Compra em grupo ou aluguel são novos modos de usar o carro no cotidiano

A queda no gasto com viagens em geral e o aumento nos preços dos automóveis, na pandemia, resultaram em novos modos de usar o carro e no aumento de vendas de cotas de automóveis.

 

Ter um carro na garagem gastando um terço do preço e sem dor de cabeça com a burocracia da documentação é o que motiva motoristas a adquirir cotas de veículos esportivos ou assinar mensalmente automóveis do dia a dia.

Modalidade comum nos Estados Unidos, a aquisição por cota de automóveis como Porsche, Audi e Mustang é gerenciada por empresas que fazem a divisão dos bens de luxo entre proprietários — que muitas vezes nem se conhecem. Na Auto Fraction, lançada em 2019, com unidades em São Paulo, Campinas e São José dos Campos, a queda no gasto com viagens em geral e o aumento nos preços dos automóveis fizeram com que as vendas de cotas crescessem na pandemia.

“São pessoas que querem conquistar esse sonho antes de morrer, mas ainda têm gastos com a casa e a faculdade dos filhos”, explica o proprietário Rafael Moscardi.

“É uma forma de ter o patrimônio de modo financeiramente mais inteligente.” O cliente acessa o site da loja, escolhe o carro, define quantas cotas quer comprar, preenche o formulário e aguarda o contato da equipe. Se necessário, a própria empresa fica responsável pela busca de outros compradores. O veículo fica no nome de até três cotistas por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE).

A empresa faz a administração da compra, manutenção (cobrada proporcionalmente de cada dono, de acordo com a quilometragem rodada), higienização e agendamento entre os proprietários, que revezam o carro a cada semana. Gastos extras, como IPVA, são divididos entre os clientes. Além da CNH válida, é necessário experiência de três anos na direção. “Em Las Vegas, dirigi um Lamborghini Aventador. Não pude mais viajar na pandemia e pensei em comprar um carro aqui, mas os custos são altos. Peguei a cota de um Mustang e amei a experiência. Acabei conhecendo outras pessoas com a mesma paixão”, conta o desenvolvedor de software Mikael Malanski, que também é cotista de um Porsche 718 Boxster na Auto Fraction.

O sistema é parecido com o da loja virtual Motorholics Brasil, inaugurada em janeiro deste ano.

A rotatividade do carro é combinada em pontos de troca em Alphaville, Vila Olímpia e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, ou ele é retirado em domicílio por uma plataforma de transporte a partir de 500 reais. As cotas dos veículos variam de 45 900 (preço de parte do Chevrolet Camaro SS V8) a 649 900 reais (custo de um terço do Lamborghini Huracan 2015 LP 610-4). O contrato é válido por um ano, com possibilidade de renovação. Depois disso, os cotistas têm a opção de vender suas cotas a outros compradores.

“Se um carro comprado por 200 000 reais fosse vendido por 150 000, você perderia 50 000. No sistema de cotas, essa perda seria de 16 666,66”, explica Moscardi. O uso de automóveis populares também passa por mudanças. Uma pesquisa da Turbi, locadora digital de veículos, feita com 6 000 paulistanos, revelou que 74% acreditam que o carro passou a ser um serviço, e não mais um bem. “Circulo pela cidade diariamente. Vendi meu carro e passei a alugar automóveis apenas nos horários em que preciso”, conta o corretor de imóveis José Ayres, 58.

A empresa lançará na próxima semana pacotes mensais de aluguel de automóveis a partir de 2 300 reais.

Cada quilômetro rodado custa 0,60 centavo e a gasolina não é cobrada. Os veículos são retirados e devolvidos em qualquer um dos 500 estacionamentos conveniados pela cidade. Outras opções também estão disponíveis no mercado, com contratos de assinatura de doze a 48 meses e limite de quilometragem, geralmente de 500 a 2 000 por mês, por um preço fixo, que engloba documentação, IPVA, licenciamento, seguro, revisões e a revenda.

O processo de locação pode ser feito on-line, basta comprovar renda e retirar o veículo na concessionária ou unidade credenciada mais próxima. Em São Paulo, as empresas Porto Seguro, Unidas, Localiza e Movida e as montadoras Flua! (modelos da Fiat e da Jeep), Renault (Renault on Demand) e Volkswagen (VW Sign and Drive) oferecem o serviço. Um dos modelos mais acessíveis, o Renault Kwid Zen 1.0, tem mensalidade de 1 299 reais por dezoito meses, ou 1 269 por 24 meses, ambos com limite mensal de 1 000 quilômetros.

LEGENDA: Modelo Renault Kwid: o mais barato nos planos de assinatura Divulgação/Divulgação

Fonte:  vejasp.abril.com.br

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