Venda de veículos deve seguir em alta mesmo com incertezas na economia

O setor mostra crescimento superior às outras atividades do País, impulsionado pelo aumento da oferta de crédito e juro real em baixa, e entidades mantêm projeções positivas para 2019

Com o aumento da oferta de crédito e a queda do juro real, o consumidor deve continuar comprando automóveis, mesmo com as incertezas que rondam a economia. Para este ano, entidades ligadas ao setor mantêm projeções de crescimento das vendas.

“Contrariando o senso comum dos empresários, que estão à espera da reforma da Previdência, os consumidores assumem o risco e continuam comprando automóveis. Ainda existe um forte desejo do brasileiro por esse tipo de bem de consumo”, analisa o sócio-diretor da Macrosector, Fabio Silveira.

Segundo ele, uma parcela considerável dos consumidores, hoje, não se preocupa com a aprovação da reforma da Previdência, principalmente porque as condições para a compra de automóveis melhoraram bastante.

Conforme dados da Macrosector, em fevereiro a oferta de crédito ao consumidor cresceu pouco mais de 10% na comparação anual e a taxa básica de juros (Selic) se mantém em patamar baixo. “As vendas domésticas vão continuar rodando. Os juros estão relativamente mais baixos e há uma parcela da economia que está crescendo, apesar do desemprego e da renda”, acrescenta.

De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os emplacamentos de automóveis cresceram 9,9% no primeiro trimestre, para 496 mil unidades. A projeção em 2019 é de um avanço das vendas de 10,3%.

Para a entidade, as vendas no mercado interno devem crescer por conta de uma demanda reprimida, expansão da frota de locadoras de veículos e melhores condições de crédito. “A inadimplência está baixa e o índice de aprovação [de crédito] está mais alto. Durante a crise, a cada 10 fichas, três eram aprovadas. Agora são 6,7”, declarou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção, em coletiva de imprensa.

Na avaliação da entidade, o momento de juros e inflação controlados após um período de crise está impulsionando a decisão do consumidor de trocar de veículo. Embora o crescimento das venda não seja tão grande em termos de volume, a base fraca favorece um percentual mais elevado do que o restante da economia.

A Fenabrave acredita que a insegurança em relação à aprovação da reforma da Previdência tem impedido o avanço de investimentos mais intensos no País e a tendência é de uma aprovação desidratada pelo Congresso. Caso a medida não avance, a entidade prevê risco de recessão.

Dólar

O cenário poderia ser ainda melhor para os importados, se não fosse a alta expressiva do dólar. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), no primeiro trimestre os emplacamentos das associadas (excluindo fabricantes locais) recuaram 11,4%, para 7,49 mil unidades. “Março foi um mês para ser esquecido. Todas as nossas importadoras foram obrigadas a tirar o pé do acelerador com o dólar nas alturas”, declarou o presidente da entidade, José Luiz Gandini.

Para ele, o patamar médio do câmbio deve ficar em torno de R$ 3,75 neste ano. Já a Fenabrave trabalha com um valor médio para o dólar de R$ 3,70 a R$ 3,80. Na projeção da Macrosector, o câmbio médio deverá ficar em R$ 3,90 em 2019. “A reforma da Previdência não vai passar da maneira ideal e a tensão vai continuar. O que passar não vai ser suficiente para levar o dólar para um patamar mais baixo, um claro sinal de incertezas no cenário econômico, assinala Silveira.

Gandini não fala em revisar projeções de crescimento para este ano, apesar das incertezas. “A economia ainda está patinando e a equipe econômica não tomou nenhuma medida concreta até o momento. O novo governo precisa falar menos e fazer mais”, comenta o dirigente. No entanto, ele acredita que a reforma da Previdência deve ser aprovada em breve. “Com isso, devemos ter uma melhora no segundo semestre, o que deve compensar os números ruins do início do ano.”

A Abeifa mantém projeção de crescimento das vendas em torno de 35% em 2019, para cerca de 50 mil unidades.

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