Aluguel de blindados
De ABRABLIN
No universo da blindagem automotiva, um serviço bastante procurado nas grandes capitais brasileiras é a locação de veículo blindado. Para recorrer a esse tipo de proteção, porém, é preciso que se obedeça a algumas normas presentes na regulamentação.
A locação de blindados é autorizada somente por empresas registradas no Exército e para locatários previamente autorizados pela Secretaria de Segurança Pública onde está sediada a empresa locatária, podendo ser liberada por prazo determinado pelos órgãos responsáveis. “A regulamentação também exige que as empresas locadoras mantenham arquivados todos os documentos da pessoa física ou jurídica que solicitou a locação, devendo, quando solicitadas, prestar as informações aos mesmos órgãos da fiscalização”, explica o presidente da ABRABLIN.
Esse tipo de serviço, já muito utilizado entre executivos em trânsito entre cidades, de acordo com a percepção do mercado, tem a procura elevada em anos eleitorais, quando candidatos à presidência, governos estaduais, ao Senado, Câmara Federal ou Assembléias Legislativas costumam procurá-lo. Outros grandes eventos, como a Copa do Mundo, a ser realizada em 2014 no país, e os Jogos Olímpicos, em 2016, devem impulsionar ainda mais esse setor. E para atrair esses clientes, além de alugar o carro blindado, algumas empresas oferecem como diferencial o serviço com motorista com curso de direção defensiva, capaz de atuar nas mais complicadas situações.
Terceirização dos carros blindados.
A procura pela terceirização de modelos de luxo blindados também tem crescido, conforme acompanhamento da ABLA. Embora a terceirização de modelos de luxo blindados ainda não tenha sido incluída no Censo ABLA, efetivamente a demanda cresceu. Esse tipo de terceirização é um fenômeno relativamente recente no Brasil e deverá ser incluído em pesquisas futuras da ABLA.
Empresas dos mais variados setores têm consultado locadoras de automóveis para oferecer o carro blindado como benefício aos executivos de primeiro e até de segundo escalão. Os carros são incluídos nos contratos fechados com as Locadoras, gerando para o cliente uma economia de 25%, em média, se comparada a empresas que compram carros de luxo blindados para uso de seus executivos.
Trata-se, portanto, de um nicho de mercado promissor para as locadoras de automóveis, pois a tendência é que a procura cresça não apenas no Sudeste, como vinha ocorrendo desde 2001. As Locadoras que atuam no Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste também começam a ganhar novos clientes neste nicho dos modelos de luxo blindados.
Como escolher a blindadora.
Antes de decidir onde blindar os carros da frota, a locadora de automóveis precisa verificar o tempo de mercado da empresa blindadora. O custo da blindagem e a garantia que a empresa oferece também devem ser itens levados em conta, mas em um segundo momento. O mais importante é saber se a blindagem dará a segurança necessária ao usuário. Exija que a blindadora mostre o seu Certificado de Registro (CR) no Exército. Sem este documento a empresa não pode atuar no segmento, uma vez que o carro blindado integra a lista de produtos controlados. Questione se os materiais utilizados na blindagem foram aprovados em testes feitos pelo Exército e se isso pode ser comprovado por uma cópia do Relatório Técnico Experimental (ReTEx) expedido pelo próprio Exército.
Não se contente em conhecer o show- room da blindadora. Visite o local onde a blindagem é executada. Procure saber antecipadamente quanto tempo levará o serviço. Algumas empresas disponibilizam fotos da evolução do processo. Isso pode ser a garantia de que os veículos da frota estão realmente recebendo a blindagem oferecida. Escolha o nível de blindagem de acordo com a necessidade de segurança do cliente. Para isso, é preciso consultar a tabela de resistência balística.
Todas as descrições utilizadas pelas empresas devem indicar a resistência aos projéteis, equivalente aos níveis definidos pelo Exército. Certifique-se de que a blindagem será realizada tanto na parte transparente (vidros), quanto nas áreas opacas. Toda a cabine deve estar protegida, já que o Exército proíbe a blindagem parcial. Repita esse processo com pelo menos duas blindadoras e não se deixe levar por fatores subjetivos. Somente depois de checar esses procedimentos, analise o preço e o período de garantia oferecido.
