Localiza (RENT3): De olho em sinergias, Morgan Stanley e JPMorgan elevam recomendação e preço-alvo

Ação fecha em alta

Quase dois meses após a conclusão da fusão da Localiza (RENT3) com a Unidas, analistas começam a calcular os ganhos que a movimentação irá trazer para a companhia resultante. Nesta terça-feira (30), tanto o Morgan Stanley quanto o JPMorgan elevaram suas recomendações para as ações ordinárias da NewCo para equivalente à “compra”.

As ações avançam 2,20%, a R$ 62,70, às 11h50 (horário de Brasília) desta terça-feira (30), em um dia de queda para o Ibovespa, com baixa de 1% no mesmo horário.

 

Morgan Stanley e JPMorgan elevam recomendação e preço-alvo

 

“Este movimento é creditado a uma série de fatores. Uma é que as sinergias do negócio estão mais próximas de se tornarem uma realidade. Nós esperamos que a maior parte dos cerca de R$ 450 milhões em economias relacionadas à fusão saiam do papel até o final de 2023, o que é um dos principais contribuintes para o crescimento anual de 30% do Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] que projetamos para o próximo ano”, abre a equipe do Morgan Stanley, liderada por Josh Milberg.

Segundo os especialistas do banco americano, os principais benefícios na frente de sinergias provirão da redução das despesas com vendas, gerais e administrativas (SGA, na sigla em inglês). Também deve impactar o balanço positivamente a redução dos custos com produtos vendidos (CPV), principalmente no que tange a manutenção dos veículos e maiores descontos em compras com fornecedores de carros, por conta da maior escala.

O JPMorgan vai no mesmo caminho

“Estamos atualizando a recomendação das ações ordinárias da Localiza para overweight com base em premissas mais otimistas após a incorporação da Unidas”, explica o analista do banco Guilherme Mendes. “A companhia vem apresentando sólido desempenho operacional, apesar de ainda termos uma visão cautelosa por conta da incerteza sobre o crescimento e sobre as taxas de juros no Brasil”.

O banco afirma que já está incorporando integralmente em seus cálculos as operações das Unidas – apesar de, até então, a nova corporação ainda não ter divulgado nenhum número. “Estamos usando dados históricos relacionados a uma soma simplista dos números da Localiza e da Unidas. Uma vez divulgados os resultados do terceiro trimestre, acreditamos que a empresa deve fornecer alguns números pró-forma”, destacam.

Localiza pode surfar em combinação positiva de cenário com escala

Além de se beneficiar das sinergias provenientes da fusão, a Localiza, para o analista do JP, tem tudo para tirar vantagem também da melhora sequencial da produção de veículos.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de veículos brasileiros em 2022 deve crescer 4% na comparação ano a ano, para 2,2 milhões de unidades, com boa parte da produção centralizada entre os meses de agosto e dezembro.

“Acreditamos que os players de aluguel de carros devem ser os principais beneficiários dessa melhoria, levando em consideração a menor acessibilidade das pessoas físicas às aquisições, devido às taxas de financiamento mais altas”, explica Mendes.

A renovação da frota, no setor de locação de veículos, faz os custos com manutenção caírem.

A Localiza, ao longo de 2021, optou por aumentar a idade média do seu número total de veículos, tendo também gastado mais com consertos.

“Operacionalmente, a Localiza e a Movida (MOVI3) tiveram diferentes abordagens ao longo do ano passado, uma vez que a primeira aumentou a idade média de sua frota para níveis históricos elevados, enquanto a segunda acelerou a compra de veículos novos e renovou sua frota”, comentam os analistas do JP. “Agora, a Localiza deverá adquirir sequencialmente mais veículos, acelerando as locações diárias e atuando com uma estratégia de preços mais agressiva”.

O Morgan Stanley, nesta frente, afirma que a Localiza deve se beneficiar da sua enorme escala – uma vez que a empresa resultante da fusão tem uma frota cerca de 2,4 vezes maior do que a da Movida, que vem no segundo lugar, com participações de mercado de 50% no rent a car (RAC) e de 35% na gestão de frotas.

A Movida, ainda de acordo com os analistas, deve fornecer nos futuro próximo uma dinâmica competitiva “amigável”, uma vez que ela se encontra com um múltiplo de alavancagem elevado.

Segmento de seminovos deve ter “pouso suave”

Apesar do crescimento da produção de veículos, o banco não vê o preço de carros novos diminuindo significativamente, com o negócio de seminovos da Localiza se mantendo ainda em destaque e aterrissando “de forma suave” – após um período de margens elevadas.

“As taxas de depreciação voltam para perto da média de 4% do valor atual da frota. Acreditamos que este cenário é suportado por uma reserva de valor remanescente estimada em mais de R$ 2,5 bilhões (em termos de lucro bruto) que a nova Localiza tem em sua frota de carros decorrente do aumento de 25% nos preços dos carros novos desde 2022. Nossas expectativas são de que os preços dos carros novos não diminuam significativamente daqui para frente”, destacam.

Com a crise da cadeia de produção de veículos, as companhias de locação registraram fortes ganhos em seus negócios de revenda de seminovos, conseguindo preços altos por estes, que valorizaram.

“Nossa visão positiva também é suportada, em certa medida, pela diluição dos gastos por conta da maior escala, bem como pelo aumento da participação nas vendas de automóveis no Brasil”, fala o Morgan Stanley.

De maneira geral, por fim, os dois bancos veem que o setor de locação de veículos pode ainda crescer consideravelmente, com muito mercado a ser explorado.

“Vemos um bom potencial de crescimento de longo prazo para o setor, levando em conta o grande upside no segmento de alugueis mais longos para pessoas físicas e também avaliando a ainda baixa penetração no lado corporativo da gestão de frotas”, afirma o Morgan Stanley.

Já o JP, destaca que, apesar do ambiente econômico desafiador, as locadoras têm conseguido manter uma boa rentabilidade e repassar seus custos de capital, com demanda positiva.

Este banco, no entanto, destaca que a maior depreciação de veículos, com margens mais suaves nos seminovos, e o custo de dívida mais alto deve levar a uma desaceleração do crescimento. Isso, no entanto, não muda o fato de a companhia estar negociando a um múltiplo atrativo.

O JP subiu o preço-alvo das ações da ordinárias da Localiza de R$ 65 para R$ 76,5 (upside de 20,8% frente ao preço de abertura de hoje). O preço-alvo do Morgan, por sua vez, foi elevado de R4 66 para R$ 77 (upside de 21,6%).

Fonte:infomoney.com.br

Morgan Stanley e JPMorgan elevam recomendação e preço-alvo

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