Dilma assina hoje ordem de serviço para início da duplicação da BR-381

Com quase seis meses de atraso, a presidente Dilma Rousseff (PT) desembarca nesta segunda-feira em Ipatinga, no Vale do Aço, para assinar a ordem de serviço que permitirá o início das obras de duplicação da BR-381. Em visita a Varginha, em agosto do ano passado, Dilma havia prometido que até fim de 2013 as máquinas já estariam na pista trabalhando, mas até agora o que se tem é só a montagem de acampamentos de operários que vão trabalhar na recuperação da via. Apesar da expectativa da população que há décadas implora pela execução da obra, a duplicação da BR, ao contrário do que havia prometido inicialmente o governo federal, não vai ser feita em todo o trecho de 305 quilômetros entre Belo Horizonte e Governador Valadares. Desse total, como mostrou o Estado de Minas em várias reportagens, 90 quilômetros continuarão em pista simples e passarão apenas por melhorias, com a construção de terceira faixa.
A longa novela envolvendo a obra viária mais reivindicada pelos mineiros nos últimos tempos entrou na fase decisiva no segundo semestre do ano passado, quando finalmente foi feita a licitação para definir as empresas que vão fazer as reformas da rodovia. Dos 11 lotes licitados, sete tiveram resultado. Para os outros quatro lotes, foi preciso repetir o processo de concorrência, porque os preços oferecidos pelas empresas vencedoras ficaram acima do que o governo havia projetado. Só na última quinta-feira, essas licitações foram encerradas. Até o começo deste ano, o governo mantinha um certo sigilo em relação à não duplicação de 90 quilômetros da rodovia. Só em março, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) detalhou, em sua página na internet, como seria o projeto e admitiu que nem todos os 305 quilômetros seriam duplicados.
De acordo com o texto no site, as melhorias e terceiras faixas (sem duplicação) serão feitas no primeiro e no segundo dos 11 lotes do trecho. No primeiro, ficarão em pista simples 60 quilômetros (entre Valadares e o acesso a Belo Oriente), e no Lote 2 (entre o acesso a Belo Oriente e a MG-320, acesso a Jaguaraçu), 30 quilômetros. A duplicação nesses lotes, explicou o Dnit, ocorrerá somente “nas extensões dentro dos municípios de Naque e Periquito, além de todas as intercessões e retornos operacionais”.
A decisão inicial de não duplicar parte da rodovia foi tomada depois de levantamentos feitos pelo Dnit em 2005. Com base nas estatísticas de tráfego e estudos topográficos, o órgão apontou que o trecho não atingiu os índices necessários para que fosse duplicado. Os números, no entanto, jogam por terra as constatações desse estudo. Segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), até outubro do ano passado 34 pessoas morreram apenas no trecho entre Valadares e Belo Oriente, e 390 ficaram feridas. Em 2012, foram 47 mortes, e em 2011, 40. A equipe de reportagem do Estado de Minas fez o percurso entre Valadares e Belo Oriente e constatou que o trecho oferece muitos riscos aos motoristas, com curvas acentuadas e acostamentos deficientes.
Recuo
Depois da repercussão negativa do fato de que o projeto não contemplaria todos os 305 quilômetros da BR, a presidente Dilma prometeu, em Governador Valadares, em fevereiro, duplicar toda a rodovia. “Meu presente aqui hoje é este: a duplicação até Valadares foi aprovada e vai acontecer”, disse. Na época, a assessoria do Planalto informou ao Estado de Minas que seria feito um aditivo ao contrato da empresa vencedora do lote em questão, no valor de R$ 50 milhões. Recentemente, o Dnit informou que está sendo elaborado um anteprojeto para licitação “que abrange duplicação de todo o trecho não contemplado na fase atual”.
Por Renato Scapolatempore, do Jornal Estado de Minas.

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