RS: estudantes buscam investimento para aluguel de carros
Imagine alugar um carro por menos de R$ 25 e se deslocar pela cidade sem se preocupar com estacionamento ou com posto de combustível. E sem poluir o meio ambiente. Isso pode se tornar realidade em Porto Alegre ainda neste ano, graças ao projeto de Cezar Reinbrecht e Gerson Scartezzini, estudantes de doutorado e mestrado em Ciências da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e de Lucas André de Paris, mestrando em Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A ideia é disponibilizar veículos elétricos para trajetos curtos por meio de um software que cadastra o usuário, libera o veículo e reserva um estacionamento na estação de destino.
O programa também estimula o compartilhamento dos veículos, identificando dois usuários que queiram fazer o mesmo trajeto. O preço da viagem também fica mais barato em caso de carona, já que o valor mínimo do aluguel será de R$ 24 para um usuário ou de R$ 20 se o condutor aceitar compartilhar com outra pessoa. “Se os dois dividirem o valor, o aluguel custa R$ 10 para cada um”, explica Lucas.
O projeto criado pelos estudantes tem parceria da UFRGS e da prefeitura de Porto Alegre, mas ainda está buscando investidores. No final de 2014, devem ser disponibilizados 20 carros que farão o trajeto entre duas estações, ligando dois campi da universidade. O projeto inicial previa a importação de veículos elétricos da Espanha, mas os estudantes estão analisando alternativas de projetos nacionais que adaptam o motor a gasolina para o sistema movido a eletricidade, que seriam muito mais baratas. Para definir qual será o carro utilizado no sistema, eles têm que considerar também o tempo de fabricação desses veículos e a quantidade de investimentos que vão conseguir levantar.
Iniciativas como essa buscam amenizar problemas de trânsito nas cidades. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem um campus inteiro dedicado ao estudo da mobilidade. O Centro de Engenharias da Mobilidade concentra oito cursos de graduação na área de desenvolvimento de veículos e de sistemas de transporte. O modelo adotado nesses cursos privilegia a integração entre os conhecimentos, segundo o diretor do centro, professor Luis Peres Calil. O aluno presta vestibular para o Campus Joinville e, nos primeiros dois anos de curso, todos recebem a mesma formação básica. Depois desse período, eles podem optar por uma das especialidades: Engenharia de Infraestrutura, de Transportes e Logística, Naval, Aeroespacial, Automotiva, Ferroviária e Metroviária ou Mecatrônica.
Para o diretor, durante a primeira parte da graduação, os alunos se integram e aprendem a ter uma visão ampla de todos os meios de transporte. “A solução para a mobilidade urbana sempre acaba na intermodalidade”, diz. Segundo Calil, para que exista eficiência na mobilidade, é necessário a utilização de vários modais e eles precisam estar interligados.
Baseados nessa integração, desde 2009, os alunos do centro criam modelos de simulação de tráfego e pesquisam veículos com maior eficácia energética, além da projeção de trajetos urbanos que utilizem diferentes meios de transporte.
Triciclo dobrável
A intermodalidade também foi contemplada no projeto da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Pensando em criar um veículo para ir de casa até a parada de ônibus ou até a estação de trem, os alunos desenvolveram um triciclo elétrico dobrável em 2013. O Cubo, como foi batizado, foi premiado na primeira fase da Global Vehicle Development Project 2013, uma competição de projetos internacionais promovida pela General Motors em Pasadena, nos Estados Unidos. O protótipo funcional do triciclo será desenvolvido até o mês de julho de 2014, e será apresentado na segunda fase da competição, que será na cidade de Turin, na Itália. Segundo o coordenador do projeto, o professor Marcelo Alves, para criar o Cubo os alunos investigaram qual o maior volume que pode ser carregado pelos usuários de sistemas como o metrô e os trens urbanos e criaram o triciclo de modo que respeitasse essa capacidade.
O Cubo foi um trabalho conjunto de 15 alunos da USP e de estudantes dos Estados Unidos, China e México. O objetivo do projeto é oferecer mais uma alternativa para o transporte público, que pode se desenvolver tanto no formato de compartilhamento, com estações onde seriam alugados os triciclos, como para uso individual. A principal motivação dos alunos é ter uma participação real na solução de um problema que afeta todos que é a mobilidade urbana. Uma das motivações de quem estuda engenharia é resolver problemas e um dos maiores que temos em escala global é a mobilidade urbana, declara Marcelo.
Eletroposto na USP
A USP também estuda a eficácia de veículos não poluentes. Em 2013, a universidade instalou no campus Butantã o primeiro eletroposto para recarga de carros elétricos do País capaz de carregar as baterias em 15 minutos. Segundo o professor Aquiles Basso Grimoni, que ficou responsável pela análise de dados na pesquisa dos eletropostos, o objetivo do projeto era avaliar o impacto causado pelas recargas na rede elétrica e monitorar o desempenho dos veículos. Mediante cadastro, os proprietários de veículos elétricos da cidade de São Paulo podem fazer a recarga no posto de graça. Segundo o professor, antes da Eletropaulo instalar outros postos de recarga rápida na cidade, os táxis recaregavam na universidade. O eletroposto da USP possui três dispositivos, sendo um deles de recarga rápida. Esse dispositivo permite que até em 15 minutos 80% da bateria seja recarregada, enquanto que no procedimento de recarga lenta, que é feito em tomadas elétricas comuns, o tempo necessário é de oito horas em média.
Concurso premia estudantes e graduados
A Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) está com as inscrições abertas para a quinta edição do concurso Call to Innovation, que vai premiar a melhor iniciativa para resolver o problema da mobilidade urbana na cidade de São Paulo, utilizando a tecnologia. Os projetos devem ser enviados até o dia 16 de março pelo site Call to Innovation.
Podem participar maiores de 18 anos que estejam cursando alguma graduação ou que já tenham terminado o ensino superior e que sejam fluentes em inglês. O autor do projeto vencedor recebe uma bolsa de estudos para cursar o Graduate Studies Program da Singularity University, que fica dentro das instalações da NASA, nos Estados Unidos, e é conhecida como a “universidade do futuro”. O curso será realizado no período de junho a agosto de 2014.
Do Terra.