Mobilidade para resgatar o tempo
Conferência realizada em São Paulo debate uso de tecnologias e alternativas para reduzir necessidade e tempo de deslocamentos nas cidades
Mobilidade é vida, diz Flávio Tavares, diretor do Instituto Parar, plataforma de eventos e educação sobre mobilidade corporativa. Difícil discordar disso. Mobilidade significa ter oportunidades; entrar em contato com pessoas; acessar saúde, cultura e lazer. A forma como ela se dá relaciona-se diretamente com o estilo de vida que se leva. Na era da conectividade, muitas são as chances para transformar a mobilidade, tirar minutos – quiçá horas – dos deslocamentos e devolver às pessoas, o que pode significar ganho de produtividade e, principalmente, de qualidade de vida.
O assunto é o centro das atenções em uma grande conferência que ocorre em São Paulo, a WTM 2018 (Welcome Tomorrow 2018). Com o tema “Mobilidade é tudo. Mobilidade é a sua vida”, o evento reúne especialistas, empresários, startups e instituições para uma série de palestras e conversas sobre o assunto. O SEST SENAT está presente no evento, em parceria com a Hyperloop Transport Technologies, e apresenta ao público o seu simulador híbrido de direção, tecnologia de ponta utilizada no treinamento de motoristas profissionais.
Conforme Flávio Tavares, que abriu o evento, ao tratar sobre o tema e buscar soluções que tornem a mobilidade em áreas urbanas mais eficiente e sustentável, é crucial pensar nas necessidades das pessoas na atualidade. “Os meios de transporte não são um fim em si mesmos. O que meios de transporte conduzem são pessoas. E são elas que devem estar em perspectiva quando se fala sobre mobilidade”, complementa.
“Existe um universo gigantesco que faz parte da mobilidade. Os modais de transporte são parte desse universo. E isso passa pela qualidade de vida, pelo que afeta as pessoas desde que elas saem de casa até que elas cheguem ao seu ambiente de trabalho”, complementa Walter Longo, empreendedor digital e sócio-diretor da Unimark Comunicação.
Ele destaca a importância de empresas, instituições e governos se envolverem nesse debate em busca de alternativas para desafogar o trânsito e melhorar a qualidade de vida de quem mora e/ou trabalha em centros urbanos. Cita, como exemplo, a definição de horários diferenciados para as jornadas de trabalho, o que distribuiria melhor o uso da infraestrutura urbana e de transporte ao longo do dia.
Os governos, além disso, têm relevante papel, com legislações condizentes com essa nova realidade e com estratégias que estimulem o bom comportamento no que se refere aos deslocamentos em zonas urbanas. “Por que, em vez de multar o motorista de caminhão que entra em uma zona de restrição fora do horário permitido, o poder público não poderia oferecer alguma isenção tributária para aquele que respeita os horários?”, sugere. E finaliza: “os problemas serão solucionados se virmos as coisas com um novo olhar. Não podemos ver os problemas de hoje com a cabeça de ontem. É necessário repensar profundamente as relações entre empresas, setor público e pessoas”.
Hyperloop: viagens a 1.200 km/h
O futuro já era. Os trens-bala supervelozes já são passado. Foi esse o tema que introduziu a palestra de Bibop Gresta, CEO e fundador da Hyperloop Transport Technologies, empresa voltada a desenvolver e implementar um sistema de transporte que promete revolucionar a forma como as viagens são realizadas. São cápsulas que viajam em um tubo de baixa pressão e que flutuam sobre um fluxo constante de ar pressurizado, capazes de atingir velocidades de até 1.200 km/h.
Além de um conceito inovador, a engenharia envolvida nos projetos também é repleta de novidades, que vão desde o material utilizado na fabricação (conectado e sustentável) até as alternativas de custeio da operação (como por meio da geração de energia renovável, por meio de painéis solares e do aproveitamento da energia gerada durante as frenagens). Gresta promete, ainda, uma revolução na identificação de passageiros e personalização de serviços, além de alternativas de interatividade durante as viagens, com o uso de realidade aumentada nas janelas.
E isso tudo, garante ele, está muito mais próximo do que muita gente imagina. A empresa já tem 11 contratos assinados em diferentes países. O primeiro projeto deve ser apresentado ao público no ano que vem, em Toulouse (França), onde 300 metros de linha estão em construção. Em 2020, devem entrar em funcionamento os primeiros 5 km de uma linha que levará ao aeroporto em Abu Dhabi.
A empresa também instalou um centro de tecnologia no Brasil, em Contagem (MG). “Vocês têm uma população densa e uma necessidade de se deslocar de forma rápida e eficiente”, justifica. Conforme o CEO da Hyperloop TT, o país é um ambiente de oportunidades para a inovação em transporte e é necessário aproveitá-las.