Veículos elétricos podem acabar também com outro setor: o de lubrificantes
Com expectativa de menor demanda por carros a combustão, fabricantes de lubrificantes temem desaparecer, assim como a Kodak frente a câmeras digitais.
O setor de lubrificantes, que movimenta 146 bilhões de dólares, corre o risco de sofrer o mesmo destino da Kodak, graças à expansão dos veículos elétricos.
Montadoras como Volkswagen e Nissan Motor fazem a transição para modelos movidos a bateria que usam menos graxa do que os veículos de combustão. Com a expectativa de queda da demanda a partir de 2025, fabricantes de lubrificantes temem desaparecer, assim como a Eastman Kodak, que não conseguiu captar o potencial da câmera digital na década de 1970.
Por décadas, fabricantes de lubrificantes se preocupam em melhorar a eficiência do combustível em motores de combustão e aumentar a milhagem entre as trocas de óleo. Os veículos elétricos apresentam um novo conjunto de desafios para os carros com pistões, que normalmente usam 40 óleos diferentes. Esses novos veículos precisam de uma graxa que possa esfriar e lubrificar o motor, além de proteger a eletrônica a bordo e ser compatível com materiais não metálicos, como plásticos.
“Estou muito consciente de que o mundo está mudando”, disse Dave Hall, um veterano há 30 anos no setor que comanda a reformulação da linha de lubrificantes Castrol da BP para o mercado veículos elétricos. “Gostaria de pensar que estamos tentando resolver e impedir um momento Kodak e não apenas trancá-lo em um armário, como talvez o fizeram.”
Com a atual safra de carros elétricos em circulação, a atenção tem sido em grande parte no desempenho e no design das baterias, com os lubrificantes ainda em segundo plano. Alguns veículos elétricos usam graxas padrão encontradas em motores de combustão, disse Lutz Lindemann, diretor de tecnologia da Fuchs Petrolub.
Há sinais de que a ameaça às empresas é iminente. A demanda por lubrificantes automotivos, que atingiu cerca de 20 milhões de toneladas no ano passado, deve ficar estável no “futuro previsível” devido ao impacto dos veículos elétricos, ao crescente uso de lubrificantes sintéticos e às pressões econômicas, de acordo com pesquisa da consultoria de energia Kline & Company.