Muita demanda, pouca oferta nas locadoras

Em 2022, a tendência continua de muita demanda e pouca oferta, principalmente com o boom de viagens

 

No ano passado, quando as viagens domésticas e de carro voltaram a ser levemente retomadas, o setor de locação mostrou bons desempenhos, mas enfrentou dificuldades: a falta de carros nas montadoras e, consequentemente, nas locadoras. Para quem quisesse viajar nos feriados ou fim de ano, era preciso fazer reservas com bastante antecedência ou corria o risco de ficar sem.

Mais de um ano depois, o mercado enfrenta o mesmo problema. Há procura, há pessoas querendo alugar automóveis para viajar, porém há também escassez. E, segundo o presidente do Conselho da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), Paulo Miguel Junior, o segmento automotivo ainda vai passar por uma (outra) crise séria em 2022, com uma normalização da entrega de insumos para a fabricação de veículos, como os semicondutores (em falta para diversas indústrias), somente em 2023.

“O que temos visto de produção de semicondutores pelo mundo é que estão trabalhando com 100% das operações, mas a demanda está muito grande. Estes chips são usados em diversos produtos – principalmente no setor de eletrônicos –, os contratos com as empresas são sigilosos, não sabemos o volume e se estão entregando a quantidade acertada. São muitas dúvidas a respeito, mas pelo que tenho visto e analisado no cenário, não acredito que a produção completa de automóveis será retomada tão cedo”, explica Miguel Junior.

Em todo 2020, as locadoras compraram mais de 360 mil automóveis.

Até setembro deste ano, já foram adquiridos 310.561 veículos e a previsão é que este número chegue em 380 mil até o fim de 2021. Analisando o que ficou represado e a quantidade que seria necessária, a previsão de compra seria de 800 mil veículos, mas já no começo do ano foi possível prever que esse número não chegaria a 450 mil. O ponto positivo é que o volume de compra já tende a ser maior que no ano passado.

TURISMO

Em abril e maio de 2020, no início da pandemia de covid-19, foi registrada uma queda de 90% na locação de veículos para viagens de lazer e a negócios. A retomada aconteceu em “V” e o momento atual é de uma demanda bem acima da oferta – vide o problema de entrega de automóveis por parte das montadoras. “A procura é muito acima da oferta, principalmente em feriados e agora para o fim do ano. O número de veículos que as locadoras possuem, além dos que chegarão até lá, não será suficiente para suprir a demanda. Teremos mais um final de ano sem carros nas companhias, como foi no ano passado. Mas não há muito a fazer, isto está relacionado à falta de entrega de carros para as locadoras”, pontua.

FROTA

O setor de locação, hoje, possui uma frota de 1,07 milhão de veículos. O que representa um aumento em relação ao pouco mais de 1 milhão de automóveis registrados no ano passado. A montadora que mais vendeu para as empresas locadoras em 2021, considerando até setembro, foi a Fiat, com mais de 105 mil automóveis e comerciais leves.

Outro problema que o segmento enfrenta, além da falta de carros, é a idade média de frota. Antes da pandemia, os veículos possuíam cerca de 14 e 15 meses, agora, estão chegando a 23 meses. Isso acaba pesando para o setor e, segundo Miguel Junior, era algo que não acontecia há muito tempo no mercado. “Temos de lembrar que estamos vivendo um momento de exceção.”

A idade do carro acaba, também, impactando diretamente no consumidor que, geralmente, prefere alugar veículos mais novos.

“Não é algo que agrada o cliente. As pessoas estavam acostumadas a pegar carros mais novos. E elas têm reclamado na hora de alugar veículos um pouco mais rodados. Mas realmente não tem alternativa para contornar isso”, afirma.

PEQUENAS E MÉDIAS LOCADORAS

Para as locadoras de pequeno e médio portes a situação é ainda mais complicada. Com a pouca oferta na produção, as montadoras têm dado preferência para as grandes empresas que têm contratos de fornecimento assinados há tempos. Essas, têm recebido veículos mensalmente.

“Algumas montadoras estão entregando agora pedidos ainda do ano passado às locadoras menores, que compram de acordo com a demanda. Essas companhias já tinham uma frota com idade um pouco maior que as grandes locadoras. E, agora, estão ultrapassando muito a idade de um automóvel de locação. E não há perspectiva de melhora”, conta Miguel Junior.

Empresas deste porte tiveram pedidos de dezembro de 2020 sendo entregues em agosto deste ano, por exemplo. E, segundo o presidente do Conselho da entidade, não eram encomendas grandes. Era algo em torno de dez carros. “Elas estão sofrendo porque não conseguem receber nenhum veículo. E isto prejudica muito o desenvolvimento das locadoras pequenas, abrindo espaço para as grandes. Por isso o mercado se preocupa com consolidação.”

MOTORISTAS DE APP

Outro braço deste setor e para onde muitos dos veículos das locadoras vão são os aplicativos de mobilidade urbana e economia compartilhada, como Uber e 99. Antes da crise do novo coronavírus, no ano passado, 200 mil automóveis foram alugados para os motoristas de app.

Com a pandemia, em abril e maio de 2020, a Abla registrou uma queda de 80% na locação. A retomada aconteceu a partir do segundo semestre do ano passado. E foi categorizada em “V”, assim como aconteceu no setor de viagens e Turismo. O momento atual é de devolução de 30 mil veículos em função dos preços exorbitantes dos combustíveis. Não está fácil para quem quer alugar para viajar a lazer, a negócios. Ou para quem precisa do automóvel alugado para trabalhar. Em 2022 a tendência continua de muita demanda e pouca oferta, principalmente se o boom de viagens se confirmar. Resta aguardar como todos os elos desta cadeia se comportarão.

panrotas.com.br

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