Avis volta a acelerar
A data 12 de agosto é especial para a subsidiária brasileira da locadora de veículos Avis. Foi nesse dia, em 2013, que o presidente Afonso Celso de Barros reuniu a família e os amigos mais próximos no restaurante paulistano A Figueira Rubaiyat para celebrar uma espécie de renascimento de sua empresa, o Grupo Dallas, que opera a marca Avis sob licença da matriz americana. Naquela data, Barros recebeu US$ 50 milhões da gigante Avis Budget, em troca de uma fatia de 50% de sua companhia. “Sempre acreditei que, no fim, tudo daria certo”, afirma à DINHEIRO o executivo, dez meses depois.
“Não investiram por caridade, mas por enxergarem o potencial que o País tem”, diz. O aporte veio no momento certo. Com pendências financeiras que chegaram próximas a R$ 400 milhões e o processo de recuperação judicial em andamento desde 2011, a injeção de dinheiro foi fundamental para a retomada da companhia. A Avis espera ter um break even (ponto de equilíbrio entre despesas e receitas) neste ano, o primeiro desde o agravamento da crise mundial, em 2008.
A Avis Budget, dona de um faturamento de US$ 7,9 bilhões e vice-líder no segmento rent a car, atrás apenas da também americana Hertz, enxerga que os R$ 6,5 bilhões movimentados pelo setor de locação de carros no País está longe de uma estagnação, segundo Barros. Principalmente porque sua posição no mercado brasileiro – é a quinta colocada em um ranking liderado pela mineira Localiza – é considerada modesta pela matriz, diante do porte global da companhia. “Mas esta é a quinta vez que os americanos vêm para cuidar da operação brasileira”, diz um consultor que não quis ser identificado.
“Vamos ver se eles vão finalmente entender como as coisas funcionam por aqui.” De qualquer forma, há espaço para acelerar, embora o setor não esteja ainda em velocidade de cruzeiro. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), o crescimento do segmento no Brasil vem desacelerando. Em 2013, a soma das receitas das principais empresas teve aumento de 4,7%, bem distante dos 9,9% registrados em 2012 e dos 11%, em 2011. O setor espera, ao menos, manter o desempenho do ano passado. “A Copa pode até nos trazer um prejuízo”, diz Paulo Nemer, presidente do conselho da Abla.
“Mas creio que vamos nos recuperar com as eleições.” Mesmo diante de uma conjuntura ainda instável, Barros vislumbra um horizonte promissor. “Há espaço para todos os concorrentes crescerem, principalmente a Avis”, diz o executivo. Ele manteve-se na presidência e com 50% do capital da Avis Budget no País. Com uma frota de sete mil veículos, a empresa espera igualar, até o final do ano, a marca de 11 mil que detinha em 2007. Além disso, planeja abrir mais 20 lojas em 2014, todas em cidades do interior no Sudeste, além de reformular as outras 50, que também contarão com a bandeira Budget.
Nesta reestruturação, irá investir cerca de R$ 250 milhões. Com faturamento estimado pelo mercado em R$ 200 milhões, a Avis Brasil pretende dobrar de tamanho nos próximos três anos. A estratégia é ajudar a popularizar o hábito de alugar veículos. “O brasileiro ainda prefere comprar do que alugar”, afirma o executivo. “Mas se ele colocar os gastos na ponta do lápis verá que a compra sem sempre vale a pena.” A terceirização de carros para empresas será o ponto de largada para a conquista de novos consumidores. O mercado corporativo é responsável por metade do faturamento do setor de locação e da própria Avis.
A combinação entre redução de custos com frota e a garantia da procedência e qualidade dos veículos fará com que funcionários adotem a mesma prática de suas empresas, aposta Barros. “Os funcionários sabem que dificilmente uma empresa bem administrada joga dinheiro fora”, diz ele. Com muita austeridade e disciplina, o empresário cortou gastos até dentro de casa para superar as turbulências financeiras. Hoje, avalia que retomou a trajetória de crescimento de uma empresa que já empregou mais de 600 pessoas, o dobro do quadro atual. “Ninguém acreditava em nossa recuperação, só que voltamos mais fortes”, diz ele. “Hoje enxergamos que a crise foi um mal necessário para nosso crescimento.”
Fonte: Isto é Dinheiro