Executivos contam o que as empresas esperam para 2017
Executivos e especialistas se reuniram em evento em São Paulo para comentar o que as empresas esperam para 2017
Foto: Shutterstock
O que as empresas esperam do cenário econômico para o próximo ano foi o tema do Seminário Brasil 2017, promovido pela Câmara Americana de Comércio (AMCHAM). O evento, que aconteceu no dia 4 de outubro, em São Paulo, reuniu empresários, especialistas, representantes de associações e CEOs de grandes companhias para discutir as perspectivas do País.
Deborah Vieitas, presidente da AMCHAM, comandou a abertura do evento colocando alguns pontos considerados essenciais para um desenvolvimento maior da atividade empresarial e da indústria. São eles: melhorias na eficiência tributária, maior produtividade e abertura para o mercado global.
CENÁRIO ECONÔMICO
O presidente do Insper, Marcos Lisboa, contextualizou a discussão com um diagnóstico do atual cenário econômico brasileiro e algumas projeções para o futuro, comparando o País com os Estados Unidos e outras nações com desenvolvimento exemplar ou em desenvolvimento. Para Lisboa, a baixa produtividade é um dos fatores que trava o progresso da economia brasileira. ‘A nossa produtividade em relação à produtividade de um norte-americano decaiu nos últimos 30 anos’, conclui. Segundo levantamento da J. A. Scheinkman, que compara o produto por trabalhador de algumas nações, tendo como base os EUA, concluiu-se que a produtividade do brasileiro passou de, aproximadamente, 30% da de um norte-americano em 1985, para cerca de 20% em 2015.
A diferença entre os níveis de produtividade está principalmente, segundo o especialista, na tendência brasileira de preservação das empresas ineficientes. ‘Nos Estados Unidos, as melhores empresas são apenas duas vezes mais produtivas que as piores empresas’, aponta Lisboa, indicando a existência de uma ‘seleção natural’ no mercado norte-americano, em que as companhias que não conseguem se sustentar acabam falindo, dando espaço para novos negócios, produtos inovadores e, consequentemente, maior produtividade.
Para o palestrante, essa superioridade dos EUA em relação ao Brasil, mas também a outros países, como Índia e China, não é por conta da composição setorial de sua produção ou da qualidade de suas empresas, mas pela dita “seleção natural” do mercado, que gera maior produtividade. ‘Se o Brasil mudasse a produtividade de cada setor (da sua economia) para que ela fosse igual à dos Estados Unidos, nossa produtividade seria 430% maior’, explica.
O presidente do Insper também comentou que ‘o Brasil está se tornando um País velho, antes de se tornar um País rico’. Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, houve uma entrada massiva de jovens no mercado de trabalho, em que se consolidou o período com maior número de pessoas ativas em relação à população total do País. Apesar da grande força de trabalho, não houveram ações voltadas para o planejamento futuro e, atualmente, com o envelhecimento da população e queda no número de jovens que entram no mercado, instalou-se uma incoerência no setor da previdência nacional.
Apesar das dificuldades e da longa jornada em direção ao pleno desenvolvimento, Lisboa acredita que o Brasil está caminhando para um cenário de inovações, reformas e melhorias de incoerências, com poder público e empresários mais conscientes, corrigindo equívocos e trabalhando para inserir o País em uma cadeia global.
OS GRANDES SETORES
No primeiro painel do dia, representantes de associações de três grandes setores da economia falaram sobre as expectativas para o ano que vem e o que enfrentaram nos últimos anos.
Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA), comentou que o setor apresentou uma queda no faturamento ao longo de 2016, mas que até o final do ano a perspectiva é de recuperação. Segundo Klotz, o segmento é um campeão em exportação e geração de emprego no País, mas que para tornar esse cenário mais promissor é preciso ganhar competitividade nos negócios internacionais e poder contar com mais confiança dos investidores.
‘O Brasil tem vocação natural para a indústria química’, disse Fernando Figueiredo, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM). No entanto, segundo o palestrante, o setor ainda é muito dependente de outros segmentos, como o farmacêutico, o cosmético, o agrícola e o alimentício. Além disso, a produção ainda não opera a todo vapor e necessita de recursos importados.
Para ele, o futuro desenvolvimento do setor depende da atração de investidores internacionais, interessados em explorar os recursos naturais brasileiros de maneira local, e também investimentos em inovação. ‘Se houver incentivo para pesquisa, o setor vai decolar’, afirmou o presidente, que também aposta na adoção de uma política industrial mais sólida e em uma abertura comercial gradual.
Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), salientou a necessidade de profundos investimentos no setor de infraestrutura, para qual é destinado 2,5% do PIB brasileiro, mas que, segundo Tadini, deveria utilizar cerca de 5% para atingir resultados satisfatórios. O presidente também apontou a necessidade de maior planejamento e integração com a logística da movimentação de produtos e com a matriz energética, para que seja possível mensurar o desenvolvimento e as economias promovidas pelo setor. ‘Infraestrutura é um processo. O País precisa ter clareza na estratégia de investimento’, opina.
