Movida: Setor de locação de veículos deve ver mais fusões e aquisições
O mercado de locação de veículos no Brasil ainda tem “bastante espaço” para fusões e aquisições, disse nesta quarta-feira (21) Renato Franklin, presidente da Movida, terceira maior locadora do país.
“O mercado ainda é bastante pulverizado, tanto em rent a car [aluguel de carros no varejo] como na gestão de frotas”, disse o executivo a analistas, durante teleconferência para apresentação dos resultados do quarto trimestre.
Ano passado, a terceira e a quarta maior do setor, Locamerica e Unidas, respectivamente, anunciaram fusão das empresas, criando a vice-líder do mercado. Antes, a líder Localiza comprou a operação no Brasil da americana Hertz.
Para o presidente da Movida, a consolidação no mercado de locação de veículos do país pode ocorrer não necessariamente por aquisições, mas por meio orgânico, em que as maiores empresas tomam espaço das pequenas e médias locadoras.
Segundo dados da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), as grandes empresas Localiza, Locamerica-Unidas e Movida respondem por cerca de um terço da frota de veículos no país, que fechou 2017 com 709 mil veículos.
Hoje, antes da abertura de mercados, a Movida divulgou resultados de balanço com lucro líquido de R$ 19,9 milhões no quarto trimestre, ante ganho de R$ 1,1 milhão um ano antes. Na mesma base de comparação, a receita líquida cresceu 22,9% e atingiu R$ 586,7 milhões.
Frota
A Movida vai investir mais em renovação de frota que os aportes feitos em 2017, disse o diretor financeiro da empresa, Edmar Lopes.
“Como a frota está maior, nosso Capex [investimento] em renovação de frota este ano será maior”, disse Lopes, que não adiantou de quanto será o investimento.
Em 2017, a Movida investiu R$ 1,568 bilhão em renovação de frota. Outros R$ 507 milhões foram usados para expansão de frota. A companhia gastou ainda R$ 4 milhões em pontos de venda, R$ 11 milhões com outros investimentos, somando um Capex de R$ 2,089 bilhões em 2017, ou 20% mais que em 2016.
A Movida teve receita de R$ 1,452 bilhão com venda de carros usados, determinando assim em 2017 um investimento líquido de R$ 637 milhões, menos que os R$ 701 milhões de 2016, uma vez que a receita com venda de veículos seminovos foi menor que em 2017, ficando em R$ 1,04 bilhão.
A Movida fechou 2017 com 183 pontos de atendimento em aluguel de carros e 58 lojas de seminovos, rede estável ante 2016. A frota atingiu 75.860 carros, sendo 57.059 na operação de aluguel de carros (RAC) e 18.801 na operação de gestão e terceirização de frotas (GTF). Um ano antes, a frota era de 64.223 veículos.
Endividamento
A empresa pretende buscar ainda neste primeiro semestre operações que permitam melhorar o perfil de endividamento da companhia, disse Lopes.
“Estamos buscando alongar o vencimento de nossos compromissos. Não queremos ter nada no curto prazo”, afirmou o diretor financeiro.
A Movida encerrou 2017 com dívida total líquida de R$ 1,077 bilhão, ante R$ 917 milhões um ano antes. Desse total, R$ 824 milhões vencem em 2018, com um custo médio no quarto trimestre de 2017 da ordem de 6,5%, após Imposto de Renda.
A Movida tem em caixa R$ 784 milhões. A relação entre o endividamento e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em doze meses cedeu de 3,4 para 3,3 vezes.
No quarto trimestre de 2017, a Movida contratou uma nova Nota Promissória no valor de R$ 131 milhões, além da captação efetiva de parte dos R$ 256 milhões que já haviam sido contratados junto ao Banco do Nordeste no segundo trimestre de 2017.
“Continuamos buscando oportunidades para melhorar o perfil do nosso endividamento”, disse Lopes. Segundo ele, a meta é jogar mais compromissos para depois de 2020.
Fonte: Valor