Empresas altamente endividadas sentem o impacto da alta da Selic

Empresas altamente endividadas sentem o impacto da alta da Selic

O recente ciclo de alta da Selic, iniciado em setembro, está trazendo desafios para diversas empresas que dependem de financiamento no mercado de dívida. Setores como locadoras de veículos, varejo alimentar, têxtil, hospitais e laboratórios, conhecidos por sua alta alavancagem, são os mais vulneráveis ao aumento das despesas financeiras. Embora o impacto desta vez deva ser menor do que o observado em 2021, ainda assim, o cenário preocupa analistas e gestores.

Setores mais alavancados sob pressão

A elevação da taxa básica de juros (Selic) afeta diretamente o custo das dívidas para empresas que utilizam empréstimos e financiamentos como parte de sua estratégia de crescimento. Em 2021, a Selic saltou de 2% para 13,75% em pouco mais de um ano, criando um ambiente desafiador para companhias endividadas. Agora, com a nova alta, o mercado volta a observar como essas empresas lidarão com o aumento das despesas financeiras.

Dentre os setores mais impactados, destacam-se as locadoras de veículos, varejo alimentar e têxtil, além de hospitais e laboratórios. Estas empresas, que já enfrentam um alto nível de alavancagem, devem sentir ainda mais o peso dos juros elevados.

Preparação antecipada de algumas empresas

Apesar dos desafios, muitas companhias conseguiram se antecipar a essa nova fase. Algumas empresas acessaram o mercado de capitais recentemente, emitindo novos títulos de dívida com spreads menores e prazos mais longos. Essa estratégia ajudou a trocar dívidas mais caras por opções de financiamento mais vantajosas, reduzindo o impacto de curto prazo da alta da Selic.

Segundo Vivian Lee, gestora e sócia da Ibiuna, essa antecipação foi crucial para aliviar parte da pressão financeira. “Uma parte das empresas trocou dívidas por spreads menores, então não há um grande problema no curto prazo para rolar essas dívidas. Mas, para quem já está em uma situação delicada, o aumento dos juros é preocupante”, afirma Lee.

Alerta para investidores

Um relatório da SWM alerta que, em setores mais cíclicos, a alavancagem tende a aumentar ou, no melhor cenário, estabilizar, devido ao aumento das despesas financeiras. Odilon Costa, estrategista de renda fixa e crédito privado da SWM, ressalta que os investidores precisam ser mais cautelosos ao avaliar a relação risco-retorno desses ativos. “A situação de crédito de alguns emissores ficou mais desafiadora com a alta da Selic, e é essencial que os investidores acompanhem de perto o desempenho dessas empresas”, afirma Costa.

O atual ciclo de alta dos juros serve como um lembrete de que, embora o cenário econômico esteja mais controlado em comparação a 2021, as empresas endividadas ainda enfrentam riscos significativos.

Empresas altamente endividadas sentem o impacto da alta da Selic.

Imagem: Freepik 
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