Chegada da Amazon ao mercado de carros por assinatura fortalece tendência
Há um bom tempo o Novo Varejo tem trazido discussões sobre a grande disrupção que se aproxima do mercado mundial de automóveis e mobilidade em geral. Nesse cenário de mudanças – que inclui as profundas evoluções tecnológicas nos veículos – talvez a questão com maior potencial de impacto culturais provenientes desse ambiente.
O consumidor agora dita as normas e é o centro das atenções.
O filósofo e teórico da comunicação canadense Marshall McLuhan, nascido na remota década de 1910, já dizia que o meio em que nossa sociedade convive é responsável por moldar nossos costumes.
Se traduzirmos essa teoria batizada pelo pensador de ‘o meio é a mensagem’ para os dias atuais, é fácil projetarmos os efeitos de vivermos em uma sociedade digital, cuja cultura do compartilhamento (vide redes sociais) é elemento central: tenderemos também nós, enquanto indivíduos, a reproduzir o mesmo comportamento em nossas atividades cotidianas. Em resumo, esse convívio diário em um mundo que valoriza a propriedade compartilhada das coisas nos impulsionaria a, em tese, valorizarmos mais o uso de determinados bens do que necessariamente sua propriedade.
E isso já está acontecendo. Um cenário de predisposição dos consumidores a esse modelo foi apurado pelo capítulo brasileiro da pesquisa Global Automotive Executive Survey 2019, comandado pela empresa de consultoria de negócios KPMG, cuja capilaridade passa dos 150 países. Segundo o estudo, 87,04% dos brasileiros têm interesse nos veículos por assinatura, em que se paga um valor mensal para a locadora em troca do direito de usar o carro por prazo determinado. A aceitação é ainda maior quando a pesquisa seleciona um público jovem, entre 18 a 24 anos. Nesse universo, o percentual chega a 91,80%.
Atualmente, no Brasil, o programa Carro Fácil da Porto Seguro é uma espécie de representante solitário dessa modalidade.
Com preço mínimo de R$ 999,99 mensais, o programa oferece o aluguel de veículos 0 km pelo período de um ano. Além do veículo, o cliente conta com benefícios como isenção total nos impostos, na documentação, manutenção preventiva e inclusão automática de seguros com assistência 24 horas.
Amazon – Carros por assinatura
Em breve, porém, a seguradora pode ganhar a companhia de concorrentes importantes. Gigantes globais gigantes começam a mostrar interesse nesse nicho. Na metade deste ano, a Amazon – conhecida “predadora” do mercado de vendas online ao redor do mundo – lançou na Espanha o ‘Amazon Motors’, braço criado com o objetivo de testar as águas do mercado de veículos por assinatura pela primeira vez.
Como em todas as áreas em que ingressa, a empresa chegou à locação de veículos espanhola com um objetivo muito claro: desbancar seus concorrentes a partir de condições ultracompetitivas. Seus preços iniciais são 30% menores na comparação com os mesmos modelos oferecidos pelos principais concorrentes do país, LeasePlan e Alphabet. Na opção mais barata, a Amazon cobra 212 euros mensais (algo em torno de R$ 965,00) pela locação de um Fiat 500 pelo prazo mínimo de 36 meses em um pacote padrão que inclui serviço e manutenção, seguro contra terceiros, substituição de pneus, assistência de guincho 24 horas, impostos e documentação. Além da Fiat, estão disponíveis modelos de outras nove marcas: Alfa Romeo; BMW; Ford; Tesla; Jeep; Mitsubishi Motors; Nissan; Seat; e Subaru.
Locação online
Todo o processo de locação pode ser realizado online, da requisição inicial aos trâmites do contrato, finalizando com a entrega gratuita do automóvel na residência do cliente. “Estamos focados em oferecer o preço baixo e a conveniência que os clientes já esperam da Amazon, fazendo com que o processo de locação seja o mais fácil possível. Nossos clientes só têm que se preocupar em colocar combustível”, diz o diretor do setor automotivo da Amazon na Europa, Raoul Heinze.
Para desbravar esse mercado, a Amazon firmou parceria com a locadora espanhola ALD Automotive. O sucesso do empreendimento certamente o multiplicará mundo afora. As frotas ganharão espaço nas ruas. Para a reposição, isso muda tudo.
Fonte: Novo Varejo
Por Lucas Torres