Hotéis, carros e academias fatiam serviços
Pagou a mensalidade da academia e acabou indo só uma ou duas vezes no mês? Chegou ao hotel de madrugada, saiu na manhã seguinte e pagou a diária cheia?
Empresas de tecnologia resolveram aproveitar essa fonte de frustração. Criaram formas de contratação fatiadas para aulas de academia, horas de hotel ou aluguel de carros.
Marcelo Nakagawa, professor do Insper, afirma que esse tipo de oferta deve crescer no futuro, possivelmente chegando a outros setores, entre eles educação.
O desafio, segundo ele, é criar a cultura desse tipo de compra e convencer o cliente de que o modelo funciona. Quem compra uma fração do serviço pode temer não ser tão bem atendido quanto um cliente comum, diz.
O Hotel Quando, por exemplo, permite a contratação de 3, 6, 9 ou 12 horas em hotéis. O serviço foi lançado há um ano. Max Campos, cofundador, diz que o objetivo é atender executivos em viagens de negócios de curta duração.
Para três horas, pagam-se 40% do valor de uma diária; 12 horas custam 70%.
A empresa trabalha com 120 hotéis, a maior parte próximos a aeroportos, e tem 45 mil clientes cadastrados.
“Os hotéis estão com ocupação baixa e, para vencer isso, não adianta só baixar o preço. Tentamos gerar demanda com um serviço que não existe no mercado, e por um preço justo”, diz Campos.
José Marques, 56, dono de uma empresa de marketing digital, usou o serviço duas vezes em viagens para o Rio. Foi de manhã, alugou quarto em hotel próximo ao aeroporto Santos Dumont e usou o espaço para trabalhar.
“Você pode mudar todo o conceito da viagem, fazer a reunião no próprio hotel, almoçar e ir embora. Sem ter de pagar toda a estadia, isso começa a fazer sentido.”
SÓ PARA AS COMPRAS – Outra opção nova, a do aluguel de carros por hora, é oferecida pelas empresas Zazcar e Fleety. A primeira possui automóveis próprios; a segunda usa carros de terceiros – qualquer pessoa pode cadastrar o seu na internet.
Segundo Felipe Barroso, fundador do Zazcar, o objetivo é levar clientes a deixar o custo fixo de ter um carro para pagar apenas pelo que usam. Os cem carros da empresa podem ser acessados em 45 pontos de São Paulo: clientes possuem um cartão para abrir a porta dos veículos e pegar a chave.
O custo por hora é de R$ 5,90, mais R$ 0,89 por km. As diárias começam em R$ 149,90 e dão direito a 150 km. Não é preciso pagar pelo combustível. A maior parte dos clientes usa o aluguel por hora, para atividades cotidianas (como idas ao supermercado), visitas a clientes e lazer.
Na Fleety estão cadastrados 650 carros, de São Paulo e Curitiba, e o dono do carro define o preço do aluguel.
RASGAR DINHEIRO – Pagar a mensalidade de uma academia, na opinião da analista de marketing Raiza Chinelatto, 24, dava uma sensação de rasgar dinheiro.
Pesquisando na internet, comprou um pacote de dez aulas por R$ 140 na Gympass, para usar na academia perto de sua casa. O valor era equivalente à mensalidade, mas durou o dobro do tempo.
Da Folha Press.