Bolsa de valores: vale a pena investir nas empresas de aluguel de automóveis?

Desde a chegada da pandemia no País, entre as áreas que conseguiram atravessar esse período crítico, com estabilidade e apresentar crescimento, está a de aluguel de carros.  Conheça as três grandes empresas de locação de carro e saiba em qual investir na B3

 

Mais de um ano após a pandemia chegar ao Brasil, os efeitos são dramáticos, mas, se o cenário ainda não é animador, pelo menos ele já foi mais incerto economicamente falando. Ainda em março do ano passado, a B3 foi marcada por seguidos circuit breakers, que interromperam a negociação diante do derretimento das principais ações negociadas no País.

Desde então, a bolsa brasileira vem mostrando uma recuperação lenta e demonstra boa resistência, sobretudo em setores-chave.

E, entre as áreas que conseguiram atravessar o período com estabilidade e apresentar crescimento, está a de aluguel de carros. Mesmo afetadas pela pandemia, as três maiores empresas do ramo (Localiza, Unidas e Movida) souberam se reinventar e criar oportunidades diante da covid-19.

Por essa razão, especialistas no mercado financeiro têm apontado que vale a pena investir no segmento. Mas será que essa tendência é sustentável? Em qual das três apostar? Faz sentido diversificar entre elas? E os boatos sobre fusões são verdadeiros?

Saiba tudo sobre o assunto aqui, nesta matéria. Você vai entender a dinâmica do segmento. Por que ele resistiu bem à pandemia e o que esperar de cada empresa no futuro. Vem de carona!

Como funciona o setor de aluguel de carros?

Cada vez mais, a demanda por veículos deixa de se tratar da propriedade para se relacionar a serviços. (Foto: Alexfan32/Shutterstock)

As empresas de locação de carro têm sua base em quatro serviços principais. Conheça-os a seguir.

Locação de carro

O Rent a car (RAC) é o carro-chefe das empresas do setor. Trata-se da disponibilização de veículos para pessoas físicas por períodos curtos ou em pacotes determinados de alguns meses. Isso vai desde o passeio de fim de semana a motoristas de aplicativo ou empresas que locam esporadicamente.

A Localiza domina 50% desse mercado. Unidas e Movida têm 16% e 15%, respectivamente. O restante é dividido por uma série de empresas menores que não têm capital na bolsa de valores.

Gestão de frotas

O segundo serviço oferecido pelas empresas do ramo é a gestão e terceirização de frotas (GTF). Nesse caso, as pequenas ainda dominam o mercado: 62% do serviço é oferecido por elas. Entre as maiores, a Unidas oferece 16%; a Localiza, 14%; e a Movida, por sua vez, 8%.

Esse tipo de locação foi importante para manter as atividades do segmento no início da pandemia e ajuda a explicar por que as organizações conseguiram suportar bem os primeiros meses até reestruturarem seus serviços.

Assinatura de veículos

As principais locadoras têm adaptado o serviço de gestão de frota para uso individual. Assim, pessoas físicas podem fazer uma assinatura de carro por 12, 24 ou 36 meses, por exemplo.

Na empresa líder da categoria, locar, por exemplo, um Mobi 1.0 Flex 4P com ar-condicionado por 24 meses sai por R$ 1.552 por mês. Para o usuário, o benefício desse tipo de assinatura se refere à praticidade. Por um custo fixo, têm-se à disposição um veículo zero quilômetro sem se preocupar com impostos, seguro, manutenção e diversos outros gastos.

As empresas de locação acreditam que, a longo prazo, esse seja um ótimo mercado e que a demanda atual seja apenas “a ponta do iceberg”. Grande parte da expectativa de crescimento para o próximo período está apoiada nesse serviço.

Venda de seminovos

Para que o locatário sempre tenha um carro cheirando a novo, as empresas não deixam que os automóveis rodem por mais de um ano. Após esse período, eles são vendidos nas concessionárias de veículos seminovos ligados às operadoras.

A ideia é que essa venda permita rodar a frota com rapidez. Ganha quem compra um carro rodado, mas ainda em boas condições e com um preço bastante atrativo. E ganha a empresa que volta a adquirir um veículo zero para manter a qualidade do serviço.

Conheça as três grandes empresas de locação de carro e saiba em qual investir na B3

O comportamento de mercado da Localiza, da Unidas e da Movida é rentável e sólido. Por isso, nos três casos, especialistas acreditam que vale a pena investir nas ações dessas empresas e mantê-las ao longo dos anos, uma vez que a tendência de crescimento desse mercado é grande: de 15% a 30% ao ano.

Além disso, a resiliência das três organizações diante da pandemia e a capacidade de adaptação que tiveram frente às mudanças abruptas de comportamento dos consumidores inspiram confiança.

Certo, mas em qual delas investir? De saída, saiba que, na última semana de maio deste ano, os títulos da Localiza flutuavam em torno de R$ 64, enquanto da Unidas próximo a R$ 27 e da Movida, de R$ 18.

Vamos falar um pouco sobre cada uma das corporações, mas desde já fique com o seguinte spoiler: não há consenso entre os analistas de mercado em relação a qual delas merece mais destaque. Isso porque as três têm pontos fortes a serem considerados. Vamos a eles!

