“Existem dois tipos de empresas: as guiadas por dados e as que vão quebrar”
Vivemos a era da informação. Graças aos avanços tecnológicos conquistados nas últimas décadas, ferramentas antes exclusivas dos serviços de inteligência hoje estão à disposição de todos, em geral de forma gratuita, na internet. Essa democratização tecnológica, evidentemente, também chegou ao mundo dos negócios e hoje tem um papel decisivo nas estratégias das grandes corporações.
O velho “faro para os negócios” vem perdendo espaço para os dados, que indicam com precisão as principais tendências e permitem fazer análises inimagináveis até bem pouco tempo atrás. Se antes os negócios precisavam ser colocados à prova na prática, hoje é possível testar tudo antes mesmo do lançamento e, caso necessário, mudar os rumos da empresa rapidamente.
“Na economia 4.0, o gestor deixou de ser um simples administrador para se tornar um cientista de dados”, afirma Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi e um dos principais nomes do empreendedorismo no Brasil. “Hoje existem dois tipos de empresas: as guiadas por dados e as que vão quebrar.”
O executivo foi um dos destaques da primeira edição do Bayer Life, evento promovido pela empresa alemã com o objetivo discutir a transformação digital e o futuro do trabalho. Em sua apresentação, Tallis deu exemplos reais do uso de dados em sua nova empreitada, a Singu, plataforma que disponibiliza serviços voltados majoritariamente para o público feminino.
“Quando criamos a Singu, imaginávamos que o produto era feito para mulheres de 18 a 24 anos. Mas analisando os dados, percebemos que o público entre 30 e 42 anos era o que trazia os melhores resultados para o negócio. Em pouco tempo esse grupo já respondia por 40% do faturamento.”
Não dava para brigar com a realidade. De posse das informações financeiras, Tallis decidiu que era necessário gerar ainda mais dados através de pesquisas qualitativas e quantitativas, sempre buscando entender o que as suas clientes mais gostavam – e também não gostavam – no produto e, com isso, ter mais elementos para ajustar o projeto.
“Nesses momentos é preciso agilidade. É preciso ter liberdade para errar. Mas errar rápido. Se demorar muito para arrumar, alguém vai fazer antes. Como dizia o meu avô, o feito é melhor que o perfeito.”
Os erros e acertos também fazem parte do dia a dia na Climate Fieldview, plataforma de agricultura digital da Bayer que oferece serviços e soluções baseadas em ciência de dados para auxiliar o produtor rural no gerenciamento das lavouras, uma tecnologia que tem contribuído significativamente para a redução do uso de insumos, o que se traduz em maior rentabilidade no campo.
Na Climate Fieldview, o desenvolvimento de uma nova ferramenta começa sempre com a identificação de um problema e o mapeamento das oportunidades de mercado existentes. Depois, as equipes são desafiadas a responder uma série de perguntas: será que o produto resolve o problema do cliente? Será que o cliente usaria a minha solução? Ele pagaria por isso? As respostas vêm das inúmeras pesquisas realizadas pela empresa, que dão um indicativo da aceitação por parte dos clientes antes mesmo de o produto chegar ao mercado.
“Pode até não ser viável, ter algum entrave econômico, tecnológico, de escala, ou simplesmente pode não resolver o problema do nosso cliente. Mas é preciso descobrir tudo isso. E se não der certo, é mais barato falhar no período de experimentação”, completa Rafael Garcia, gerente de produtos da Climate Fieldview no Brasil.