Aeroporto de Confins teve mil voos no fim de semana
Lima, Santiago, Puerto Iguazú e até Bruxelas. A Copa do Mundo criou rotas internacionais para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, de Confins, na Grande Belo Horizonte. Além dos trajetos tradicionais a Buenos Aires, Lisboa, Miami e Cidade do Panamá, torcedores dos quatro cantos do país desembarcaram no terminal para assistir aos jogos do Mineirão. O fluxo de voos vindos do exterior praticamente dobrou com o evento esportivo, e assim como os pousos domésticos, em vésperas e nos dias de jogos a movimentação teve consideráveis picos. No fim de semana do jogo das seleções do Brasil e do Chile, por exemplo, mais de 1 mil aviões desembarcaram no terminal de Confins.
Em dias de jogos no Mineirão, os dois principais aeroportos da Grande BH funcionam de formas distintas. Em Confins, os números mostram aumento considerável da movimentação aérea, enquanto na Pampulha se dá o contrário. A explicação: antes, durante e depois do jogo, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão subordinado ao Ministério da Defesa, restringe o tráfego de aeronaves nas proximidades do estádio. Com essa determinação, pousos e decolagens ficam proibidos por cinco horas.
Pelas estatísticas, considerando os dias dos quatro jogos disputados em Belo Horizonte na primeira fase do torneio, em três deles Confins teve aumento do número de voos comerciais. A única exceção foi no dia do confronto entre Bélgica e Argélia. O maior aumento foi registrado no sábado em que Colômbia e Grécia jogaram na capital mineira. A invasão colombiana resultou em crescimento de 40,48% dos voos em relação à média dos quatro sábados anteriores. Ao todo, foram 295 aterrissagens.
O maior aumento, no entanto, foi verificado para os voos fretados (charters) e executivos (aviação geral), com variação percentual acima de 100% em todos os jogos. No jogo entre Colômbia e Grécia, o fluxo de voos de aviação geral em Confins aumentou 800%, passando de dois para 18 partidas. Na vitória da Argentina sobre o Irã, com gol de Messi, apesar de a variação percentual ter sido menor, mais voos executivos pousaram no aeroporto internacional. Ao todo, 52. A menor variação se deve à base de comparação, feita sempre com a média do mesmo dia da semana da partida das últimas quatro semanas.
Segundo o comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) de Confins, órgão responsável pelo controle de tráfego dos aeroportos de Confins, Pampulha, Carlos Prates e Lagoa Santa, capitão Jerônimo Inácio, devido à grande demanda a equipe de controladores recebe reforço de 50% na equipe. Os profissionais ficam responsáveis por coordenar o vaivém de aeronaves, inclusive fazendo as adequações necessárias de acordo com as restrições impostas para manter a segurança do evento. No sábado, de meia-noite ao meio-dia, uma hora antes de a bola rolar, 90 voos estavam previstos.
A conclusão de parte da reforma do pátio de aeronaves antes da Copa do Mundo permitiu que aviões pousassem no aeroporto e por lá permanecessem por horas, o que de certa forma facilita o trabalho dos controladores. Sem as vagas, eles teriam que ordenar a ida a outro aeroporto logo depois de pousar. É o caso da Pampulha. Lá, os aviões que não têm vagas nos hangares são obrigados a decolar imediatamente depois do desembarque dos passageiros.
Na sexta e no sábado, com a demanda para a partida entre Brasil e Chile, dezenas de jatos executivos usaram o novo sistema de pátio de Confins. Era possível avistar quase 20 deles parados lado a lado horas antes do jogo, além dos aviões comerciais de TAM, Azul, Gol, American Airlines, Lan e outras companhias aéreas com voos regulares. A área total do pátio foi triplicada, permitindo, assim, que o espaço seja usado como estacionamento inclusive por voos destinados a outros aeroportos.
O alto custo dos hotéis na capital mineira nos dias de jogos no Mineirão contribui para aumentar o fluxo do aeroporto de Confins. Parte dos torcedores de outros estados que veio para o jogo da Seleção Brasileira preferiu fazer o famoso bate-volta para economizar. O paulista Luiz Fernando Scheliga veio com toda a família para BH, mas, segundo ele, a diária do hotel estava muito cara. “Achei mais vantajoso ir e voltar de avião no mesmo dia do que vir de carro e ficar em um hotel”, afirma.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), depois de encerrada a fase de grupos da Copa do Mundo, a fiscalização é intensificada nas cidades-sede que ainda receberão jogos. As equipes são alocadas para atuar em três situações: prestação de serviços aos passageiros; movimentação de aeronaves de aviação geral (executiva) e cumprimento dos horários de pousos e decolagens. Em dias de jogos da Seleção Brasileira e outras partidas importantes, o reforço é ainda maior para atender à maior demanda.
Por Pedro Rocha Franco, do Jornal Estado de Minas.