Teleférico do Morro da Providência entra em funcionamento no domingo
Construído para ser um dos símbolos da revitalização da Zona Portuária do Rio, o teleférico do Morro da Providência finalmente será inaugurado no próximo domingo. As obras de implantação do sistema estão prontas desde maio de 2013, mas somente agora — 13 meses depois — a prefeitura conseguiu fechar uma parceria com a iniciativa privada para o serviço entrar em operação. A administração do teleférico ficará a cargo do Consórcio Porto Novo, também responsável pelas obras de reurbanização do Porto numa Parceria Público Privada com o município. Moradores e visitantes poderão usar o serviço gratuitamente. As demais obras de reurbanização do projeto Morar Carioca, que incluem a retirada de moradores de áreas de risco, no entanto, permanecem paralisadas, por uma decisão judicial em vigor há três anos.
A prefeitura ainda não divulgou quanto repassará ao Consórcio Porto Novo para operar o serviço até 2026, nem o motivo para usar um operador para o serviço. Devido à demora, a estação da Cidade do Samba, onde estavam guardadas as 16 gôndolas compradas, chegou a ser apelidada de “museu do teleférico”. Pelo plano de ativação combinado com a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto (Cdurp), a operação do sistema ocorrerá de forma gradual. O processo está dividido em quatro fases.
O início do funcionamento do teleférico ainda durante a Copa foi antecipado pela coluna Gente Boa. As gôndolas foram decoradas para a inauguração com desenhos feitos por alunos de do 5º ano da Escola Municipal Benjamin Galloti, na Zona Portuária. Nos primeiros 15 dias, o serviço vai operar apenas das 9 às 11h, fazendo a ligação entre as três estações: Central do Brasil, Cidade do Samba e Morro da Providência, numa extensão total de 721 metros. Na segunda fase, as gôndolas também estarão disponíveis das 14 às 16h. Numa terceira etapa, em data que ainda será divulgada, o serviço, no período da tarde, será estendido até as 20h nos dias úteis. Por fim, todo serviço ganhará um horário definitivo, num prazo que ainda não foi determinado: de segunda a sexta-feira, das 6h às 21 h; aos sábados, das 7h às 19h; e nos domingos e feriados, das 9h às 18h.
ATÉ MIL PASSAGEIROS POR HORA
A implantação do serviço custou R$ 75 milhões. As gôndolas têm capacidade para 10 passageiros cada— oito sentados e dois em pé. Elas foram fabricadas pela empresa austríaca Doppelmay. As cabines são feitas de acrílico e alumínio. O teleférico pode transportar até mil passageiros por hora, e o tempo de viagem entre a primeira e a última estação está estimado em oito minutos.
— O teleférico será um ótimo recurso para quem mora na parte alta do morro. Pena que demorou demais para ser colocado em funcionamento. Alguém errou — diz a dona de casa Jailce Felix dos Santos.
A operação na Providência será diferente dos serviços que a SuperVia presta no Complexo do Alemão para o governo do estado. No Alemão, onde o teleférico foi inaugurado em novembro de 2011, apenas os moradores cadastrados no Riocard podem fazer até duas viagens gratuitas por dia. Viagens extras para moradores ou ingressos para visitantes custam R$ 1 pelo Bilhete Único ou R$ 5, caso seja comprado nas bilheterias.
A Secretaria municipal de Habitação informou que ainda não há prazo para as obras do Morar Carioca, paralisadas desde 2011, serem retomadas, porque depende de uma decisão da Justiça. Os serviços foram suspensos por uma liminar obtida pela Defensoria Pública, a pedido de moradores que seriam removidos de uma área de risco para a construção de um plano inclinado de 70 metros de altura, ao lado de uma escadaria.
BRIGA PARA NÃO REMOVER FAMÍLIAS
Na ação, a Defensoria Pública argumentou que a prefeitura não apresentou documentos comprovando que o projeto tinha Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) e também questionou se haveria necessidade de remover cerca de 500 famílias. O município, que após a liminar decidiu rever o número de remoções, recorreu. Mas a Justiça apenas liberou a conclusão do teleférico, porque havia o risco de os equipamentos se estragarem.
— Os canteiros de obra estão abandonados. Muita coisa ficou incompleta, incluindo a construção de 52 casas de um condomínio com três blocos para reassentar famílias que vivem em áreas de risco — contou a presidente da associação de moradores do Morro da Providência, Maria Helena dos Santos.
Entre as obras que se encontram paradas, também está a construção de uma nova área de lazer para os moradores da comunidade já que o terreno da Praça Américo Brum foi ocupado por uma das estações do teleférico.
Por Luiz Ernesto Magalhães, do O Globo;
Foto: Bia Guedes, Agência O Globo.