Analistas estão otimistas com “efeito Uber” na Localiza e Movida
A economia de compartilhamento continua favorecendo as locadoras de automóveis. As empresas líderes do setor, Localiza, Unidas e Movida têm se beneficiado das mudanças de comportamento do consumidor em relação a compras de carros, o que deve ser evidenciado nesta terça-feira, 10. Após o fechamento do mercado, Localiza e Movida divulgam seus balanços relativos ao quarto trimestre de 2019.
A líder do segmento, a Localiza Hertz, deve divulgar lucro de 246 milhões de reais, o equivalente a um crescimento de 35% em relação ao mesmo período de 2018, segundo o banco Goldman Sachs. O crescimento deve ser impulsionado por um volume de aluguéis 28% maior que no ano anterior. A empresa também aposta na gestão de frotas corporativas e na venda de seminovos. De acordo com o Santander (que projeta lucro um pouco menor, de 230 milhões de reais), essas áreas devem registrar crescimento de 26% e 22% respectivamente.
A estratégia tem surtido efeito. Ao longo dos últimos doze meses, a Localiza teve alta de 18,7% em suas ações, que terminaram a última segunda-feira 9 custando 39,80 reais. A empresa tem valor de mercado avaliado em aproximadamente 30,07 bilhões de reais — mais que o dobro em relação às concorrentes Unidas (8,3 bilhões) e Movida (4,1 bilhões).
Apesar disso, no último trimestre, os números da companhia decepcionaram os mercados. No terceiro trimestre de 2019, a empresa de locação de veículos e gestão de frotas anunciou lucro de 204,7 milhões de reais, abaixo da previsão média de analistas — o que derrubou momentaneamente o preço de suas ações.
A Movida, que também apresenta seus resultados na tarde desta terça-feira, viu o contrário acontecer na última divulgação de balanço. Em novembro do ano passado, ela reportou lucro de 60,2 milhões de reais, superando as expectativas. Ao longo do último ano, as ações da empresa tiveram valorização de 21%.
Os analistas seguem otimistas para os resultados do quarto trimestre. O Santander estima que a companhia deve divulgar lucro de 73 milhões de reais, em alta de 46% em relação ao quarto trimestre de 2018. O volume de carros alugados por dia deve crescer 16%, mas a grande expectativa recai sobre a venda de seminovos, que tem crescimento projetado de 83%. Há também a expectativa de que a empresa consiga atingir o ponto de equilíbrio na sua operação de seminovos, prejudicada pela presença de automóveis antigos e de pouco apelo popular.
Os resultados positivos são importantes agora em que a competição pelo mercado de aluguel se estendeu também para as montadoras. A Toyota, por exemplo, entrou no ramo de locação por meio de sua rede de concessionárias, em setembro. A Volkswagen criou há dois anos a Fleet, que aluga automóveis do grupo para médios e grandes frotistas.
As montadoras cada vez mais buscam ampliar as fontes de receitas para além da locação, para melhorar as margens. Os bons resultados trimestrais das locadoras podem mostrar para os mercados que elas têm um diferencial importante na competição com grandes montadoras.
FONTE: Exame