Teve Copa, mas imóveis ficaram apenas no anúncio em Itaquera

O autônomo Edivaldo Luis bem que tentou alugar o seu apartamento em Itaquera, na zona leste de São Paulo, durante o Mundial e colocou o anúncio na internet. O fato de o imóvel ser localizado em frente a uma praça arborizada e a cinco minutos de carro da Arena Corinthians, onde foram realizados seis jogos da Copa do Mundo, não foi suficiente para fechar o negócio.
Edivaldo estava pedindo R$ 50 mil pela locação durante o período do Mundial.
— Eu tive duas propostas, mas não era o que eu imaginava e acabei não fechando.
As propostas eram para ficar apenas um ou dois dias no imóvel, mas o morador de Itaquera há 34 anos não quis sair de sua casa por 48 horas.
— Foi uma ideia que pintou assim num bate-papo de amigos. Se eu conseguisse nas minhas condições, eu alugava, senão, não tinha problema. Não estava dependendo disso para viver.
Ele diz que esperava ter mais procura, mas diz que o “Expresso da Copa” pode ter contribuído para “esfriar o negócio”. O trem fazia o trajeto da estação Luz (centro de São Paulo) até a Corinthians-Itaquera em 19 minutos, sem paradas. Ou seja, os torcedores poderiam se hospedar longe sem nenhum problema.
A reportagem do R7 esteve em Itaquera dias antes do início do Mundial para verificar se havia demanda para os aluguéis durante a Copa na região. Conversamos com proprietários e imobiliárias. Na época, o cenário era de preços fora da realidade e nenhum interesse.
Durante o Mundial, nada mudou. O corretor de imóveis Roque Rocha da Crescer Imobiliária diz que os anúncios de casas e apartamentos permaneceram durante a Copa na internet, mas não houve propostas.
— A gente tentou, mas avisamos aos proprietários que não conseguimos.
A empresa chegou a trabalhar com uma casa no valor de R$ 55 mil de três dormitórios e com duas vagas de garagem, localizada a 1,5 km do estádio.
— O valor que o pessoal deixou aqui foi muito alto. Variava de R$ 30 mil a R$ 55 mil. Nem durante nem antes, não teve procura nenhuma.
O corretor explica que até tentava convencer os proprietários a baixarem o preço, mas ninguém quis.
— Às vezes, é melhor pegar um pouquinho menos do que não alugar.
A imobiliária Sonho Meu, em Itaquera, também colocou dois imóveis para alugar para o período da Copa num valor de R$ 30 mil cada, localizados cerca de 10 minutos de carro da Arena Corinthians, e também não encontrou interessados. Para a corretora da empresa Marilza de Oliveira, o problema também era a falta de preparo.
— Eu peguei um sobrado, a proprietária morava embaixo e iria alugar a parte de cima. A pessoa não falava nenhum idioma, ninguém falava inglês, francês…[Tem que] ter uma pessoa para fazer um almoço, um motorista. É toda uma infraestrutura… Teria que ter esse cuidado e eles só pensavam no dinheiro.
Em outra imobiliária da zona leste de São Paulo, a Kamil Imóveis, teve morador de Itaquera falando que reformou o imóvel e gostaria de locar o espaço. Mas a própria empresa decidiu não trabalhar com esses aluguéis.
Para a corretora da empresa Valdete Santos era “mais fácil o pessoal alugar em uma cidade de praia como Rio, Salvador, do que em São Paulo”.
— Não criei nenhuma expectativa para nenhum proprietário. Se alguém me procurasse, eu daria o telefone deles. Não iria intermediar nada.
Quando questionado se poderia baixar o preço para tentar mudar sua sorte, o autônomo Edivaldo explica que só se quisesse competir com algum hotel, mas esse não era o objetivo.
— Para competir teriam que ser diárias individuais. Por exemplo, uma diária de R$ 900 oferecendo café da manhã e almoço, acho que seria ideal, teria conseguido alguma coisa… [Mas] Não estava preocupado em alugar por qualquer preço.
Por Vanessa Beltrão, do R7.

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