SETOR PRIVADO
O segundo painel contou com a participação de representantes do setor privado. O presidente da General Motors para América do Sul, Barry Engle, está otimista em relação ao próximo ano e projeta um crescimento de 10% a 15%. Engle acredita que, apesar de uma retração no número de veículos vendidos em 2016, sendo o mês de setembro um dos menos proveitosos, a queda nas vendas deve ser momentânea e o mercado nacional ainda oferece boas oportunidades para o setor. Inovação na linha de produtos e condições fiscais mais favoráveis são as apostas do presidente para um crescimento mais imponente nos próximos anos.
Carlos Magnarelli, CEO do Grupo Liberty, disse que o Brasil continua sendo um mercado rentável para o negócio de seguros, principalmente por conta do aumento da classe média, camada da sociedade que mais consome o produto. O crescimento para este ano, segundo o executivo, será de aproximadamente 2%, que apesar de menos expressivo do que os anos anteriores, ainda é positivo. Para Magnarelli, o futuro do mercado depende de uma maior segurança do consumidor para a compra e de uma penetração mais forte do produto.
AS TENDÊNCIAS PARA O VAREJO
Em 2015, o setor do varejo passou por um período de forte retração, com uma queda aproximada de 13,4% no número de lojas em relação a 2014. Segundo Hugo Bethlem, sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza, apesar de ter passado por um período de regressão, o varejo ainda é o maior empregador privado do mercado brasileiro, com 6,5 milhões de colaboradores.
Para 2017 e os anos seguintes, Bethlem acredita que os varejistas deverão se reinventar, já que estamos vivendo a chamada era do consumidor, em que o cliente fiel é quem gera o lucro e tem sucesso nos negócios as empresas que capturam além das necessidades de orçamento, as necessidades emocionais dos compradores. ‘Na era da mobilidade, qualquer um com smartphone na mão é cidadão do mundo e o consumidor está no centro do universo’, comenta. Segundo o executivo, o smartphone tem grande importância nessa nova realidade, já que permite explorar distintas possibilidades de negócio e experiências do cliente por meio de um único canal digital.
Bethlem também acredita que essa nova lógica de consumo pode ser bastante proveitosa para o pequeno e médio empreendedor, já que existem diversas opções de soluções tecnológicas baratas e que não dependem de grandes instalações e custos absurdos. ‘Hoje não é mais uma barreira você ser pequeno e médio, mas é preciso ser relevante e achar o seu caminho. Talvez você não consiga ter o próprio portal de e-commerce, mas é possível ir, por exemplo, para um market place e fazer (as vendas) ali. Não é preciso ter uma loja física, pois você pode montar um conceito de entrega. Existem muitas opções que podem ser feitas de forma simples, rápida e barata’, explica.
O que as empresas esperam do cenário econômico para o próximo ano foi o tema do Seminário Brasil 2017, promovido pela Câmara Americana de Comércio (AMCHAM). O evento, que aconteceu no dia 4 de outubro, em São Paulo, reuniu empresários, especialistas, representantes de associações e CEOs de grandes companhias para discutir as perspectivas do País.
Deborah Vieitas, presidente da AMCHAM, comandou a abertura do evento colocando alguns pontos considerados essenciais para um desenvolvimento maior da atividade empresarial e da indústria. São eles: melhorias na eficiência tributária, maior produtividade e abertura para o mercado global.
CENÁRIO ECONÔMICO
O presidente do Insper, Marcos Lisboa, contextualizou a discussão com um diagnóstico do atual cenário econômico brasileiro e algumas projeções para o futuro, comparando o País com os Estados Unidos e outras nações com desenvolvimento exemplar ou em desenvolvimento. Para Lisboa, a baixa produtividade é um dos fatores que trava o progresso da economia brasileira. ‘A nossa produtividade em relação à produtividade de um norte-americano decaiu nos últimos 30 anos’, conclui. Segundo levantamento da J. A. Scheinkman, que compara o produto por trabalhador de algumas nações, tendo como base os EUA, concluiu-se que a produtividade do brasileiro passou de, aproximadamente, 30% da de um norte-americano em 1985, para cerca de 20% em 2015.
A diferença entre os níveis de produtividade está principalmente, segundo o especialista, na tendência brasileira de preservação das empresas ineficientes. ‘Nos Estados Unidos, as melhores empresas são apenas duas vezes mais produtivas que as piores empresas’, aponta Lisboa, indicando a existência de uma ‘seleção natural’ no mercado norte-americano, em que as companhias que não conseguem se sustentar acabam falindo, dando espaço para novos negócios, produtos inovadores e, consequentemente, maior produtividade.
Para o palestrante, essa superioridade dos EUA em relação ao Brasil, mas também a outros países, como Índia e China, não é por conta da composição setorial de sua produção ou da qualidade de suas empresas, mas pela dita “seleção natural” do mercado, que gera maior produtividade. ‘Se o Brasil mudasse a produtividade de cada setor (da sua economia) para que ela fosse igual à dos Estados Unidos, nossa produtividade seria 430% maior’, explica.
