Financiamento de veículos tem 1ª queda em dez anos
O financiamento de veículos no Brasil registrou, em 2013, a primeira retração dos últimos dez anos. Somando CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e leasing, o saldo da carteira automotiva (quanto está emprestado) somou R$ 228,6 bilhões, volume 5,6% menor que os R$ 242,2 bilhões de 2012, o que refletiu, entre outros fatores, o cenário de incertezas da economia no ano passado, apontou a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras).
De acordo com o estudo da associação, que toma como base números do Banco Central, a liberação de recursos nessa área também encolheu (1%), ao passar de R$ 118,6 bilhões em 2012 para R$ 117,5 bilhões em 2013. Esses números acompanharam o desempenho de licenciamentos de carros novos, que tiveram retração de 0,9% no ano passado.
Ainda de acordo com a Anef, as perspectivas para 2014 também não são das mais animadoras. O presidente da entidade, Décio Carbonari, projeta estabilidade tanto no saldo financiado quanto no montante liberado de CDC e leasing neste ano.
Segundo ele, embora tenha havido melhora no índice de inadimplência ao longo do ano – estava, em média, em 6,4% em dezembro de 2012 e caiu para 5,2% no fim de 2013 –, a taxa básica de juros (a Selic) definida pelo Banco Central subiu, a partir de agosto. “Com isso, o custo de funding (captação de recursos dos bancos) se elevou e acabou acarretando aumento da taxa de juros aos clientes”, afirma Carbonari.
Ele acrescenta: “A qualidade do portfólio melhorou, mas a disposição de correr risco (dos bancos) é muito pequena”.
Apesar da retração no saldo financiado, houve crescimento nas vendas a prazo de automóveis e comerciais leves zero-quilômetro, com ampliação da participação dos bancos das montadoras no segmento. A explicação é simples: essas instituições aumentaram as promoções de taxa zero, o que diminuiu o valor médio dos financiamentos.
Dos 3,576 milhões de unidades de carros novos comercializados no ano passado, 37% foram negociados mediante pagamento à vista, redução de dois pontos percentuais em relação à fatia dos consumidores que adotaram essa forma de compra em 2012. Por sua vez, o CDC, que um ano antes representava 51% do total dos negócios, foi utilizado por 53% dos compradores.
O leasing se manteve estável, sendo responsável por apenas 2% das transações. Já as cotas de consórcio responderam por 8% das aquisições.
E do total das vendas financiadas de autos e comerciais leves novos (leasing mais CDC), as associadas da Anef representaram 60% em 2013. Um ano antes, tinham 53% desse mercado.
Por Leone Farias, do Diário do Grande ABC.