Fluxo de passageiros de ônibus deve subir de 20% a 30% durante o Mundial

rodoviaria
O fluxo de passageiros de ônibus deve registrar um aumento de 20% a 30% durante a Copa do Mundo no Brasil. No país, pelo menos 1,1 milhão de pessoas devem optar pelas linhas interestaduais e intermunicipais para se deslocar entre as cidades-sede do Mundial, de acordo com cálculos da Associação Brasileira de Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati). Em Belo Horizonte, somente com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo sairão 65 ônibus extras da rodoviária nos dias de jogos no Mineirão. Os veículos levarão de volta torcedores que vieram ao estádio para assistir Colômbia e Grécia, Bélgica e Itália, Argentina e Irã, Costa Rica e Inglaterra, além das oitavas de final e das semifinais, num total de seis disputas.
Assim como ocorreu com o transporte aéreo, a demanda pelo deslocamento rodoviário com vistas ao Mundial de Futebol ficou aquém do esperado, segundo profissionais do setor. Na Localiza Aluguel de Carros, por exemplo, o aumento da procura de pessoas físicas para a locação de veículos foi contrabalançado pelas perdas apuradas com a queda na demanda corporativa. “Nem de longe chegaremos próximo ao esperado”, sustenta o diretor de marketing da empresa, Herbert Viana Andrade. De acordo com ele, num balanço entre o aumento da demanda pela locação de veículos por pessoas físicas e as perdas decorrentes dos clientes corporativos – já que muitas as empresas vão reduzir as ativididades nos dias de jogos –, a demanda no período da Copa poderá crescer entre entre 5% e 10%. Na Associação Brasileira de Locação de Automóveis (Abla), a expectativa é de uma elevação de 15% nas atividades de locação de veículos, principalmente nas cidades onde ocorrerão jogos.
“Temos percebido no último mês um incremento na solicitação de reservas para o período do mundial, mas, por outro lado, em decorrência dos feriados que serão decretados e dos altos custos das viagens, as empresas reduziram seus pedidos”, observa o diretor da Localiza. Segundo Herbert Andrade, porém, há muitos clientes pessoas físicas que chegam tanto do mercado interno quanto de dentro do Brasil durante a Copa. Nos cálculos a Localiza, a demanda de estrangeiros responde por entre 35% e 45% das reservas, enquanto os brasileiros respondem por algo entre 60% e 65%.
Para Antônio da Matta, diretor regional da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav-MG), houve uma expectativa muito grande quanto ao fluxo de turismo durante a Copa, mas ela foi frustrada por causa dos altíssimos preços anunciados tanto pelas empresas aéreas quanto pelos hotéis das cidades-sede do campeonato. “Isso prejudicou a todos porque afugentou os passageiros do transporte aéreo e os do transporte terrestre”, disse.
Altos e baixos
No caso de fretamentos de ônibus e vans, a demanda oscilou. Na São José Viagens, o gerente de Logística, Alexandre Castrano, diz que em janeiro deste ano recebeu um pedido de reserva de de 20 ônibus. Conseguiu arrumar 16, mas o cliente desapareceu. O mesmo ocorreu com outra solicitação, para o fretamento de cinco veículos. “No primeiro caso, a gente conseguiu reservar 16 ônibus, mas tentei entrar em contato com os clientes e nada. Cobramos R$ 30 mil por ônibus porque o percurso começava em Belo Horizonte, seguia para São Paulo e depois descia para Porto Alegre e Curitiba, para então voltar à capital paulista. Eram mais ou menos 5 mil quilômetros”. “Os outros clientes também sumiram”, lamenta.
Por outro lado, Peter Mangabeiras, diretor da Pampulha Turismo, afirma que a procura pelos serviços da empresa cresceu 40% na comparação com o registrado na Copa das Confederações. “Durante os jogos, há dias em que temos 30 vans e 15 ônibus trabalhando, sem contar carros de passeio e microônibus”, explica. Por causa desse movimento, a operadora de turismo receptivo já contratou 15 profissionais desde janeiro, além de 40 freelancers que são fluentes em espanhol.
De portas abertas para os turistas
Donos de hostels, também conhecidos como albergues, estão comemorando a chegada dos turistas que vão assistir a jogos da Copa em Belo Horizonte – não se importando se vão chegar à cidade de ônibus ou de avião. Com diárias que variam de R$ 90 a R$ 150, em quartos compartilhados ou não, a ocupação média é de 85% nos dias de jogos, com poucas vagas em aberto. Assim como nos hotéis convencionias, o principal problema é a ociosidade nas datas entre os jogos. Segundo o diretor de integração do Hi Hostel Brasil, representante brasileiro da Hosteling Internacional, Luiz Geraldo Carolino Santos, nas demais cidades-sede, fora o Rio de Janeiro – onde a ocupação para os 40 dias de evento é de 85% –, há chances de o hóspede ainda conseguir descontos nas diárias para a Copa.
Em Minas, parte dos estabelecimentos aumentaram os investimentos para atender a demanda, que parte de vários lugares do Brasil e do mundo, e aumentam seus esforços para comercializar o que resta a uma semana do Mundial. Os proprietários do Minas Hostel, no Floresta, que recebem reservas para a Copa há quatro meses, inauguraram nova unidade no Bairro Luxemburgo, a Pousada 45, com capacidade para atender 130 pessoas e que ainda tem 30% de disponibilidade. “Nada foi adaptado nessa nova casa. Temos uma boa estrutura elétrica, piscina e outros atrativos para o turista”, diz o gerente, Roni Alves, que espera ocupar todos os apartamentos das duas unidades até a próxima semana.
Com opções de quartos coletivos ou individuais, com preços que variam de R$ 100 a R$ 130 por pessoa, as unidades do Hostel BH, no Carlos Prates e no Caiçara, têm vagas para quem escolher uma hospedagem mais barata. “São 78 vagas no Carlos Prates e 88 vagas no Caiçara”, conta o coordenador das reservas da Copa, Marco Antônio Melendez. Ainda de acordo com ele, os preços não sofreram alterações. No hostel O Sorriso do Lagarto, a situação é diferente do resto da rede em BH. A proprietária Tatiana Oliveira conta que tem ocupação máxima para os dias de jogos da primeira fase e, por não haver definição dos times que jogam aqui nas oitavas e semifinal, ainda há vagas para esses dias. Com 90% das reservas feitas para estrangeiros que querem assistir aos jogos em Belo Horizonte, o hostel Ginga, na Serra, por exemplo, ainda tem três vagas para o jogo da semifinal. (CM)
Por Carolina Mansur e Zulmira Furbino, do Jornal Estado de Minas.

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