Movida, Localiza e Unidas se valorizam com crise na fabricação de veículos
São companhias que se beneficiam da escassez de carros zero no mercado, o que valoriza os seminovos, e também de um processo gradual, mas persistente de mudança de anseios e necessidades da sociedade. Novos tempos em que ter um carro se tornou menos importante e, pelos custos que exige, as pessoas até questionam sobre a necessidade de ter um, de acordo com a equipe de Análises da Genial Investimentos.
Mudanças de hábito e de costumes que se acentuaram também com pandemia do coronavírus e favorecem a demanda por serviços e negócios no setor. “Entre as novas opções de mobilidade, o setor de locação de veículos vem apresentando crescimento ao longo dos anos e é um setor com grande potencial pela frente”, avaliam analistas da Genial.
As maiores em locação de veículos
A equipe de análise da Genial carimba recomendação de compra para as três principais empresas do segmento na B3. Com preço alvo de R$ 23,30, a Movida é considerada a empresa mais barata do setor de locação e com maior potencial de crescimento no longo prazo. Terceira maior empresa do setor, com frota de mais de 122 mil veículos, a empresa tem foco no aluguel de veículos para pessoas físicas. A ação da Movida acumula valorização de 6,60% em junho, até segunda-feira, 21.
A ação da Localiza, com preço-alvo de R$ 76,00, tem recomendação de compra, pela análise da Genial, por ser a maior do segmento e ter o menor custo de capital dentre as três do setor. Locadora com quase 275 mil carros, a empresa tem a maior rede de seminovos, uma vantagem no giro rápido de seus ativos, importante para o setor de locação de veículos. A ação da Localiza acumula valorização de 1,60% no mês, até agora.
A terceira ação da lista de recomendações da Genial para a compra é a Unidas, com preço-alvo de R$ 32,00.
A empresa, a segunda maior do setor, tende a beneficiar-se, segundo analistas, da dinâmica do setor de locação de carros. A Unidas acumula valorização de 1,45% no mês.
O analista de Transportes e Bens de Capital da XP, Pedro Bruno, diz que os papeis das três empresas têm recomendação de compra da equipe da corretora, mas que o cenário é de indefinição por causa de incertezas com a pandemia. De todo modo, para ele, a restrição à produção de carros pela falta de insumos favorece a valorização do seminovo, “um impacto positivo que se observa no momento, porque os ativos das empresas são os veículos seminovos que acrescentam mais receita ao balanço”.
As empresas que atuam nesse setor, comenta Bruno, operam com dois segmentos de locação, o de aluguel de varejo, para pessoas físicas, e o de frota, para empresas. E com uma divisão anexa para revenda própria de seminovos, fonte de parte das receitas dessas empresas, no momento.
A questão é que o efeito positivo dessa revenda é momentâneo, com data para acabar, porque está limitado ao estoque de seminovos existente, observa.
Um risco adicional, para ele, é que, dependendo de duração da crise de produção no setor automobilístico, a falta de carro novo no mercado passe a limitar também o crescimento dessas empresas.
Uma restrição que já estaria afetando os negócios no setor. “A quantidade de carros seminovos que está sendo vendida já está menor, porque as empresas não estão conseguindo comprar os novos.” Ainda assim, a perspectiva de curto prazo é de resultado positivo para as locadoras, acredita Bruno.
As ações das três empresas têm recomendação de compra da equipe de analistas da XP. A Movida tem preço-alvo de R$ 23,00; a Localiza, R$ 76,00, e a Unidas, R$ 34,00.
Perspectiva de estabilização nas locadoras
O analista de Transportes da XP acredita em uma estabilização do mercado de locação quando um aumento da oferta de carros novos normalizar os preços dos seminovos e o aluguel voltar a fazer parte do volume de receitas, com redução até das tarifas, que subiram.
As tarifas ficaram mais caras porque a crise na produção de veículos novos reduziu a oferta de carros para locação, com os preços do seminovos subindo acima da tabela Fipe, comenta Fabio Acorci, diretor corporate da Ituran Brasil, uma empresa de tecnologia.
De acordo com os especialistas, as empresas do setor acenam com perspectiva promissora, mas buscam caminhos para atravessar esse período de crise. Já passaram por dificuldades maiores, como no segundo trimestre de 2020, quando a restrição à circulação de pessoas derrubou a demanda pela locação, lembram. Foi quando surgiu como opção a venda de carros como fonte de receita, que persistiu com redução gradual de ritmo até que, com os sinais de volta da demanda, as locadoras retomaram a compra, que agora não encontra oferta de novos.