Milhas deixam as passagens quase de graça
Uma das desculpas mais comuns para não viajar é a falta de dinheiro. Entretanto, há quem consiga passear por aí quase de graça, comprando passagens por meio de milhas aéreas. É o que a bióloga Gabriela Corrêa, de 25 anos, faz. “Em 2012, fui para Portugal sem pagar um centavo”, conta. O segredo? No caso dela, fazer um bom uso do cartão de crédito. A jovem faz compras utilizando o cartão de crédito universitário – que nem é um dos mais vantajosos para juntar pontos e trocar por milhas – e, mesmo assim, consegue viajar todos os meses, ainda que seja somente aos finais de semana, parte das vezes aproveitando promoções-relâmpago e parte gastando as milhas acumuladas.
“Nunca deixo as milhas no programa de milhagem de uma companhia. Deixo no cartão e, quando vou viajar, decido em qual delas vou gastar”, ensina. Gabriela viaja por milhas desde 2011. Para ela, uma das maiores vantagens de usar milhas é não precisar comprar a ida e a volta ao mesmo tempo para pagar mais barato, como a maioria das pessoas faz no dinheiro, pois não tem diferença, em milhas, comprar os trechos separadamente. “Planejo um mochilão pela Europa ainda neste ano. Como tenho muitas milhas, vou pegar um voo de Brasília a Londres. Depois decido a volta, mas acho que será por Lisboa.”
Frequentemente, as companhias fazem promoções, também, de milhas. A dica de Gabriela é assinar as newsletters de todas elas para não perder nenhuma. “Também sigo blogs de turismo que divulgam essas promoções. Acabei ficando meio viciada em olhar isso, pois gosto muito de viajar, ainda mais por ter amigos em todo o Brasil. Dá um pouco de trabalho, mas compensa muito.” Talvez seja o fato de dar trabalho que faça com que muitas pessoas no Brasil não aproveitem os programas de milhagens disponíveis.
Segundo Leonel Andrade, CEO da Smiles, ainda é baixo o número de brasileiros que estão engajados no uso de milhas. “Apenas aproximadamente 5% da população brasileira participa ativamente de programas de fidelidade. Enquanto isso, há países, como a Nova Zelândia, onde esse número passa dos 50%”, aponta.Essa realidade, porém, tem um lado positivo, para o executivo. “Isso mostra que esse mercado tem muito potencial ainda por aqui. Acredito que esse setor está prestes a entrar em uma fase de crescimento muito grande”, opina. “Isso acontecerá quando as pessoas estiverem mais bem informadas sobre como funcionam as milhas.”
ANTECEDÊNCIA Muitos não percebem que podem, por exemplo, ganhar pontos ao abastecer o carro, se fizerem parte de um programa de fidelidade. É um benefício que se ganha sem ter nenhum custo adicional, pois elas já teriam que gastar com a gasolina de qualquer jeito. “Inscrever-se em um programa de fidelidade, porém, é apenas o primeiro passo. Cada um deles tem parcerias com diversas lojas e postos de gasolina, e os gastos feitos nesses lugares ajudam a acumular pontos. Para Paulo Manuel, CEO da TZ Viagens, a dica é se concentrar em uma empresa de fidelidade só para não demorar muito a acumular milhas.
“É muito importante focar em um único programa de milhagens. Ter 10 programas diferentes não compensa. Escolha sempre voar na mesma companhia ou nas companhias afiliadas na mesma aliança para acumular mais milhas”, aponta. Uma vez que se sabe as diferentes maneiras de acumular pontos, é preciso ter certos cuidados, principalmente quando as milhas são ganhas a partir do uso do cartão de crédito. “É importante que o cliente tenha controle sob os gastos efetuados no crédito. Algumas pessoas podem ficar focadas demais em acumular milhas e acabar estourando os limites do cartão”, alerta Manuel.
Por fim, uma vez que as milhas já estejam acumuladas, basta saber como gastá-las apropriadamente. Para Paulo Manuel, outro detalhe importante é a data de vencimento das milhas, que costumam durar de dois a três anos. “Os programas de milhagens sempre enviam e-mails aos clientes alertando sobre o vencimento e perguntam se pretendem pagar para estender o prazo ou utilizar antes de caducar. É importante estar atento a esses e-mails para verificar as melhores opções”, alerta.
Por Laisa Queiroz, do CorreioWeb e Max Valarezo, Especial para o Estado de Minas.