Movida investe em tecnologia, sustentabilidade e serviço e prevê um 2023 positivo
O segmento de locação de carros tem crescido cada vez mais no Brasil nos últimos anos.
Mais especificamente, nos últimos três anos, pode se ver um aumento considerável na modalidade de aluguel de carros – tanto para viagens corporativas quanto para de lazer, impulsionada principalmente pelo aumento da passagem aérea, o “boom” de viagens nacionais, a praticidade do serviço e pelo “desprendimento” de bens matérias como carros pela nova geração.
Somente neste verão, de acordo com a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), houve um aumento de 15% na demanda de alugueis de carro, em relação ao verão passado. Em 2022, a Movida – uma das principais locadoras do Brasil, viu sua receita líquida de locação de veículos dobrar e atingir R$ 1,1 bilhão no 2T22.
Para falar um pouco mais sobre os números positivos do último ano e planejamento para 2023, o M&E entrevistou com exclusividade Jamyl Jarrus, vice-presidente de Rent a Car (RAC)/Movida, que fez um retrospecto do ano passado e explicou a estratégia da empresa para este ano.
Mercado & Eventos – Fazendo uma retrospectiva do ano passado, como você avalia 2022 para a Movida?
Jamyl Jarrus – O ano de 2022 foi muito positivo. Tanto para o corporativo como para o turismo de lazer. Nós começamos o ano com um risco maior por conta da falta de carro, que assolava toda a indústria e da terceira onda da Covid, que foi uma ameaça. Tínhamos uma oferta menor de carros, mas dentro da Movida, desenhamos uma estratégia de continuar comprando os veículos, mesmo que isso significasse pagar mais caro, mas seguimos renovando o produto que oferecíamos para os clientes.
Já no meio de 2022, chegamos com uma frota totalmente renovada e fortalecida pelo turismo de lazer, que permaneceu aquecido internamente ainda por conta da covid e da alta do dólar e euro. As pessoas que estavam viajando mesmo, continuaram viajando mais pelo Brasil. Tivemos um verão forte, as férias de julho foram excelentes.
Pode-se dizer que foi um ano bastante positivo no turismo de lazer. Já o corporativo foi bastante desafiador pois tínhamos necessidade de reajustar os preços uma vez que compramos carros mais caros. Contudo, fomos fazendo isso sem agredir a relação com os clientes. A reposição de preço é algo que era positivo e fundamental para a companhia e nas viagens corporativas, como a aviação também fez esse movimento de recomposição de preço – de uma maneira talvez mais forte, nós ganhamos ainda mais competitividade e mais clientes. Viagens que já não eram mais tão frequentes feitas de carro – como o trecho Rio / São Paulo, ou São Paulo / Curitiba, nós vimos um retorno.
Tivemos mais procura e as empresas começaram a se envolver em políticas mais voltadas para viagens de carro, algo que era mais comum a 15/20 anos atrás, mas que nos últimos anos estava mais focado no aéreo, que havia se popularizado e acessibilizado. E nós aproveitamos isso, fortalecemos nosso time de venda para o mercado corporativo e agencias corporativas, que é muito forte no País, expandimos o atendimento, crescemos mais e aproveitamos este momento favorável do mercado.
M&E – E agora falando deste ano, quais são as expectativas e ações planejadas para 2023?
Jamyl Jarrus – Acredito que a continuidade do corporativo deve ser bastante alta este ano. As empresas em qualquer cadeia produtiva precisam trabalhar muito pra repor as “perdas” da pandemia, e vejo que elas tem voltado mais rápido e mais forte. Tirando os meses que são muito produtivos para o turismo de lazer, como os meses de dezembro, janeiro e julho, acredito que todos os outros meses a expectativa é forte para a alta do corporativo.
Para isso planejamento continuar com um produto de altíssima qualidade, sempre investindo em frota nova. Temos hoje uma frota de 213 mil veículos – sendo 105 mil do RAC e 108 mil do GTF – e 228 postos de atendimento ao cliente e a ideia é continuar expandindo e investindo. O produto tá muito bom. É hoje a frota mais moderna do País. Além disso, iremos continuar apostando em serviço. Apesar de sermos referenciados em produtos (como carros), nós somos essencialmente uma empresa de serviço. Nossa aliança é serviço bom com produto de alta qualidade!
