O que o compliance pode oferecer às locadoras de veículos?
2017 foi o ano de difundir o tema compliance e semear uma cultura de conformidade nas organizações brasileiras. Além de tratar de assuntos como transparência e ética, um ponto fundamental – mas poucas vezes destacado – a respeito da importância do compliance para as empresas é a sua visão de riscos, isto é, as incertezas que podem desviá-lo de alcançar seus objetivos.
Por que Compliance é para você também?
O segmento de locação de veículos possui riscos bastante característicos. Ao aprofundar um pouco mais na operação, fica evidente a quantidade de partes envolvidas e variáveis inerentes ao negócio. Não se trata apenas de locar automóveis, mas também de gerenciar frotas, desenvolver tecnologias e até mesmo revender os veículos a fim de diversificar um portfólio de serviços de forma inteligente. A interação com concessionárias, fabricantes, aeroportos, parceiros e clientes pessoa física e jurídica é ampla e constante. Isso faz com que a exposição a riscos vá desde uma pessoa que aluga um carro e furta um componente, passando pela possível emissão de notas fiscais irregulares a um contrato com a administração pública que passa a ser investigado por suspeitas de corrupção.
Vai além de negócios com a administração pública
Muitas empresas ainda entendem que a implementação de iniciativas de compliance e integridade restringem-se àquelas que participam de licitações. Na realidade, a tendência é que esse tipo de controle se estenda a todo tipo de organização, inclusive às que não tem grau relevante de interação com a administração pública. Atualmente, a Lei Anticorrupção (12.846/14) “dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira”. Significa dizer que um ato de corrupção pode ser entendido como a simples promessa de um favorecimento a um agente público, ainda que não venha a se concretizar, gerando consequências de imagem, judiciais e financeiras, como uma possível multa que varia de 0,1% a 20% do faturamento.
A mudança é agora
Sabemos que ainda resistem muitos hábitos anteriores a esse novo cenário focado em transparência e integridade. No entanto, essa evolução é inevitável e já visível em empresas como Siemens, Petrobras, Odebrecht e Volkswagen, que foram obrigadas a fortalecer suas iniciativas de compliance.
O preço de não controlar
De acordo com uma pesquisa da Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), até 5% do faturamento de qualquer empresa é perdido com fraudes – embora nem sempre isso seja de conhecimento dos gestores. Na origem da detecção desse tipo de desvio estão as denúncias feitas por funcionários das próprias organizações. Coincidentemente (ou não), um dos requisitos de um bom programa de compliance é a efetividade do canal de denúncias, que deve ser acessível a todos os envolvidos, internos e externos à empresa.
Outro levantamento realizado pela auditoria e consultoria internacional KPMG com aproximadamente 750 fraudadores concluiu que uma das maiores razões pelas quais os indivíduos fraudam nas empresas é a falha dos controles em seus processos. Sabemos que muitos processos perfeitamente desenhados não serão seguidos se não houver um acompanhamento.
Quão preparado está o seu negócio?
Você tem total visão do que está acontecendo dentro da sua empresa? De que forma tem dedicado esforços a fim de prevenir e detectar fraudes, corrupção e outros ilícitos? O compliance pode ser uma importante ferramenta nesse contexto, e o compliance moderno tem uma perspectiva mais executiva, que compreende que o principal propósito de uma empresa não é simplesmente atender a uma legislação, mas sim assumir riscos de forma consciente e eficaz.
Compliance não é só da porta para fora, é também a garantia que o seu negócio opera como é suposto e como foi planejado.
Você tem desafios na sua empresa em que o compliance possa ajudar? Escreva para mim: [email protected]
Autora: Letícia Sugai Rocha, especialista em compliance e gestão de riscos corporativos, sócia fundadora da Veritaz Consultoria, diretora do Instituto Paranaense de Compliance.