Ao receber o carro, verifique o Termo de Responsabilidade e certifique-se de que todos os materiais utilizados na montagem – vidro balístico, mantas de aramida e aço – têm o nível de segurança pelo qual você optou. O descritivo de cada um dos materiais deverá estar especificado no Termo, documento sem o qual o Exército não permite o registro do veículo blindado. Esta é a garantia da locadora, o termo legal no qual a blindadora se responsabiliza pelo serviço.
Venda do blindado.
Muitos proprietários de veículos blindados não sabem que a venda e a transferência de um veículo com este tipo de proteção tem um trâmite diferenciado. “As transferências de propriedade devem ser precedidas de autorização prévia e específica da Secretaria de Segurança Pública do Estado onde o novo proprietário reside, conforme o artigo 6º da Portaria 013 do Departamento Logístico (D Log) do Exército, editada em 19 de agosto de 2002, que regulamenta o setor de blindagem”, explica o presidente da ABRABLIN.
“Normalmente, não há má-fé. Por puro desconhecimento do processo legal, os usuários não atentam para essa determinação e vendem seus carros como se fossem comuns”, afirma Conde. Quem vende um veículo blindado deve passá-lo ao novo proprietário somente após a obtenção de tal autorização.
No caso de o carro ter pertencido a um único proprietário, junto com os demais documentos o comprador deve exigir que o vendedor apresente o Certificado de Registro de Blindagem de Veículo. Essa ação é muito importante, pois, comprova que o veículo foi blindado com autorização do Exército Brasileiro e que está perfeitamente regularizado junto a esse órgão de fiscalização, além de ratificar que teve procedência licita.
Por outro lado, é muito importante que o antigo proprietário, após efetuar a venda de seu veículo, dê baixa em sua documentação junto à Secretaria de Segurança de seu estado. “Muitas vezes esse trâmite também é esquecido, perigosamente. Isso porque, perante os órgãos de controle e fiscalização, a responsabilidade pelo veículo continuará sendo do antigo dono, mesmo após a revenda”, alerta Conde.
Outro erro é não entregar o Termo de Responsabilidade da blindadora que produziu o veículo ao novo proprietário. “Quem compra um blindado deve exigir esse documento, pois, mesmo após ter vencido o período de garantia dos produtos utilizados, a blindadora continua sendo responsável pelo serviço realizado. Como os produtos comuns, os blindados também podem apresentar problemas de fabricação. As revendedoras associadas à ABRABLIN não aceitam revender veículos que não estiverem acompanhados do Termo de Responsabilidade das blindadoras. Do contrário, a quem recorrer caso haja algum problema?”, questiona Conde. O carro que não possui esse documento perde valor.
Manutenção preventiva garante proteção eficiente.
Ter um veículo blindado significa poder trafegar com mais segurança pelas ruas, reduzindo o estresse provocado pelo constante medo de assaltos e outros tipos de violência. Para ter garantida, porém, total proteção da blindagem, é necessário que seus usuários cultivem alguns cuidados especiais.
O tipo de relevo onde o carro trafegará e as condições climáticas às quais o veículo será exposto são alguns dos pontos que devem ser analisados pelo usuário do blindado. Tais fatores influenciam diretamente na manutenção da qualidade da proteção balística.
Carros submetidos a trajetos em terrenos instáveis ou muito esburacados podem sofrer torções na carroceria e, por consequência, trincas nos vidros, caso não sejam conduzidos dentro de padrões normais de direção. Essas trincas também podem surgir em consequência de impactos, como o de cascalhos ou pedregulhos que se soltam do asfalto irregular, ou ser desencadeadas por choques térmicos, resultado de variações bruscas de temperatura. Levar um blindado que ficou por muito tempo exposto ao sol a um lava-rápido, por exemplo, pode provocar tais trincas. E dependendo do tamanho delas a blindagem pode ser afetada.
