fim de justificar seu menor preço: US$ 35.000 sem incentivos fiscais, que em regiões dos EUA, resultará em um preço final de US$ 25.000. A autonomia de 346 km é inferior aos 482 km alcançados pelas versões mais caras dos S e X, mas de acordo com a atual expectativa do mercado.
Aliás, as letras dos nomes dos carros da Tesla formariam a palavra “SEXY”, algo que Musk rebate. O Y é uma referência ao crossover baseado no Model 3, cujo nome original deveria ser Model E, mas esta designação pertence à Ford. Agora, a empresa pretende trabalhar para ter 500.000 carros/ano ao final de 2017, a fim de atender à surpreendente demanda projetada pelo Model 3. Comenta-se que o CEO atualmente dorme na fábrica, a fim de acompanhar de perto os trabalhos.
Até o momento, a Tesla Motors quebrou paradigmas da indústria automotiva e revolucionou o mercado automotivo, servindo como referência para outros fabricantes, que preparam diversos rivais elétricos e mudanças de filosofia para atuar em uma nova fase da história do automóvel, onde elétricos e autônomos serão os grandes destaques do mercado mundial.
Fonte: Notícias Automotivas