Consultoria prevê que veículos só terão vendas expressivas em 2017
De Automotive Business
Martin Bodewig, diretor da consultoria Roland Berger, tem projeções de um período difícil para a a indústria automobilística brasileira nos próximos anos, por causa do pequeno crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e também da situação econômica na Argentina, o principal parceiro comercial do País para exportações de veículos. Durante o II Workshop Os Novos Desafios da Legislação Automotiva, organizado por Automotive Business na segunda-feira, 8, em São Paulo, Bodewig projetou uma lenta recuperação para o setor, que já começa a adequar investimentos para baixo em virtude da reversão de expectativas e retração do mercado.
“Somente em 2017 voltaremos a ter vendas semelhantes aos níveis de 2012 e 2013. Este ano prevemos queda de cerca de 8% nas vendas e de 20% na produção”, afirma Bodewig. Em sua apresentação, ele expôs os caminhos a serem tomados pela cadeia produtiva. “Por causa da situação de mercado atual, as montadoras e fornecedores precisam redefinir seus modelos de negócios. Uma parte desses ajustes já foi feita como consequência da queda do volume de produção, com redução de custo de mão de obra e renegociação de contratos de compra”, afirma. “O ano que vem continuará com baixos volumes e os próximos passos até 2015 são reduzir custos em pesquisa e desenvolvimento e custos fixos na indústria”, diz o diretor da consultoria.
Até o meio de 2016, Bodewig prevê uma lenta recuperação do volume de vendas, mas com necessidade de mudanças estruturais, modificação de portfólio de produtos e realocação estratégica de recursos de pesquisa e desenvolvimento. Ele reconhece que isso será um desafio para os fornecedores, que têm já como problemas atuais com a redução de volumes ao mesmo tempo em que enfrentam alta nos custos de itens importados.
Em relação à Argentina, o consultor recorda que, depois de um enorme crescimento desde 2002, o mercado automotivo argentino deve terminar 2014 com uma retração de cerca de 30%. O desempenho positivo da Argentina nos últimos anos não se mostrou sustentável no contexto atual. “O país apresenta agora um panorama bastante incerto, com retração na economia, aumento dos impostos no varejo para os carros, disponibilidade de crédito limitada e falta de reserva de moeda estrangeira, que afeta a compra de veículos importados”, recorda o consultor.
Para os próximos anos, a Roland Berger acredita ser pouco provável que o PIB brasileiro supere avanço na casa dos 3% a 3,5%. O crescimento do Brasil nos anos recentes foi impulsionado principalmente pelos preços de produtos primários internacionais e do consumo local elevado, mas o real tende a se desvalorizar com a alta da inflação e taxas de juros elevadas.
Fonte: ABLA