O presidente do Insper também comentou que ‘o Brasil está se tornando um País velho, antes de se tornar um País rico’. Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, houve uma entrada massiva de jovens no mercado de trabalho, em que se consolidou o período com maior número de pessoas ativas em relação à população total do País. Apesar da grande força de trabalho, não houveram ações voltadas para o planejamento futuro e, atualmente, com o envelhecimento da população e queda no número de jovens que entram no mercado, instalou-se uma incoerência no setor da previdência nacional.
Apesar das dificuldades e da longa jornada em direção ao pleno desenvolvimento, Lisboa acredita que o Brasil está caminhando para um cenário de inovações, reformas e melhorias de incoerências, com poder público e empresários mais conscientes, corrigindo equívocos e trabalhando para inserir o País em uma cadeia global.
OS GRANDES SETORES
No primeiro painel do dia, representantes de associações de três grandes setores da economia falaram sobre as expectativas para o ano que vem e o que enfrentaram nos últimos anos.
Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA), comentou que o setor apresentou uma queda no faturamento ao longo de 2016, mas que até o final do ano a perspectiva é de recuperação. Segundo Klotz, o segmento é um campeão em exportação e geração de emprego no País, mas que para tornar esse cenário mais promissor é preciso ganhar competitividade nos negócios internacionais e poder contar com mais confiança dos investidores.
‘O Brasil tem vocação natural para a indústria química’, disse Fernando Figueiredo, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM). No entanto, segundo o palestrante, o setor ainda é muito dependente de outros segmentos, como o farmacêutico, o cosmético, o agrícola e o alimentício. Além disso, a produção ainda não opera a todo vapor e necessita de recursos importados.
Para ele, o futuro desenvolvimento do setor depende da atração de investidores internacionais, interessados em explorar os recursos naturais brasileiros de maneira local, e também investimentos em inovação. ‘Se houver incentivo para pesquisa, o setor vai decolar’, afirmou o presidente, que também aposta na adoção de uma política industrial mais sólida e em uma abertura comercial gradual.
Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), salientou a necessidade de profundos investimentos no setor de infraestrutura, para qual é destinado 2,5% do PIB brasileiro, mas que, segundo Tadini, deveria utilizar cerca de 5% para atingir resultados satisfatórios. O presidente também apontou a necessidade de maior planejamento e integração com a logística da movimentação de produtos e com a matriz energética, para que seja possível mensurar o desenvolvimento e as economias promovidas pelo setor. ‘Infraestrutura é um processo. O País precisa ter clareza na estratégia de investimento’, opina.
SETOR PRIVADO
O segundo painel contou com a participação de representantes do setor privado. O presidente da General Motors para América do Sul, Barry Engle, está otimista em relação ao próximo ano e projeta um crescimento de 10% a 15%. Engle acredita que, apesar de uma retração no número de veículos vendidos em 2016, sendo o mês de setembro um dos menos proveitosos, a queda nas vendas deve ser momentânea e o mercado nacional ainda oferece boas oportunidades para o setor. Inovação na linha de produtos e condições fiscais mais favoráveis são as apostas do presidente para um crescimento mais imponente nos próximos anos.
Carlos Magnarelli, CEO do Grupo Liberty, disse que o Brasil continua sendo um mercado rentável para o negócio de seguros, principalmente por conta do aumento da classe média, camada da sociedade que mais consome o produto. O crescimento para este ano, segundo o executivo, será de aproximadamente 2%, que apesar de menos expressivo do que os anos anteriores, ainda é positivo. Para Magnarelli, o futuro do mercado depende de uma maior segurança do consumidor para a compra e de uma penetração mais forte do produto.
AS TENDÊNCIAS PARA O VAREJO
Em 2015, o setor do varejo passou por um período de forte retração, com uma queda aproximada de 13,4% no número de lojas em relação a 2014. Segundo Hugo Bethlem, sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza, apesar de ter passado por um período de regressão, o varejo ainda é o maior empregador privado do mercado brasileiro, com 6,5 milhões de colaboradores.
Para 2017 e os anos seguintes, Bethlem acredita que os varejistas deverão se reinventar, já que estamos vivendo a chamada era do consumidor, em que o cliente fiel é quem gera o lucro e tem sucesso nos negócios as empresas que capturam além das necessidades de orçamento, as necessidades emocionais dos compradores. ‘Na era da mobilidade, qualquer um com smartphone na mão é cidadão do mundo e o consumidor está no centro do universo’, comenta. Segundo o executivo, o smartphone tem grande importância nessa nova realidade, já que permite explorar distintas possibilidades de negócio e experiências do cliente por meio de um único canal digital.
Bethlem também acredita que essa nova lógica de consumo pode ser bastante proveitosa para o pequeno e médio empreendedor, já que existem diversas opções de soluções tecnológicas baratas e que não dependem de grandes instalações e custos absurdos. ‘Hoje não é mais uma barreira você ser pequeno e médio, mas é preciso ser relevante e achar o seu caminho. Talvez você não consiga ter o próprio portal de e-commerce, mas é possível ir, por exemplo, para um market place e fazer (as vendas) ali. Não é preciso ter uma loja física, pois você pode montar um conceito de entrega. Existem muitas opções que podem ser feitas de forma simples, rápida e barata’, explica.
Fonte: Santander Negócios&Empresas