Empresários esperam por aumento de preços e falta de veículos em Uberaba
Na semana passada, o presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, Luiz Carlos Moraes, publicou na edição online da entidade, uma panorâmica do atual momento por que passa o Brasil em relação ao mercado de automóveis no Brasil.
Segundo ele, o cenário atual será lembrado como a maior crise da história do setor automotivo. O presidente lembrou que a pandemia de coronavírus fechou fábricas, reduziu a zero o faturamentos das montadoras, e o pior: sem nenhuma possibilidade de cancelar as despesas das concessionárias.
O MELHOR RESULTADO
“A paralisação das fabricas de automóveis ocorreu em um momento que a indústria automobilística estava comemorando o seu melhor resultado desde 2015. Isto fez com que diminuísse bastante a quantidade de carros estocados nos pátios das montadoras e consequentemente nas vitrines das revendas”, citou João Nabor Guimarães Franco – administrador de empresas com formação em comunicação social e gerente geral do Grupo Autus, filial de Uberaba.
AUMENTO DE PREÇOS
João Nabor explicou á reportagem que a redução nas taxas de juros foi na época o que mais contribuiu para o crescimento das vendas. “Tudo corria razoavelmente bem até que surgiu esta pandemia e a indústria não teve tempo de adequar”, lembrou o gerente da Autus, revenda Chevrolet em nossa cidade. Para ele, com os estoques enxutos e o dólar em alta, foi criada uma “combinação perfeita para o aumento dos preços dos automóveis”.
UM ANO PARA ESQUECER
Ele lembra ainda que no último dia 30 de abril completou trinta dias que a maioria das fábricas estão fechadas e ainda sem data prevista para voltar a operar normalmente. “Na verdade, o consumidor vai deixar de comprar os modelos que procura e se contentar com os carros que as montadoras têm em seu estoque”. Visivelmente preocupado, ele explica que 2020 será um ano para esquecer porque vai haver uma queda profunda no desempenho do setor, “principalmente nos meses de abril, maio e junho”.
DISPARADA DO DÓLAR
Brenno Andrade, cap da Texas, revenda Ford em Uberaba, entende que a disparada do dólar na última semana, juntamente com a instabilidade política e econômica do país, também devem provocar um aumento substancial nos preços dos automóveis. Nosso entrevistado entende que o reajuste expressivo do dólar vai afetar sobremaneira nos preços dos componentes de produção, uma boa parte deles ainda importada e conclui que “o Brasil deve ter um dos maiores reajustes de preços da historia com a indexação do dólar no setor”, explicou Brenno.
A GRANDE PREOCUPAÇÃO
Ainda segundo o presidente da Texas/Ford, as montadoras devem voltar ao trabalho ainda no mês de junho, mas até lá não tem muito que se fazer, e explica: “A grande preocupação é com o capital de giro das revendas porque fica difícil pedir ajuda para as montadoras que também estão sofrendo muito com os efeitos da pandemia”. Ele explica que o setor já perdeu cerca de 80% da sua receita e que o negócio agora é proteger o caixa, postergar os gastos e redefinir prioridades.
CURVA DA RECESSÃO
Em tom de desabafo, Brenno Andrade disse que os médicos, economistas e políticos vão ter que achar uma maneira de evitar uma depressão na economia porque ela pode ocorrer sim. “Agora temos que ficar de olho também não só na curva de achatamento do coronavírus, mas também no achatamento da curva da recessão porque a economia não aguenta mais tantos dias parados”, concluiu.
PARCERIAS COM MONTADORAS
“Estamos diante de um cenário incômodo para todos. No nosso caso, estamos lutando para manter a saúde dos negócios fazendo parcerias com as nossas montadoras”, explicou Dirceu Correia, diretor do Grupo San Marco, detentor das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Chery em Uberaba. Para ele, algumas ideias têm surgido visando facilitar a vida do consumidor oferecendo condições mais acessíveis na hora da venda.
É PRECISO REPENSAR O NEGÓCIO
Dirceu Correia não nega que o atual momento seja muito difícil para todos. “Hoje temos que repensar em todas as possibilidades e se for preciso até rever o nosso lucro. As dificuldades são idênticas para quem fabrica, para quem vende e também para quem compra”, diz o entrevistado. Ele acrescenta ainda que com atendimento online, a revendas estão trabalhando mais enxutas e com mais objetividade.
IDEIAS QUE AJUDAM
“Estamos executando algumas ideias que tem nos ajudado. Por exemplo: a Jeep oferece carência de 120 dias para pagamento da primeira parcela do financiamento. Outra boa ideia veio da Fiat: os profissionais da saúde que comprarem um dos nossos modelos ganham as três primeiras revisões inteiramente grátis. Mais uma da Fiat: ela paga as cinco primeiras parcelas do financiamento”, disse Dirceu Correia. Finalizando nosso entrevistado explica que “depois da pandemia, as redes sociais devem inaugurar uma nova modalidade de negócios porque o comercio online foi muito importante nestes dias recesso forçado”.
Fonte: https://jmonline.com.br/novo/?noticias,8,SOBRE%20RODAS,195641