Localiza

A Localiza é a maior empresa do segmento: tem um valor de mercado que se aproxima dos R$ 50 bilhões, e uma frota de quase 280 mil veículos novos. Isso é relevante porque, nesse mercado, ganha-se muito em escala — conseguem-se descontos agressivos em toda a cadeia, desde as montadoras até as seguradoras.

A empresa tem tido um crescimento expressivo do seu patrimônio, do Ebitda (lucro bruto, antes de serem descontados os juros, os impostos, a amortização e a depreciação) e do lucro líquido. Além disso, a receita cresce acima da inflação, demonstrando que se trata de um movimento orgânico. Na B3, as ações cresceram 46,5% em 2020.

Deve-se observar que a Localiza tem dívidas de R$ 10 bilhões, com um grau de alavancagem financeira de 4 vezes de seu ebitda. No entanto, os financiadores acreditam que isso não deve assustar, porque o desenvolvimento da empresa é consistente. A envergadura da companhia, somada a uma gestão eficiente, faz ela permanecer na liderança do segmento pelos próximos anos. Por isso, suas ações são consideradas premium.

Essa tendência deve se concretizar, sobretudo, caso seja deferido o pedido de fusão entre a Localiza e a Unidas, processo que segue sob análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Mas a maior parte dos especialistas acredita que o pedido deve ser aceito. O que deve ocorrer é uma adequação local a local, para que a fusão não sufoque a concorrência nem desestimule o mercado e prejudique a opção de escolha do consumidor, além de encarecê-la.

Unidas

A Unidas é responsável pelo segundo maior marketshare e vem de uma fusão em 2017 com a Locamérica. Empresa de Belo Horizonte que entrou no mercado com uma frota de apenas 16 veículos. Hoje, o valor de mercado é estimado em pouco mais de R$ 13 bilhões e uma frota com cerca de 160 mil automóveis.

Caso a fusão com a Localiza se confirme, acredita-se que a gestão da empresa se profissionalize. A história de crescimento é inspiradora, mas a corporação ainda tem um caráter familiar na tomada de decisão e isso costuma ser apontado como um problema em sua governança.

Além disso, com a aprovação da fusão, a empresa passaria a ocupar também o primeiro lugar do mercado. Por isso, as ações teriam a tendência de valorização. Mas independentemente da aprovação do Cade, o marco atual oferece um potencial animador. Ela cresceu mais de 30% em 2020 e 3.150% nos últimos cinco anos.

Por isso, a Unidas também é considerada um investimento com bom potencial. Ela tem um ativo com valor bem mais atrativo do que a Localiza, com mesmo potencial de consolidação e rentabilidade.

Movida

Com veículos elétricos e outras medidas sustentáveis, a Movida aposta na inovação para conquistar seu espaço no mercado. (Foto: Movida/reprodução)

Por último, mas não menos lucrativa, está a Movida, que ocupa o terceiro lugar em controle de mercado. E merece uma atenção especial. Com apenas quatro anos de mercado, seu valor já ultrapassa mais de R$ 5 bilhões e sua frota é de mais de 100 mil veículos. E a expansão deve continuar. Se é verdade que o bloco Localiza-Unidas tem tudo para uma atuação agressiva e promete consolidação, muitos especialistas entendem que a Movida tem a melhor avenida de crescimento.

Em primeiro lugar, isso ocorre pela própria permeabilidade do mercado. As três maiores empresas são responsáveis hoje por cerca de 40% dos aluguéis de carro no Brasil. Todo o restante é pulverizado em marcas menores e regionais e há, portanto, um enorme espaço para as grandes avançarem.

A Movida tem respondido bem aos desafios.

Desde 2017, ganhou 172% em volume financeiro (217% o valor do Ibovespa do período). Tem sabido administrar os crescimentos interno e externo. A exemplo da recente aquisição da Vox Frotas, a operação custou quase R$ 90 milhões e deve trazer R$ 50 milhões de lucro anual para a empresa.

Outro ponto a ser considerado é que, enquanto os concorrentes apostam no tamanho, a laranjinha busca inovação. Ela baseia as operações na agenda ESG, que permite à organização mensurar sua atuação em relação ao desenvolvimento sustentável e à governança. Além de ser a segunda empresa brasileira a conseguir o selo de certificação B, reconhecido mundialmente como um autenticador desses mesmos índices.

Isso passa, por exemplo, por metas na eletrificação da frota. A empresa já trabalha com veículos desse modal, que permitem abastecimento mais barato e são, portanto, mais interessantes ao usuário.

Com a ação mais barata entre as três, a Movida tem um ótimo potencial de crescimento. Mas a maior parte dos analistas concorda que se trata de investimentos para longo prazo. Algo que também vale para a Localiza e para a Unidas. São papéis que devem trazer resultados positivos daqui a quatro ou cinco anos.

Bom, então onde investir? As três opções têm tudo para trazer bons resultados. Uma boa dica pode ser diversificar entre a dupla Localiza e Unidas, que tende a se estabilizar como líderes de mercado e cujas ações devem flutuar em níveis bem valorizados a longo prazo. Além disso, comprar títulos da Movida, que promete um crescimento importante.

Fonte: einvestidor.estadao.com.br

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