Já a exposição exagerada ao calor pode provocar outro problema nos vidros do carro blindado, comprometendo a qualidade de sua proteção: a delaminação. Ela é facilmente notada pelas bolhas de ar esbranquiçadas que surgem na parte transparente da blindagem. As bolhas podem ocorrer quando o carro é submetido a intenso e constante calor como, por exemplo, quando permanece diariamente em ambiente externo em localidades de incidência solar muito forte. Por isso, é essencial que o proprietário de um blindado tenha muita atenção na hora de escolher onde estacionar seu veículo. Independentemente das situações expostas, os melhores e mais credenciados fabricantes de vidros oferecem uma garantia mínima de três anos contra o processo.
Outras medidas preventivas devem ser tomadas para que o carro blindado tenha a sua proteção máxima garantida:
– Ao fechar as portas do carro, evite deixar o vidro aberto. A batida das portas pode afetar os componentes da blindagem.
– Não use qualquer produto químico ou abrasivo para a limpeza interna dos vidros. Use pano macio umedecido com água.
– Não conecte nenhuma ventosa no vidro. As utilizadas para fixar o aparelho GPS, por exemplo, danificam a parte interna do vidro, o polibicarbonato considerado o material mais nobre da área transparente.
– Pode ser óbvio, mas muitos usuários esquecem que estão em um carro blindado e circulam com os vidros abertos. É evidente que, com tal procedimento, o veículo deixa de oferecer segurança. As blindadoras costumam restringir a possibilidade de abertura parcial dos vidros traseiros, mas liberam o manuseio dos dianteiros em situações como pedágios ou cancelas de shoppings, por exemplo. Excluídas essas exceções, é fundamental que o vidro permaneça sempre fechado.
– Justamente para evitar a abertura do vidro e preservar todo o sistema, realize as revisões periódicas do ar condicionado de acordo com o manual do proprietário ou, em outra hipótese, procure uma oficina capacitada para executar a manutenção desse importante item de conforto.
– Faça revisões periódicas e detalhadas do blindado. Para tal serviço, procure a empresa responsável pela blindagem ou alguma oficina especializada, devidamente registrada no Exército. É aconselhável conjugar as revisões de blindagem com a indicada pela montadora, pois, mesmo por conta do peso acrescido com a proteção, peças como amortecedores, freios e suspensão sofrem maior desgaste em decorrência das condições do piso e da maneira de condução do que propriamente pela carga extra da blindagem propriamente dita.
– Como em qualquer veículo, não deixe de calibrar os pneus com freqüência, seguindo as medidas recomendadas pela blindadora. Esse cuidado evita que o veículo sofra redução de seu desempenho, mesmo com o peso da proteção acrescido.
– Tenha sempre em mente os conceitos básicos de segurança. Dirija com segurança e extrema atenção, obedecendo a um espaço mínimo entre o seu carro e o veículo da frente. Em caso de uma abordagem, esse espaço auxiliará na fuga da zona de perigo.
Mitos e Verdades da blindagem
• Verdade: o peso da blindagem pode prejudicar o desempenho do motor. Por isso, muitas blindadoras, buscam a redução do peso dos materiais utilizados. Na hora de concretizar o negócio, algumas alardeiam que a cabine de um sedan fica protegida contra disparos de pistolas 9mm ou de revólveres Magnum 44, com acréscimo de apenas 100Kg. Para se ter uma idéia, só os vidros blindados de um Omega, por exemplo, pesam em média 160Kg (nível III-A – 21mm).
• Mito: quanto mais espesso os materiais (vidro, aço, manta etc.), maior a proteção. Na verdade, as normas técnicas especificam contra quais projéteis um determinado nível de blindagem deve resistir e não a espessura dos materiais. Caso contrário, não haveria progresso tecnológico.
• Verdade: o uso de mantas de aramida no lugar do aço reduz o peso da blindagem. É verdade, mas o aço não pode ser dispensado porque as mantas não têm resistência mecânica nas bordas. Por isso, é necessária a utilização do aço em diferentes partes do veículo, como nas portas, colunas, nas bordas das mantas e dos vidros. Só assim a cabine estará protegida.
• Mito: coletes blindados são invulneráveis. É bom deixar claro que alguns ‘coletes’ a prova de balas, independentemente da resistência balística, são vulneráveis a facas e outras armas brancas. A área de impacto de um projétil é diferente da de um objeto pontiagudo. Mas hoje já existem coletes também à prova de facas e de outras armas brancas. É preciso que o consumidor fique atento.
Fonte: ABLA