Unidas vê cenário de longevidade para valorização de carros seminovos

Menor oferta de carros zero e a elevada procura no seminovo levou a empresa a registrar um recorde no preço de venda dos seminovos no segundo trimestre deste ano

O diretor presidente da Unidas, Luis Fernando Memória Porto, apontou um cenário de longevidade para os preços elevados dos seminovos no mercado brasileiro.

“Esperamos ter mais um ou dois anos. Talvez até mais, três anos, de cenário como de hoje. Porque mesmo que se retome o carro zero, o carro usado vai ter pouca oferta, especialmente em veículos de zero a três anos de idade, que é o que nós trabalhamos”, disse, durante conferência com analistas na tarde desta terça-feira.

O executivo destacou que, para além da dificuldade de fabricação das montadoras diante da pandemia, o setor teve um ciclo de vendas em 2018, 19 e 20 com vendas abaixo do que era esperado. Esse movimento, disse, tende a gerar menos oferta de seminovos nos próximos anos com idades entre três, quatro e cinco anos.

A menor oferta de carros zero e a elevada procura no seminovo levou a Unidas a registrar um recorde no preço de venda dos seminovos no segundo trimestre deste ano, de R$ 58,3 mil por carro, crescimento de 53,3% na comparação com igual trimestre de 2020.

Porto destacou que a empresa deverá continuar recebendo uma quantidade satisfatória de carros novos nos próximos meses. Ele destacou, entretanto, que a falta de veículos no mercado é clara.

“Se hoje tivéssemos 24 mil carros a mais (backlog atual), ou estaríamos renovando a frota da terceirização, ou da locação”, disse. Ele destacou que, diante das conversas com as montadoras, a estimativa é retomar a produção ao normal no segundo trimestre do ano que vem e não no fim deste ano como era ventilado antes.

Mesmo com as dificuldades, o executivo disse que o grupo tem contratos de longo prazo com montadoras e que isso garante o número de entregas que o grupo precisa para rodar o seu negócio.

Aluguel de carros

O segmento de aluguel de carros (RAC) já conseguiu retomar suas tarifas na comparação com os níveis anteriores à pandemia, disse o diretor Rent-a-Car da Unidas, Carlos Horácio Sarquis.

Ele explicou que, na média o que tem mantido as tarifas menores na comparação geral é a composição do mix, com locações mais longas, que tendem a jogar as tarifas para baixo. “A gente acredita que de forma acelerada esse mix vai começar a convergir. A gente acredita que vai ter locação forte de curto prazo”, disse.

Segundo ele, há bastante espaço para evolução nas tarifas, uma vez que o mercado ainda carece de veículos. A empresa registrou no fechamento do primeiro semestre deste ano uma diária média de R$ 73,1, alta de 20,8% na comparação com igual período de 2020. Em todo o ano de 2019, a diária média ficou em R$ 70,9 e em 2018 em R$ 74,3.

Porto apontou também um cenário favorável para o segmento de terceirização de frota. “Sem dúvida já subiram as tarifas. Cada trimestre está aparecendo e vai continuar esse movimento”, disse. Ele destacou que a empresa não abrirá mão de sua rentabilidade e, diante do crescimento dos custos da indústria, tem repassado para o preço.

“Na nossa percepção, até o final do ano, é possível esperar altas nos negócios de terceirização de frotas”, afirmou. Ele apontou ainda que o braço de terceirização de frotas tem apresentado recordes nas vendas. “Continuaremos entregando crescimento de receita na terceirização nos patamares atuais”, disse.

Porto também adiantou que o grupo passará a ter uma nova unidade de negócios voltada ao segmento de pesados. A nova unidade se juntará aos negócios de aluguel de carros (RAC) e terceirização de frota e já fará parte dos próximos resultados. “No início deste mês contratamos o nosso head da área de pesados, Fernando Guimarães. Nossa expectativa é que nos próximos trimestres possamos divulgar pesados como unidade de negócio”, disse.

Marcas francesas

Na visão de porto, os veículos franceses deverão ganhar mais espaço no mercado brasileiro após a fusão da FCA (Fiat Chrysler) e a PSA, selada no início deste ano e que deu origem à Stellantis.

“A gente tem admiração grande pelo trabalho do pessoal da Fiat nos últimos anos no desenvolvimento de produtos e no jeito que eles administram o negócio. Tanto que aqui ela assumiu as marcas francesas e em outros lugares foi o contrário”, disse, em conferência com analistas na tarde desta terça-feira. Segundo o executivo, as marcas francesas podem se tornar players importantes com a gestão da Stellantis.

Sob o guarda-chuva estão as marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, entre outras. “Compramos alguns carros deles apostando nesse conceito. Nossa visão é sempre de médio e longo prazo. Ainda tem muito a se fazer”, disse, destacando que as marcas francesas, apesar de boas, não eram muito presentes no mercado local. O executivo foi questionado também sobre como a empresa vê compras de marcas chinesas.

No Brasil não sobrou muita marca. JAC não tem produtos muito alinhados com o nosso, CAOA faz um belo trabalho no Brasil… Nós ainda não temos marca chinesa no portfólio”, disse. Ele destacou que o grupo tem conversado com a CAOA, mas que a empresa não tem volume suficiente nesse momento. “Chinês infelizmente não temos opções no Brasil, mas os franceses, sob a gestão da Stellantis, acreditamos na evolução das marcas”, disse.

Fonte: Valor Econômico

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