Compartilhamento de veículos é tendência comprovada no Brasil

Pesquisa internacional mostra que Gestores de Frotas corporativas brasileiros são mais abertos do que os europeus em relação ao crescimento dessa modalidade.

A tendência de compartilhamento de veículos ganha força no Brasil e no exterior. Segundo pesquisa global CVO 2016 (Corporate Vehicle Observatory) – que  analisa o comportamento de empresas quanto aos carros compartilhados – as corporações brasileiras parecem ser “‘muito abertas” em relação ao compar­tilhamento de veículos, com 60 % dos Gestores de Frotas afirmando que essa modalidade vai aumentar em sua empre­sa no médio prazo.

Realizada pela CSA (agência europeia de pesquisa e consultoria de mercado) e apoiada pela Arval desde 2002, a pesquisa deste ano consultou 2.993 gestores de frotas de empresas na Europa, Rússia, Tur­quia e Brasil, com no mínimo 10 empre­gados. No Brasil, a CVO é realizada desde 2010 e em 2016 ouviu 194 empresas.

Esses profissionais brasileiros também acreditam que as gerações mais jovens aceitarão facilmente o compartilhamento, com 73 % de respostas positivas contra 42 % entre gestores europeus. No Velho Continente, os executivos entrevistados foram mais conservadores e somente 31% afirmaram acreditar que o comparti­lhamento será mais usado em suas em­presas – metade em comparação com os brasileiros. A afirmação de que o compar­tilhamento de carros faria com que mais funcionários tivessem acesso a esse bene­fício nas companhias foi corroborada por 70 % dos Gestores de Frotas brasileiros, em comparação com 42% dos europeus.

nuno-silva“A pesquisa que apoiamos em vários países onde a Arval atua, mostra uma ampla aceitação das empresas brasileiras para o serviço de compartilhamento de carros corporativos, maior até do que as europeias”, confirma Nuno Silva, general manager da Arval Brasil. A empresa já realiza testes desse modelo em alguns países e estuda sua implantação no Brasil, ainda sem previsão de início. “De qualquer forma, é importante estarmos atentos a essa tendência mundial para apresentarmos aos nossos cientes sempre as melhores soluções”, resume o executivo.­

Antonio Megale, presidente da ANFA­VEA – Associação Nacional dos Fabrican­tes de Veículos Automotores, analisa que compartilhamento é um setor novo, que não entra no departamento de Vendas Diretas das montadoras e exige acompa­nhamento por parte do setor automobi­lístico: “é um novo modelo de negócio e precisamos ficar atentos a isso.” Existem experiências nesse sentido no Brasil, por parte de montadoras, que analisam como fornecer um serviço em vez da proprieda­de do carro. Ou seja, em vez de vender, gerenciar os veículos.

Um programa piloto da GM no Brasil, batizado de “Maven”‘, oferece o compartilhamento – “‘car-sharing” – para empre­gados do Complexo Industrial de São Caetano do Sul/SP. Trata-se de uma pla­taforma que integra um movimento global da GM no sentido de desenvolver opções de mobilidade urbana sustentáveis em todo o mundo. A ideia é que os funcionários tenham um carro à sua disposição para tarefas do dia a dia ou para viajar com a família nos finais de semana. Esse piloto do serviço está associado também ao sistema de conectividade veicular da montadora, o OnStar.

Empregados cadastrados da unidade fabril podem fazer as reservas e travar e destravar as portas do veículo por meio do aplicativo “Maven”. Em uma primeira fase, o deslocamento permitido de pon­to a ponto deve ser feito com retirada e entrega em pontos localizados dentro do complexo da GM. Os valores são de R$ 35 por hora ou até R$ 210 para uma reserva de 24 horas, incluindo combustível e seguro do veiculo. Os pagamentos são feitos através da folha de pagamento dos colaboradores.

A frota inicial traz como opção somente o Chevrolet Cruze LTZ, todos equipados com o sistema de telemática OnStar, que oferece serviços de emergência, segurança, navegação, concierge e conectividade. O “Maven’ usa tecnologias de conectividade integradas e o serviço do OnStar já existente no Brasil para resolver problemas como a recuperação em caso de roubo do carro, notificação automática da assistência em caso de acidentes por meio de uma central de atendimento e de informações 24 horas, com acesso a consultores do OnStar que podem ser solicitados por meio de um botão no espelho retrovisor do carro.

Segundo a GM, o “Maven” faz pane de uma estratégia global de mobilidade, que segue as preferências em evolução dos consumidores. O programa de mobilidade urbana da GM inclui investimento na Alemanha com o programa de carona “Flinc”, programas de car-sharing da Opel, “CarUnity” o programa ”Let’s Drive NYC” da Chevrolet, o compartilhamento de bicicletas “Zagster”,  no centro de desenvolvimento técnico nos Estados Unidos e uma parceria com a Universidade Jiao Tong na China, para a integração de carros da Chevrolet em um sistema multimodal.

Menos carros e mais pessoas

Os impactos do compartilhamento de veículos no meio ambiente ainda são alvos de estudos que buscam detalhar a economia em emissões de gases, espaço disponível nas cidades, entre outros benefícios da prática. Mas, basta fazer contas simples para entender a filosofia por detrás dessa ideia. Estamos falando de menos carros para atender muito mais pessoas. A CarSharing Association, por exemplo, que reúne diversas empresas e programas de compartilhamento em l l países, representa 4 mil veículos usados por nada menos do que 125 mil pessoas. Se pensarmos em uma conta aproximada de um carro para cada pessoa, estamos diante de uma redução de mais de 31 mil veículos nas ruas, ocupando espaços, poluindo o meio ambiente e, o mais grave, passando a maior parte de sua vida útil em garagens.

Um estudo de 2016, “O Impacto do Compartilhamento de Carros na Austrália”, realizado pela Phillip Boyle & Associates, analisou um espectro de 57 mil usuários compartilhando 2,2 mil veículos compartilhados em serviços do tipo no país. A pesquisa exemplifica que  um carro com quilometragem anual de 15 mil quilômetros passa apenas 5 % do tempo em movimento, 10 % do tempo em estacionamentos na cidade e 95 % do tempo guardado. Os períodos mais longos com o carro parado são no trabalho ou de noite em casa. Um dos impactos positivos medidos pela pesquisa, que se dedicou especialmente à questão do espaço libe­rado na cidade, concluiu que 100 carros representam a economia de 30 mil metros quadrados em um prédio, por exemplo.

Fonte: Revista Frota & Mercado | Página 27

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