Produção de veículos cresce 40% e setor volta a contratar
O setor automotivo brasileiro está em franca recuperação. O balanço divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostra que a produção do setor continuou em alta no mês passado, quando 266,1 mil veículos saíram das linhas de montagem, um aumento de 40,4% em relação a abril de 2017. O resultado do mês passado levou para 965,9 mil o total produzido pela indústria de veículos no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, 20,7% a mais do que o volume registrado em igual período de 2017.
Diante do melhor resultado de vendas em mais de dois anos e o segundo maior volume de exportações da história, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, fez uma avaliação positiva dos resultados da indústria automobilística em abril. Pelo crescimento de 21,3% no consumo de veículos no Brasil, para 763 mil unidades nos quatro primeiros meses do ano, o executivo avaliou que as montadoras ainda têm espaço para crescer e reduzir a ociosidade das fábricas. Segundo Megale, o aumento das vendas de caminhões, de 3,9% na passagem de março para abril, confirma a recuperação gradual, mas “progressiva”, da economia brasileira.
O presidente da Anfavea destacou que a produção de veículos no Brasil está há 18 meses em alta na comparação interanual, o que permitiu um aumento de 4,1% da mão de obra empregada pelo setor no último ano. “O emprego está crescendo a ‘conta-gotas’, mas aumenta todo mês”, assinalou o executivo. O número de trabalhadores em regimes de flexibilização de jornada de trabalho – lay-off (suspensão de contratos) ou Programa de Sustentação do Emprego (PSE) – subiu de 1.500 para 1.700 de março para abril, mas a direção da Anfavea trata a situação como um caso pontual. “Somente três empresas estão usando lay-off ou PSE”, comentou.
Vendas externas
As exportações, de 73,2 mil veículos no mês passado, representaram o melhor abril em embarques da história e, considerando todos os resultados, o segundo melhor mês da série histórica, atrás apenas de maio do ano passado (73,4 mil). Já o consumo de veículos no Brasil, que alcançou 217,3 mil unidades no mês passado, teve o melhor resultado desde dezembro de 2015 (227,8 mil). Com relação a março, as vendas subiram 4,8%, e a produção teve um pequeno recuo de 0,5%.
O presidente da Anfavea reconheceu que o setor observa com preocupação a situação da Argentina, principal destino das exportações das montadoras brasileiras. O executivo comentou que o aumento dos juros no país vizinho tem impacto no financiamento de automóveis. “Com certeza, nos preocupa. Tivemos movimento de volatilidade no câmbio, que também está afetando o Brasil. Fica mais difícil trabalhar com câmbio volátil”, afirmou Megale, acrescentando que a Argentina representa mais de 75% das exportações de veículos produzidos no Brasil.
Apesar disso, ele salientou que o mercado argentino ainda mostra um quadro positivo, com perspectiva de vendas de cerca de 1 milhão de veículos neste ano, e informou que, até o momento, nenhuma encomenda vinda do parceiro do Mercosul foi cancelada.
“É cedo para dizer se a situação argentina vai impactar de forma mais ou menos importante. O governo da Argentina está tomando medidas adequadas para impedir crescimento maior da inflação. Uma vez controlada a inflação, acreditamos que haverá relaxamento, e o mercado financeiro volta a funcionar normalmente”, assinalou Megale.
Temer atribui resultado ao “bom astral” do país
Comentando o crescimento de 40,4% na produção de veículos em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o presidente Michel Temer atribuiu o resultado ao “bom astral” dos setores empresariais no país. Temer participou nessa segunda-feira (7) da abertura da Apas Show, feira do setor de supermercados realizada na capital paulista.
Ele disse que estava satisfeito com a “animação” dos participantes do evento e que havia acabado de receber a notícia sobre os dados de produção de veículos, divulgados pela Anfavea. “Vejam que tudo isso, os dados, é fruto deste bom astral que domina esta reunião”, afirmou Temer, declarando estar “revigorado” com o desempenho da economia no Brasil. Ao se referir ao dado, o presidente se confundiu afirmando que o índice era referente ao mês de maio.
Megale cobra incentivos do governo
O presidente da Anfavea, Antônio Megale, disse nessa segunda-feira (7) que a nova política automotiva, batizada de Rota 2030, está em fase final de elaboração e defendeu os incentivos a pesquisa e desenvolvimento, que foram o principal nó nas negociações com o Ministério da Fazenda em torno do regime setorial. “Está muito no finalzinho, mas quem anuncia é o governo. Não dou mais data. Todas que eu dei, eu errei”, afirmou.
Ele observou que o presidente Michel Temer manifestou “em diversas ocasiões” que o Brasil terá uma política automotiva. Megale aproveitou para defender incentivos a pesquisa e desenvolvimento, que, segundo ele, são uma contrapartida dada para as empresas fazerem investimentos nessa área no Brasil, evitando que o país pague royalties por conta de tecnologias desenvolvidas no exterior.
Fonte: Jornal O Tempo.