Para isso, estamos acelerando a tecnologia para que o cliente passe cada vez mais rápido pela nossa loja. Antes, o tempo médio de permanência era 15 a 20 minutos e atualmente este número abaixo para menos de 10 minutos com o check in online que implantamos. A devolução via tablet também facilitou muito a vida dos clientes – que antes levavam de 5 a 7 minutos para fazer a entrega e hoje levam menos de 1 minuto. Seguiremos apostando na tecnologia para facilitar a experiência do cliente e fideliza lós.
Temos visto uma recorrência maior. Sabemos que nesta geração, as pessoas não ficam muito presas as marcas como se via antigamente, mas quando se oferece um serviço melhor e produto melhor, a recorrência é alta e temos índices maiores que anos anteriores.
Nós somos uma empresa de muitas soluções, temos a gestão de terceirização de frotas- um produto B2B de alugueis para mais de 12 meses, temos o mesmo conceito para pessoas físicas com o Movida Zero KM, temos os seminovos – com vendas de carros novos no varejo onde a gente renova nossa frota. Oferecemos tudo para todos os públicos. Somos um conceito de solução globalizada.
M&E – Até o momento, como está a ocupação/locação de carros nesta alta temporada? Quais os destinos que mais estão em alta?
Jamyl Jarrus – Já podemos observar que as viagens para o nordeste e sul estão bem aquecidas. Destinos como Porto Alegre, Gramado e Canela possuem ocupação alta em função do brasileiro viajando o Brasil. A gente tem um planejamento bastante forte pois temos e teremos um verão bastante chuvoso, refletindo em uma ação menor de voos. Mesmo na temporada chuvosa, vemos que todos os destinos estão fortalecidos. Há um equilíbrio de distribuição de demanda favorável.
M&E – Qual a perspectiva do cenário atual e futuro do segmento?
Jamyl Jarrus – O futuro é difícil de prever, mas para os próximos anos, na nossa visão, teremos uma cultural mundial de locação de carros cada vez mais fortalecida. Nós crescemos muito nos últimos 20 anos mas ainda é pouco. Se comparado a mercado como França, Portugal e Itália, temos um mercado no Brasil que ainda é pouco penetrado. Queremos aumentar esta penetração no País, se apoiando ainda mais nesta geração mais desprendida a pose. Cada vez mais, os jovens tem menos interesse em ter a compra do bem – até pela facilidade que se é oferecido serviços de transporte hoje.
Se você precisar de um carro para amanhã, você pode alugar, resolver sua vida, ou continuar utilizando aplicativos de transporte…Esta nova geração tem cada vez mais fortalecido o consumo do aluguel de carro e da multimodalidade. Ninguém está preso a uma forma de deslocamento só. E nós percebemos isso como indústria. Até mesmo as grandes montadoras do Brasil já anunciaram programas de aluguel de carro/carro por assinatura. Na Movida, nós temos também: o Movida Zero KM. Já faz parte deste aculturamento.
Ou seja, temos a cultura jogando ao nosso favor e a não penetração jogando a favor, então o cenário é positivo.
M&E – E nas questões de tecnologia e sustentabilidade? O que a empresa tem feito neste quesito?
Jamyl Jarrus – Para 2023, a ideia é dar mais praticidade para o nosso portal das agências corporativas. Temos vindo com um novo formato que deve sair ainda no primeiro semestre para o B2B. E vem mais potente em ferramentas. Teremos um olhar mais para o corporativo, uma vez que já temos dois grandes movimentos na pessoa física nos últimos anos. Agora, faremos um movimento substancial no corporativo.
Na parte de sustentabilidade, temos renovado a chancela dos nossos programas de sustentabilidade. Em 2019, fomos a primeira locadora de capital aberto no mundo a oferecer um programa de sustentabilidade. Hoje, descarbonizamos qualquer locação dos nossos carros por apenas 2 reais – desde antes da pandemia nós já ofertávamos isso para o corporativo e para o público final e a gente segue fortalecendo isso. Nós apostamos em diversas parcerias e ações voltadas para a sustentabilidade. E temos uma frota de mais de mil carros elétricos no brasil, além disso, 95% da nossa frota é bi combustível.