Mercado em alerta com estoque para 13 dias de vendas
Mercado em alerta com estoque. Se o caminhão-cegonha chegar à loja e não retornar em 13 dias, o revendedor fica sem carros novos para vender.
Trata-se de um exemplo que, em outras épocas, estaria longe da realidade. Mas serve para ilustrar como o mercado nacional está no momento. Segundo a Anfavea, fábricas e concessionárias têm 76,4 mil unidades nos pátios. É o menor índice histórico já registrado. O volume significa apenas 13 dias de vendas no país, lembrando que o ideal é ter pelo menos 60 dias.
Em julho, o volume era de 85 mil veículos. Mas com 11 fábricas paradas, a produção recuou ainda mais e os estoques reduziram. Com a falta de semicondutores, o setor automotivo enfrenta uma crise mais grave que a quarentena de 2020, por causa do coronavírus.
Aliás, o vírus é ainda a causa de tudo isso. Mas somente de impacto direto no caso da Malásia, também produtora de chips. No resto do mundo, o problema é a alta demanda. Inédita no setor desde o ano passado, sobrecarregando os players do setor.
Com emplacamentos caindo para níveis de 2005, o mercado nacional encolhe a passos largos, enquanto menos chips chegam e mais fábricas param temporariamente. Só este ano, a previsão é de o Brasil perder 280 mil carros.
Compra em concessionárias
A crise é tão forte que as locadoras decidiram comprar carros novos nas concessionárias e, na falta deles, seminovos. O mesmo em relação ao mercado de usados, de modo a ter automóveis para aluguel de frotas ou assinaturas.
No momento, ocorre um grande número de devoluções de carros de aplicativo, devido ao alto custo dos combustíveis.
Mas, para as locadoras, isso pode não ser um mau sinal. Pelo contrário, dado que elas passam a ter mais carros para os serviços de frota, em especial, onde a demanda é alta no momento, como os carros de assinatura.
Ao nível global, a previsão é de perda de 7 a 9 milhões de carros em 2021, algo como se Stellantis ou Renault-Nissan, deixassem de produzir este ano.
Por aqui, quanto menos carros novos, menos usados. Isso significa alta dos preços de modo geral e valorização irreal, elevando também o IPVA e reduzindo a capacidade de compra do consumidor.