Locadoras de carros avançam com mudança de hábito do brasileiro
No ano, ações das três maiores empresas do setor superaram avanço do Ibovespa
RIO — Uma mudança cultural para o compartilhamento, em vez da posse, está impulsionando as locadoras de veículos, afirmam as três maiores players do mercado nacional. Com aumento na demanda e crescimento rápido, suas ações superaram o crescimento de 11% do índice Ibovespa em 2018 e devem atrair investidores no ano que se aproxima.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, os papéis da Companhia de Locação das Américas (Locamerica) encerram o ano com alta de 85%; a Localiza Rent a Car se valorizou 31%; e a Movida Participações, 19%. Nenhum dos analistas consultados pela agência recomenda a venda de ações das três empresas, que devem se valorizar entre 5% e 22% nos próximos 12 meses.
Para o Banco BTG Pactual, por exemplo, o crescimento do setor deve persistir e ser impulsionado pela recuperação da demanda corporativa. Com o novo governo, a expectativa é de aumento da confiança do consumidor e de aceleração do crescimento econômico. E as locadoras, que dependem inteiramente do mercado doméstico, devem se beneficiar nesse cenário.
Outro fator de crescimento do setor está nos serviços de motoristas, como Uber, Easy e 99. A Nau Securities estima esses tipo de clientela responda por 20% aluguéis da Unidas — adquirida neste ano pela Locamerica — e 10%, da Localiza. Para o diretor executivo da Movida, Renato Franklin, essa mudança comportamental vai resultar em “crescimento significativo” ao longo dos próximos anos, com os consumidores deixando de comprar carros para alugar ou utilizar aplicativos de motoristas.
As três empresas responderam por 54% do faturamento do setor, segundo dados de 2017. Em dez anos, elas devem responder por cerca de 66% do mercado, segundo previsão do analista Victor Mizusaki, da Bradesco BBI. E todas disputam por mais espaço. Segundo Franklin, a Movida foca no público jovem, com aluguéis on-line, por exemplo.
O diretor executivo da Unidas, Luis Fernando Porto, vê uma competição mais racional e espera forte crescimento para 2019. Para tanto, planeja aumentar em até 15% o quadro de pessoal, hoje com 2,3 mil funcionários. Para Eugênio Mattar, cofundador e diretor executivo da Localiza, a competição está “forçando as companhias a melhorarem”:
— Se você não melhorar, alguém vai fazer isso e tomar o seu cliente.
Fonte: O Globo