Volkswagen: a resistência das lojas em vender carros elétricos
Há alguns dias, a General Motors fez uma proposta para sua rede de concessionárias Cadillac nos EUA, buscando retirar da grade quem quisesse pular fora da mudança para eletrificação, oferecendo uma proposta de até US$ 500.000.
Cerca de 150 dos 880 revendedores saíram. O motivo principal seria o custo do investimento, mas alguns podem ter saído devido a rentabilidade futura do negócio. Isso parece bem evidente quando se cruza o Atlântico Norte rumo à Alemanha.
No país do automóvel, a Volkswagen parece estar enfrentando algo parecido e que pode estar relacionado com a aparência da terceira posição do ID.3 no mercado de carros elétricos da Alemanha nos últimos meses.
A montadora esperava que o monovolume atingisse a liderança inicialmente, dada a enorme frota de 30.000 carros já feitos e que estavam sendo entregues aos montes. Contudo, o modelo ficou atrás do Renault Zoe e Hyundai Kona.
Por quê? Talvez fosse o preço ou mesmo o produto, mas de acordo com um levantamento feito pelo Greenpeace, a causa pode ser a rede VW, aparentemente desinteressada em vender o ID.3.
A pesquisa do órgão ambientalista foi feita com pretensos compradores do compacto elétrico, inclusive com perfis desse segmento, tendo eles alto conhecimento sobre carros elétricos e a eletrificação do mercado.
Em 38 cidades alemãs, o Greenpeace visitou 50 revendedores e constatou que existe pouco conhecimento do produto por parte dos vendedores e interesse velado em parte para vender carros a gasolina e diesel.
Metade dos atendentes sabia dizer se o ID.3 podia rodar 100 km com uma carta lenta de 12 horas. Apenas um em cada 10 sabiam quantos pontos de recarga existem no país.
Dos 50 vendedores consultados, 27 recomendaram a compra de um TSI ou TDI, mesmo sabendo que do interesse velado do cliente num carro elétrico, enquanto apenas 8 indicaram que o carro ideal para o perfil era o ID.3.
Um dos motivos para o desinteresse seria a margem de lucro do concessionário, que no caso de um carro a gasolina ou diesel chega a 14%, mas que no elétrico não passa de 6%. Isso sem contar o pós-venda.
Em setembro, de 7.349 emplacadas, 3.000 eram de marketing e imprensa… Então, pode ser que a eletrificação da VW só esteja ocorrendo nas fábricas, enquanto a rede ainda abraça o antigo.