“É impossível mudar a indústria tradicional, então criamos uma”, diz fundador do Uber dos ônibus
Empreendedores no Scale-up Summit 2019 discutiram os desafios de inventar novos modelos de negócio em setores dominados por grandes empresas
Eles querem transfomar mercados hoje dominados por empresas tradicionais. Querem oferecer serviços mais acessíveis e simples ao consumidor. As startups insurgentes desafiam os modelos atuais de negócio e usam velocidade, tecnologia e proximidade com o usuário para crescer e ganhar escala. É o caso da Buser, conhecida como o “Uber dos ônibus”. O aplicativo conecta pessoas que querem viajar para o mesmo destino com empresas de fretamento executivo, reduzindo o preço das passagens por até 60%.
“Nosso diferencial é oferecer passagens pela metade do preço. Isso já se vende sozinho. Se existe a possibilidade vender passagens mais baratas, então vamos brigar com o sistema”, afirma Marcelo Abritta, cofundador da Buser, durante a edição 2019 da Scale-up Summit, promovido por Endeavor, Santander e EY, em São Paulo. O painel contou com Lucas Prado, cofundador da Pier, e João Costa, cofundador da startup Kovi, que discutiram os desafios para o crescimento de novos negócios dentro de setores dominados por empresas grandes e tradicionais.
Fundada em 2018 por Adhemar Neto e João Costa, ex-funcionários da 99 Táxi, a startup brasileira Kovi possibilita o aluguel de carros para motoristas de aplicativo. O negócio já recebeu aporte US$ 10,5 milhões este ano. Os aluguéis são feitos pelo aplicativo ou site da empresa, que se propõe a reduzir a burocracia para os motoristas que querem adquirir o serviço.
O cliente paga um valor de R$ 369 reais para passar uma semana com veículo – valor que torna o aluguel de 5% a 10% mais barato que as locadoras tradicionais. “As pessoas se locomovem o tempo inteiro, por isso acreditamos que há espaço para todo mundo no setor”, afirma o cofundador da startup, João Costa.
Já a Pier, startup brasileira fundada pelos empreendedores Lucas Prado, Igor Mascarenhas e Rafael Oliveira, é uma plataforma digital de seguros para celulares iPhone e Android. Com algoritmos de análise e inteligência artificial para reduzir fraudes, a empresa surgiu com o objetivo de retomar ideia de uma seguradora comunitária e diminuir o atrito entre clientes e seguradoras tradicionais.
“Sabiámos que não seria possível criar o negócio batendo de frente com questões de regulamentação, por isso procuramos seguradoras alinhadas com o nosso objetivo”, conta Lucas Prado, cofundador da Pier. “Nossa empresa nasceu com o objetivo de criar eficiência na cadeia e oferecer um produto mais barato e eficiente.”
Criar novos mercados suprindo a deficiência nos serviços, no entanto, ainda é um caminho repleto de desafios. Na última semana, uma decisão provisória (liminar) da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba proibiu a Buser de atuar no Paraná, sob o risco de multa diária de R$ 50 mil.
Marcelo Abritta, cofundador da startup, acredita que é possível “vencer a batalha” e as dificuldades do mercado tradicional posicionando a empresa a favor do consumidor. “As pessoas estão cansadas desses modelos antigos. Existe um ambiente de negócios apostanto que esse cenário vai mudar. Mas é impossível mudar a indústria tradicional, por isso resolvemos criar uma nova.”