CEO da Movida explica como gerou caixa vendendo carros online durante a pandemia
O programa “Conselho de CEO” desta terça-feira, 19, apresentado pelo jornalista Carlos Sambrana, traz como convidado o presidente de uma das maiores redes de locadoras de automóveis do país: Renato Franklin, da Movida. Coordenando uma empresa com frota de mais de 118 mil veículos, o CEO teve papel crucial nas decisões tomadas durante a pandemia do novo coronavírus e espera colher frutos ao longo do ano de 2021. Em 2020, a empresa lançou uma ofensiva e passou a vender veículos seminovos pela internet, oferecer serviços de locação de carros para o setor de logística, carros por assinatura e aluguel de veículos elétricos, obtendo, assim, certificação de empresa “B”, que tem os maiores níveis de governança e sustentabilidade. Atualmente, a Movida é a única rede de aluguel de carros do mundo com o selo.
Ainda no ano de 2014, Franklin viu a mudança no comportamento dos clientes da locação de carro, que antes só usavam os veículos para grandes frotas de empresa logística ou para se locomover durante o período de férias. “Hoje a mobilidade urbana é uma parte relevante do negócio de locação de carro. Sejam as pessoas que usam um carro alugado para se locomover no dia a dia, ou até os motoristas de aplicativo. Quando você pega um motorista de aplicativo, grande parte da frota de motoristas de aplicativo é terceirizada, é alugada, porque é um modelo mais eficiente para esse motorista”, afirma. Um dos diferenciais apontados por ele como importantes para o sucesso da Movida foi a instauração de carros coloridos e no modelo “premium”, que oferecem mais do que motores 1.0 e têm, por exemplo, ar condicionado. “Você passava na porta da locadora, nem despertava o interesse do indivíduo comum de ‘deixa eu ver aqui, alugar um carro’, você passava lá e tinha um monte de carro igual, isso não chama atenção”, lembra.
Com todas as lojas de seminovos fechadas no meio do mês de março por causa da pandemia do novo coronavírus, a empresa, que tinha R$ 1 bilhão em caixa e R$ 700 milhões para pagar nos próximos meses, se viu em uma situação delicada, já que estava impossibilitada de fazer vendas presenciais. “Como é que eu vendo um carro com loja fechada? Eu nunca tinha vendido um carro 100% online. A gente tinha financiamento pré-aprovado, tinha algumas ferramentas já disponíveis, mas não tinha vendido um carro usado totalmente online”, recorda. Em tempo recorde, o CEO coordenou a transição para o processo de venda completamente online, assim como o processo de convencimento do cliente. “A previsão nossa era vender mil carros no atacado em abril, vendemos 3 mil e tantos carros. Em maio a gente bateu um recorde de vendas absolutas da Movida”, lembra. Na ocasião, eles venderam mais carros online do que quando tinham permissão para vender presencialmente. “Achei que eu ia queimar R$ 700 milhões em caixa, a gente terminou o trimestre com R$ 1,7 bilhão”, calcula. Para ele, a pandemia foi essencial para melhorar a gestão da empresa.
A pandemia do novo coronavírus também incentivou a mudança do hábito de consumo de aluguel de carros. Agora, muitos dos que estão de home office desistiram de ter um carro guardado na garagem e preferiram alugar veículos periodicamente; aqueles que antes pegariam um avião até praias distantes têm como preferência dirigir até um destino mais próximo e até mesmo quem usava transportes coletivos buscou se resguardar. “As pessoas que andavam de ônibus, muita gente migrou para o carro de aplicativo para ficar mais protegido. Quem andava de carro de aplicativo, às vezes migrou para alugar um carro e andar mais protegido. Isso tudo acabou acelerando a transformação cultural que existe no Brasil”, diz. Com dados, o CEO afirma que fora do Brasil, mais de 11% que são habilitadas afirmam já ter alugado veículos. No Brasil, esse número era de 1% no ano de 2017 e passou a 3% em 2020.
Tecnologia como aliada para o futuro
O modelo de aplicativo instaurado pela empresa diminui a burocracia que era envolvida no ato de alugar um carro há décadas. Hoje, um dos maiores focos da Movida é o público que contrata os serviços pela internet, uma via que deve ser aliada para mudanças utópicas de consumo no futuro. “O dia em que toda a frota for autônoma você precisa de alguém para dar manutenção no carro, que vai ter um aplicativo, você vai estar no aplicativo da Movida. O carro compartilhado vai exigir alguém fazendo gestão de frota, fazendo atendimento ao cliente, fazendo o pós venda, com uma boa jornada de experiência, totalmente digital, que é o nosso DNA”, afirma o CEO. Com mais de 2 milhões de clientes ativos, a empresa oscila entre R$ 5,9 a R$ 6 bilhões em valor de mercado. Como conselho de CEO para os ouvintes e telespectadores da Jovem Pan, Franklin lembra do investimento na sustentabilidade, que trouxe certificado internacional e relevância à Movida. “Cada vez mais os clientes procuram empresas que têm compromissos com sustentabilidade, os colaboradores querem trabalhar em empresas que têm propósito em compromisso com sustentabilidade, os investidores procuram empresas com SG muito forte, principalmente em lado de governança, de transparência. Isso é retenção até para os executivos da companhia”, afirma. Para ele, que viu a Movida como a única empresa representando o Brasil na cúpula da Organização das Nações Unidas para falar de compromissos ambientais e do Acordo de Paris, o compromisso traz retorno, lucro e resultado, além de criar um mundo melhor.