Localiza pode levantar R$5 bilhões em oferta de ações, diz Bradesco BBI
A Localiza, maior locadora de veículos da América Latina, pode levantar até R$5 bilhões por meio de uma oferta de ações para financiar seu plano de crescimento, e ainda assim preservar sua qualidade de crédito, disse o Bradesco BBI em relatório.
A companhia dos irmãos Mattar pode acelerar a renovação de sua frota e substituir os 49 mil carros a serem vendidos para a Brookfield em um acordo costurado para respeitar critérios regulatórios da fusão Localiza-Unidas. Esse processo deve elevar à alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre EBITDA da Localiza dos atuais 2,5 vezes para 3,1 vezes na metade de 2023, escreveu o analista Victor Mizusaki.
Nesse sentido, a oferta de R$5 bilhões não só ajudaria na expansão da frota, como também manteria o bom perfil de crédito da companhia, reduzindo parte do endividamento que o BBI projeta para a locadora no ano que vem.
Para Mizusaki e equipe, a Localiza deve gastar R$9,6 bilhões nos próximos 12 meses em compras de carros e outros R$2,7 bilhões na renovação da frota, que apresentou uma idade média de 16 meses no segundo trimestre, contra uma média histórica de nove meses. “Em nossa visão, a discussão é quando a Localiza de fato vai ‘puxar o gatilho’ para levantar o capital”, disse o analista.
Ainda que uma oferta de R$5 bilhões pareça agressiva, o BBI ressaltou que a diluição seria de 8% e que fundos passivos devam exercer direitos na operação, dada a participação da companhia nos índices Ibovespa e IBrX50.
O banco manteve a recomendação de “compra” para as ações ordinárias da empresa (RENT3), elevando o preço-alvo para R$80,00 em 2023, principalmente pelos ganhos de eficiência esperados com a absorção da Unidas. Os papéis da Localiza sobem 20% neste ano, tendo encerrado o pregão de terça-feira a R$61,20.
No entanto, o BBI ressaltou que mudanças estruturais na indústria automotiva devem elevar à necessidade de capital do setor. A pandemia e a guerra na Ucrânia criaram problemas na cadeia de suprimentos, forçando fabricantes de automóveis a diminuírem a produção, subir preços e acelerar a transição para veículos elétricos.
“No Brasil, o cenário não é diferente”, avaliou Mizusaki. O preço de carros novos subiu 30% desde o início de 2020 e deve fazer com que a alavancagem financeira no setor aumente para renovar a frota, segundo o analista.