Carros elétricos populares estão longe de serem viabilizados

Marco Aurélio Nazaré, presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), destacou que pensar no carro elétrico como uma das alternativas para as pessoas, passa por inovação, tecnologia, mudanças de hábitos e consumos.

Não é só o alto preço dos carros elétricos no Brasil que afasta os modelos da população em geral. Infraestrutura e questões tributárias também impedem que os veículos possam chegar a preços mais modestos.

As discussões sobre como massificar os modelos começam a ganhar fôlego no país, mas empresários do setor apontam que os veículos menos poluentes vão demorar, ao menos 15 anos, para que possam se tornar realmente acessíveis à população.

Em evento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ocorrido na última quarta-feira (14) em Brasília, o consultor da entidade Ricardo Bacellar afirmou que um dos desafios em massificar os modelos é entender as questões demográficas do país.

“Nós somos um país muito pobre. A casta capaz de fazer a compra de um carro elétrico é muito pequena. Quando a gente olha a pirâmide financeira e demográfica do país é um grande desafio. Mas, para a gente descer e massificar, precisa entender a cabeça dos consumidores e como viabilizar isso. Porque aí a compra vai deixar de ser emocional e passa a ser racional”, disse durante o evento.

Carros elétricos populares estão longe de serem viabilizados

Marco Aurélio Nazaré, presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), destacou que pensar no carro elétrico como uma das alternativas para as pessoas, passa por inovação, tecnologia, mudanças de hábitos e consumos.

“Temos tudo para a quatro mãos, a iniciativa privada e o governo, construirmos uma plataforma de desenvolvimento tecnológico. Com escala de produção e, num futuro, pensando em exportação. Tudo isso para estarmos preparados para um mercado consumidor que virá rapidamente”, pontuou.

Uma das estratégias do setor é provocar o governo para distribuir mais totens de recarga pelo país e avançar na reforma tributária em trâmite no Congresso Nacional. Especialmente no que diz respeito a impostos estaduais. Outro ponto comentado em bastidor é fazer com que as montadoras possam migrar para veículos que sejam totalmente elétricos.

Atualmente, o mercado nacional aposta em automóveis híbridos como forma de reduzir as emissões de CO2.

No entanto, os modelos possuem dois motores: um elétrico e outro de combustão, o que, além de ser mais poluente que o elétrico, deixa os preços mais altos.

Há ainda a questão dos preços das baterias dos carros elétricos, que corresponde a 60% dos valores dos veículos. Explicou Fábio Rua, vice-presidente da General Motors no Brasil.

Porém, segundo ele, a tecnologia tende a baratear nos próximos anos. O que poderá deixar os preços menores. E, pelo menos para a marca, aproximar o elétrico ao valor do carro mais barato da GM, que atualmente está em R$ 72 mil. Assim, a previsão dele é que os valores comecem a ficar mais atrativos em até cinco anos.

“O carro elétrico é um carro de nicho. Além disso, 60% do carro é a bateria dele, que é cara. Mas, nos próximos meses serão apresentadas baterias mais baratas que vão fazer os preços caírem. Além disso, tem que ter políticas claras, e aumentar as fábricas de carros elétricos no Brasil. Atualmente, o volume de importação é baixíssimo. E se for restringido de alguma forma pelo governo, o mercado não se cria para que possa haver justificativa para fazer escala”, explicou Rua. Acrescentou que a marca deve apresentar novos modelos de carros elétricos com variação de preços nos próximos meses.

No entanto, o governo ainda não embarcou completamente na empreitada.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que a ideia é avançar no debate. Mas disse apenas que a proposta ainda será construída. Nesta quarta-feira, ele afirmou que a Anfavea será uma das integrantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), onde será possível “construir juntos as melhores soluções”.

No painel da Anfavea sobre massificação, o gerente do departamento de inovação e indústria do BNDES, Bruno Plattek, afirmou que o Banco pensa em instrumentos de incentivo para postos de recarga. E que, neste momento, os principais incentivos giram em torno de ônibus elétricos, não de carros.

É muito bacana que o setor tenha visão de futuro sobre multiplataforma e novas tecnologias. O Banco vai se engajar no apoio aos pilotos de ônibus elétricos. (…) O recado que fica é que o BNDES tem se organizado em sua estratégia. E que a descarbonização é a missão do banco”, disse. Ele ainda afirmou que há possibilidades de financiamento de carros elétricos, mas não especificou como isso poderia ser feito.

Congresso avança em propostas

Apesar dos carros elétricos ainda não estarem em jogo, parlamentares tentam avançar na popularização do modelo por meio dos ônibus elétricos. O Gabinete Compartilhado, que reúne senador e deputados, aproveitou a Medida Provisória 1.175/23 do governo, que dispõe sobre incentivos federais para baratear carros populares, e apresentou emenda que prevê desconto adicional para veículos elétricos de passageiros.

A proposta dos parlamentares prevê descontos destinados aos ônibus, que terão um adicional de 50% de redução em seu valor. Nesse caso que sejam movidos totalmente a energia elétrica. A ideia é incluir um critério de sustentabilidade, e também estimular o uso desses veículos, ainda muito caros no Brasil.

O texto da Medida Provisória será debatido em uma comissão mista do Congresso. Será composta por deputados e senadores, e a decisão de aceitar ou não as emendas sugeridas caberá ao relator. A medida perderá a validade em 120 dias.

 

Fonte: agazetanews.com.br

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