Venda de seminovos cresce 12%

Venda de seminovos cresce 12% após fim dos descontos para carros 0 km 

 

As vendas de veículos usados cresceram 12% no Brasil em agosto, na comparação com julho, com 1.372.793 unidades comercializadas. No acumulado de 2023, o volume de vendas no segmento já é 4,2% maior do que no mesmo período do ano passado, ou seja, entre janeiro e agosto. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Com o fim do programa do governo federal de incentivos para as montadoras, que começou em junho e durou até o início de julho e proporcionou descontos de até R$ 8 mil para os consumidores comprarem veículos 0 km, os interessados em trocar de carro voltaram o foco para os usados.

“Apesar do mercado de novos ter dado sinais de desaceleração, após o fim dos descontos tributários patrocinados para autos e leves, estabelecidos pelas Medidas Provisórias 1.175 e 1.178, as vendas de veículos usados tiveram bom desempenho em agosto”, confirma Andreta Jr., presidente da Fenabrave.

Segundo o professor e coordenador dos cursos automotivos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antônio Jorge Martins, os mercados de novos e seminovos costumam ter caminhos inversamente proporcionais. Quando um está em alta, o outro geralmente está em baixa.

Venda de seminovos cresce 12% após fim dos descontos para carros 0 km

 

“À medida que deixou de prevalecer a portaria governamental, automaticamente o mercado começa a se mexer de outra forma. Na prática, os substitutos dos veículos novos são os seminovos. Quando a sociedade deixa de ter condições de comprar o carro 0 km, que teve um aumento vertiginoso de preço nos últimos anos, ela parte para o seminovo. Então em agosto, quando houve uma redução no volume de vendas de veículos novos, a procura por seminovos cresce”, explica. 

De fato, as vendas de veículos novos nacionais (carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus) caíram 7,9% em relação a julho, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Foram comercializadas 207,7 mil unidades no mês passado.

Ainda segundo o especialista, os juros altos para o financiamento de veículos – cerca de 25% ao ano em instituições como Bradesco, Caixa e Banco do Brasil – também ajudam a explicar a preferência pelos usados, pois muita gente leva em conta o valor que vai conseguir pagar de parcela. Como os carros 0 km voltaram para os preços originais, a solução de muitas pessoas é comprar um seminovo.

“Quando as taxas de juros estão elevadas, isso acaba afetando os dois componentes desse mercado: tanto os consumidores, que de uma forma geral não conseguem pagar parcelas mais altas, quanto as próprias instituições financeiras, que reduzem o volume de empréstimos concedidos porque o risco passa a ser elevado na medida em que a taxa de juros está alta e grande parte da sociedade está endividada”.

Para fugir dos juros altos do financiamento, o analista comercial Gerson Lucas Silva Alves, de 25 anos, vai preferir comprar um carro usado.

Mas ele considera que o seminovo também está muito caro. Por isso, está na dúvida se arrisca comprar um veículo mais antigo, fabricado há cerca de dez anos, que pode ter mais custos de manutenção.

“Quero comprar um carro de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Pensei em dar este valor de entrada e financiar um novo, mas os juros estão muito altos e deixam o veículo bem mais caro”, afirma. Mas ele não decidiu ainda comprar o usado porque tem medo do carro ter tido alterações de motor e de outros componentes.

“O problema é a possibilidade de adulteração do veículo. Já vi empresa que reduz a quilometragem de 200 mil para 100 mil quilômetros, por exemplo, para vendê-lo como se tivesse rodado menos. Outra questão é a falta de segurança nos aplicativos que vendem carros usados. Fico com medo de golpes, do carro à venda não existir de verdade”, justifica.

Vendas por segmento em agosto, na comparação com julho

Automóveis usados: 867.828 (+12,29%)
Comerciais leves usados: 150.151 (+13,32)
Caminhões usados: 32.281 (+14,34)
Ônibus usados: 4.537 (+18,34)
Motos usadas: 299.222 (+13,92)
Reboques, semi-reboques e carrocerias usados: 9.572 (+16,80)
Outros: 9.202 (+14,07)
Total: 1.372.793

 

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