Transformação digital é um fator de impacto na performance das empresas
A transformação digital está para a sociedade contemporânea assim como a revolução industrial esteve para os séculos XVIII e XIX. Ou seja, muito além de mudanças de formato produtivo, operacional ou tecnológico, estamos falando de um conjunto de alterações que configuram um novo modo de pensar, agir, existir e relacionar-se com o mundo, pessoas, coisas, sentimentos, atitudes, comportamentos.
Para empresas e empresários que ainda enxergam o fenômeno com ressalvas, a pesquisa Business Impact Insights realizada pela CI&T com executivos de grandes empresas apontou que 8 em cada 10 não só reconhecem a relevância da transformação digital, como a consideram um fator de impacto em seus mercados. “Como especialistas sabemos que estratégias e projetos de transformação digital bem executados estão intimamente ligados com o faturamento e performance das empresas mais competitivas dos principais segmentos produtivos”, confirma Adilson Batista, fundador e diretor de estratégia da Today.
“Não se trata de digitalizar o que existe, mas de pensar o presente e o futuro com uma mentalidade completamente diferente da analógica”, complementa Batista adentrando em uma outra área abordada pela pesquisa; a capacidade de criar e implementar soluções digitais em empresas estruturadas em outra realidade. Para 76% dos entrevistados o principal meio de realizar essa transformação é através de uma mudança de mindset das pessoas, líderes e equipes envolvidas, seguido de 67% que acreditam ser por meio da tecnologia e 38% que apostam nos negócios.
“A maior parte dos executivos já tem consciência da relevância que a transformação digital tem para o seu negócio, porém, isso não significa que suas companhias, como um todo, já estejam preparadas para essa mudança”, afirma o fundador e CEO da CI&T, Cesar Gon. Considerando essa parcela seleta de executivos de grandes empresas, somente 71% afirmaram que a companhia para a qual trabalham está preparada como um todo para a transformação digital. Este índice tende a ser bem menor de acordo com o perfil de entrevistados e empresas.
De acordo com a pesquisa, as três principais motivações positivas para uma empresa iniciar um projeto de transformação digital são: melhorar serviços e produtos (24%), permanecer na liderança (23%) e preparação para competir com nativos digitais (16%). Em relação às motivações negativas, os executivos elegeram, perda da competitividade (20%), surgimento de novos entrantes (16%) e destaque da concorrência (15%) como principais fatores.
Em relação às tecnologias apontadas como mais promissoras para acelerar processos e alavancar resultados figuram no top 3, Inteligência Artificial (61%), Advanced Analytics/ Big Data (46%) e Internet of Things (42%).
E quais seriam os indicadores que estes executivos e empresas utilizam para medir os impactos de negócio dos projetos de transformação digital? 74% apostam na eficiência operacional; 56% crescimento da receita; 28% time to cash e 28% time to market.
Tendências
A seguir Adilson Batista delineia algumas tendências da transformação digital que causarão bastante impacto nas empresas e sociedade muito em breve.
1. Chatbots vão ganhar alma com integração das plataformas de inteligência artificial. Esses programas tentam simular um ser humano durante uma conversa, o “ganhar alma” é aproximá-lo cada vez mais da maneira que um ser humano fala, para que seja menos perceptível que se está conversando com um programa de computador;
2. Devemos ver as fintechs (bancos digitais e seguradoras digitais) ganharem volumes expressivos de clientes/contas. Segundo pesquisa do Google, divulgada no final de 2018, os clientes de fintechs estão mais satisfeitos com esse serviço do que com o oferecido pelos bancos tradicionais. Entre os principais nomes que podem ser lembrados no Brasil estão o cartão de crédito Nubank, o Banco Inter e a conta Next;
3. O varejo vai entrar de cabeça em meios de pagamentos cashless – um passo para a criação de digital wallets. Este vai ser o modo de sobrevivência do comércio e vários lugares já aceitam Apple Pay, Samsung Pay, Google Pay e, durante o último verão, os frequentadores de Fernando de Noronha podem usar uma pulseira recarregável, lançada em dezembro, e que os deixaram livres de carregar qualquer coisa para um mergulho no mar. Virou febre na ilha pernambucana;
4. A concorrência no mercado de bikes e patinetes deve acelerar muito. Mobilidade urbana é um dos assuntos mais discutidos nas cidades e, em grandes centros como São Paulo, bikes e patinetes compartilhados já fazem parte da realidade e outras empresas devem investir neste mercado durante o ano, como a Uber;
5. O mercado de cloud computing deve bater recordes de empresas adotando essa solução como premissa para realizar as suas transformações digitais. Especialistas em TI realizam estudos e começam a usar a nuvem como uma forma eficiente para criar novos produtos e serviços revolucionários para todos os tipos de negócios;
6. Empresas devem adotar em escala maior a técnica de programação de aplicativos conhecida como PWA Progressive Web Apps como forma de acelerar os projetos digitais. Os PWAs melhoram muito a experiência do usuário em seu navegador ou aplicativo. O Google traz uma nova lista de recursos com essa técnica na última atualização para Windows, o Chrome 70. Mac e Linux devem receber essa atualização no Chrome 72;
7. Se a economia ajudar, deveremos ter a maior Black Friday digital da história do Brasil. O portal e-Commerce Brasil especializado em informações sobre comércio eletrônico, traz que o número de vendas por meios digitais no País cresceu entre 15% e 24% e isso deve ajudar em um crescimento ainda mais consistente;
8. Whatsapp deve acelerar a liberação de APIs (Interface de Programação de Aplicativos) para empresas desenvolverem aplicações para a plataforma, mudando o raciocínio de desenvolvimento de novos serviços (menos apps e mais coisas feitas para o whatsapp) – chamo isso de whatsappização dos negócios.