Veículos ficarão mais caros a partir de 2014
A retomada do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a introdução obrigatória de itens de segurança deixarão os carros mais caros a partir de 2014. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aliás, estima que o efeito da tributação pode ter impacto de até 5,6% nos preços. “O governo ainda está discutindo qual será o percentual de repasse parcial do tributo. O carro pode ficar de 1,1% a 5,6% mais caro”, disse o presidente da entidade, Luiz Moan.
O imposto foi reduzido a zero para os carros populares, em abril do ano passado. Neste ano, foi gradualmente recomposto e está em 2%. Em 2014, voltaria à alíquota original, de 7%, mas o governo já sinalizou que a retomada vai ser parcial. Também pesará no preço dos carros a inclusão do freio ABS e do airbag, que passarão a ser obrigatórios. O custo adicional é estimado em R$ 1 mil por veículo.
Mantega confirmou
O presidente da Anfavea inclusive afirmou ontem que tem “a palavra do ministro da Fazenda (Guido Mantega) de que teremos o aumento do IPI em janeiro”. Dados da Anfavea apontam que a redução na alíquota do IPI do setor gerou uma alta de R$ 6,8 bilhões na arrecadação de impostos federais e estaduais. A medida ampliou ainda em 1,35 milhão de unidades as vendas de veículos até 30 de novembro.
No caso dos impostos, a conta inclui a desoneração de R$ 4,9 bilhões do IPI subtraída do aumento de arrecadação R$ 11,7 bilhões no período, de PIS/Cofins (R$ 5,1 bilhões), ICMS (R$ 5,3 bilhões) e IPVA (R$ 1,3 bilhão). Já as vendas nos mesmo período, de 5,65 milhões de unidades, seriam 4,3 milhões se não houvesse a alíquota diferenciada do imposto, de acordo com previsão da Anfavea.
“Se não tivéssemos a redução do IPI, teríamos vendas menores e discordo que o volume de vendas seria artificial”, disse Moan. “As contas comprovam que a redução de impostos traz aumento da arrecadação na outra ponta”, complementou o presidente.
Exportações
O presidente da Anfavea disse ainda que o valor exportado de autoveículos e máquinas agrícolas automotrizes, de US$ 15,4 bilhões no acumulado de janeiro a novembro, já é recorde histórico para qualquer ano. “É o maior número que a indústria automobilística já exportou, mesmo considerando anos fechados (contra esse período de 11 meses)”, afirmou Moan.
A Anfavea manteve ainda a estimativa de alta 11,9% para a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, em 2013 ante 2012, para 3,79 milhões de unidades. As exportações em valores de autoveículos e máquinas agrícolas devem crescer 8,8% este ano, o que representa US$ 16 bilhões. Em volume, as exportações deverão crescer 20% este ano sobre 2012, para 534 mil veículos. A produção e venda de máquinas agrícolas também devem subir.
Dezembro: aposta de concessionárias
O fato dos veículos ficarem mais caros no ano que vem deve impulsionar as vendas deste mês de dezembro, pelo menos é essa a expectativa das concessionárias de Fortaleza. De acordo com o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores do Ceará (Fenabrave-CE), Fernando Ponte, diversas ações já estão sendo feitas para que os consumidores aproveitem “a última chance de se beneficiarem do IPI reduzido”.
“Muitos feirões já estão sendo realizados para atrair os consumidores. A expectativa é vendermos 6 mil veículos neste mês para fecharmos o ano com 61 mil emplacamentos”, afirma Fernando Ponte. Segundo ele, até novembro foram comercializados aproximadamente 55 mil automóveis em Fortaleza, quantidade essa inferior a registrada no mesmo período de 2012.
Volume de vendas
Nacionalmente, o anúncio da elevação de preços realmente tem como objetivo instigar o consumidor a ir às lojas em dezembro, o que poderia salvar o ano do setor no Brasil, que fechou novembro com um volume de vendas acumulado 1,4% inferior ao do mesmo período de 2012. Os dados são da Anfavea e consideram apenas veículos de passeio e comerciais leves.
Para chegar na meta prevista pela entidade, de crescimento de 1% do setor no ano, as montadoras teriam de vender 430 mil unidades em dezembro. O recorde de vendas, de 420 mil unidades, foi alcançado em agosto do ano passado, quando o mercado também vivia a expectativa de aumento do IPI, que acabou cancelado por decisão do governo.
Caso o plano falhe, esta será a primeira retração nas vendas desde 2003. No acumulado do ano, as vendas somam 3,2 milhões de unidades.
A Anfavea inclusive já admitiu que “seguramente” a previsão de alta de 1% a 2% nas vendas em 2013 sobre 2012, para até 3,88 milhões de veículos, não será cumprida e classificou 2013 como “um ano bom, não excelente”. Para 2014, a entidade, que recentemente previu um crescimento na produção de 5%, recuou e evitou fazer outros comentários sobre o tema.
Do Diário do Nordeste.