Aluguel de limusine pode custar até R$ 10 mil; transformação chega a R$ 300 mil
Valquíria e Henrique, que querem contratar uma limusine para o dia do casamento
Henrique Cursino Vieira, 27 anos, e Valquíria Resende, 23 anos, ambos analistas de sistemas, querem casar em grande estilo. Os preparativos para a cerimônia incluem o aluguel de uma limusine.
“Vai dar um impacto ao evento. Vou me casar no interior de Minas Gerais, será um acontecimento na cidade chegar nesse carro”, diz a noiva.
O casal faz parte de um grupo de clientes que garante destaque ao mercado de limusines no Brasil. Os carros compridos e glamourosos, presença certa nos grandes eventos de Hollywood, são cada vez mais vistos no país, e em diferentes formatos.
Há desde modelos importados com cerca de seis metros de comprimento até utilitários e ônibus adaptados que comportam uma festa.
Thiago Gomes Shinzato, 33 anos, fundou a locadora Paris Vegas há dois anos. A empresa tem 13 carros especiais e, segundo o proprietário, mantém o movimento mesmo com as dificuldades econômicas que o país enfrenta.
“Trabalhamos com sonhos, casamentos, despedidas de solteiros, festas infantis. Nosso produto mexe com o lúdico”, explica o empresário, que aguarda a chegada de dois novos carros. Somente a adaptação pode custar R$ 300 mil, sem considerar o preço de compra do veículo.
O investimento é alto, assim como o preço do serviço. Duas horas de passeio em uma das limusines da locadora Paris Vegas custa a partir de R$ 1.500, mas a diária pode chegar a R$ 10 mil, de acordo com a duração e o desejo do cliente.
MERCADO NOVO
Por ser um mercado relativamente novo no Brasil, não há uma associação que congregue fabricantes e empresas que alugam limusines.
Segundo empresários do ramo, há cerca de 200 veículos e 25 locadoras formalizadas no país -a maioria está em São Paulo.
O empresário José Rafael Fernandes Lins decidiu aproveitar a escassez desse tipo de serviço em Campo Grande (MS). Há um ano, ele encomendou a construção de uma “limo” a partir de um Chrysler 300C e abriu a First Class.
“Antes de procurar clientes, usei o carro para passear com a família e realizar meu sonho de infância. Agora o negócio está funcionando para valer”, diz o empresário.
Associadas ao mundo do cinema -são parte fundamental da cerimônia de entrega do Oscar- e também aos chefes de estado, as limusines têm características próprias que vão além do tamanho.
O motorista não deve ter contato com os passageiros, a menos que eles queiram. Há um vidro que divide a cabine.
No início do século 20, essa barreira era mais radical: o assento do condutor ficava muitas vezes exposto à chuva. Era uma herança das carruagens usadas por nobres e membros da alta sociedade.
É essa origem aristocrática que garante a fama desse tipo de automóvel, que hoje parece bem mais acessível com o crescimento da oferta. A expansão exige mão de obra adequada, pois guiar uma limusine não é uma operação simples.
Gabriel Zecchin, 28 anos, dirige “limos” de grande porte há dez anos. Antes de começar na Paris Vegas, teve treinamento que incluiu aulas de condução e de atendimento aos clientes, além de orientações sobre o que vestir em cada tipo de evento.
O motorista uniformizado faz parte do glamour, mas o surgimento de uma limusine não tem nada de chique. O trabalho é feito por poucas empresas, que literalmente serram os carros ao meio.
PRODUÇÃO DE LIMUSINE
O processo de produção de limusines é bastante artesanal. O trabalho envolve serrar o carro ao meio, alongar o chassi, fazer reforços estruturais e remontar tudo com chapas de aço e fibra.
“Trabalhamos em uma pequena oficina que em nada lembra uma fabricante de automóveis, fazemos tudo manualmente”, afirma William Magno, proprietário da LimoVegas, que fica em Mairiporã (Grande São Paulo).
A maior do setor no país é a Procopio Special Vehicles, que fica em Cianorte (PR). A empresa emprega 46 funcionários e já construiu cerca de 40 limusines desde 2005.
“Você pode colocar o que quiser dentro do carro. O que limita isso é o quanto se quer gastar”, afirma o diretor comercial da Procopio, Kennedy Bacarin da Silva.
De acordo com o executivo, os modelos mais adaptados atualmente são a picape RAM 2500, o utilitário Hummer e o sedã Chrysler 300C. Por serem intervenções severas, a produção artesanal de limusines não é bem vista pelas montadoras.
Segundo a Chrysler, os modelos transformados perdem toda a garantia da empresa quando passam por esse tipo de adaptação. Além disso, a fabricante americana lembra que haverá problemas de desempenho, uma vez que o motor continua o mesmo e o peso do carro aumenta.
Algumas montadoras fazem seus próprios carros alongados, como a Mercedes e a General Motors (por meio da marca Cadillac). São veículos voltados ao atendimento de políticos, chefes de estado e celebridades em países da Europa e Estados Unidos.
A Cadillac lançou sua primeira limusine em 1909. O modelo mais famoso do mundo atualmente traz seu logotipo: é o carro oficial do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A mais recente “limo” Mercedes é a S600 Pullman, que foi apresentada na Europa em março. Com 6,5 m de comprimento, custa 1 milhão de euros (R$ 4,3 milhões) na versão blindada.
Fonte: Jornal do Oeste