Locadoras se preparam para demanda de blindados na COP30
A menos de três meses da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém, a demanda por veículos blindados começa a ganhar destaque na capital paraense. Locadoras locais e empresas especializadas já sentem os efeitos da procura aquecida por parte de delegações, chefes de Estado e representantes do setor privado que estarão na cidade em novembro. A expectativa do setor é de alta nos preços e nas contratações até os últimos dias antes do evento.
A segurança dos chefes de Estado e representantes de alto escalão que participarão da COP 30 será coordenada por um plano liderado pelo Governo Federal. Terá o apoio das Forças Armadas e de órgãos como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
Segundo o secretário-executivo da COP 30 pela Prefeitura de Belém, André Godinho, a responsabilidade pela oferta de veículos blindados, no entanto, recai sobre o setor privado.
“Não é uma demanda da Prefeitura, nem uma exigência nossa. O que temos feito é encaminhar as empresas interessadas para embaixadas e delegações que procuram esse tipo de serviço”, explicou Godinho.
Segundo ele, algumas locadoras locais firmaram parcerias com empresas especializadas de fora do estado. Como, por exemplo, de São Paulo, para oferecer a estrutura necessária durante o evento.
Frota reforçada e preços aquecidos
Com 32 anos de atuação no mercado, uma locadora no bairro do Umarizal afirma já estar sentindo o impacto da COP 30. A empresa, que tradicionalmente oferece carros blindados com motorista, registrou aumento significativo na procura.
“A demanda com certeza está bem aquecida. Já temos contratos fechados e ainda há muita procura. O mercado se movimentou com força”, afirma Sílvio Dias, gerente comercial da empresa.
Para atender ao fluxo de clientes de alto perfil, a empresa ampliou sua frota de blindados de 15 para 25 veículos. A diária para esse tipo de serviço, que inclui motorista e combustível, parte de R$ 5 mil, podendo variar conforme o modelo do carro. Segundo Dias, o valor sofreu reajustes devido à alta demanda.
“Não adianta comprar desesperadamente porque o mercado pós-COP é incerto. É uma preocupação geral no setor. Então, a gente se preparou, mas com cautela”, disse.
Soluções alternativas: sublocação e parcerias
Enquanto algumas empresas já operam com frota própria, outras buscam alternativas para aproveitar a oportunidade gerada pela COP 30. É o caso de uma locadora no bairro da Pedreira, que ainda não trabalha com veículos blindados, mas possui autorização do Exército para operá-los, caso surja demanda.
“Existe a viabilidade de sublocarmos de terceiros, inclusive de paraenses que tenham blindados e queiram alugar. Não temos frota própria ainda, mas estamos prontos para aproveitar a oportunidade, desde que com veículos em boas condições e com os requisitos de segurança exigidos”, explicou Keila Eleutério, supervisora da locadora.
Apesar da efervescência momentânea, as empresas estão conscientes de que a demanda por blindados é pontual e devem calcular o investimento.
O perfil do cliente ao longo do ano — geralmente artistas, empresários e autoridades — não justifica uma frota tão robusta como a exigida para um evento global.
“A gente sabe que esse mercado fora de grandes eventos é restrito. O investimento é alto e a reposição é difícil, então estamos trabalhando com equilíbrio”, conclui Sílvio Dias.
Oferta limitada de carros blindados em Belém
A oferta de carros blindados em Belém enfrenta limitações para atender a COP 30, segundo Ricardo Braz, presidente do Sindicato das Empresas de Veículos Rodoviários do Estado do Pará (Sindiloc-PA). Ele explica que “a frota de carros blindados em Belém é pequena, acontece que, às vezes, as locadoras sublocam carros de pessoas particulares para cobrir essa falta de veículos blindados no estado”. Segundo Braz, atualmente, o número de veículos disponíveis na capital não chega a 100, e algumas locadoras estão comprando ou adaptando blindados para atender ao evento.
O sindicato afirma que a demanda pelo tipo de veículo já aumentou, especialmente por delegações internacionais. Braz ressalta que “as locadoras realmente não estão querendo se comprometer, com o receio de não conseguir atender o quantitativo que a COP 30 e as responsabilidades que a organização da conferência exigiu, sob risco de penalidades”. A maior parte das empresas optou por abrir mão de contratos diretos com o evento, por não conseguirem cumprir as exigências de entrega e prazos previstos.
Para suprir a demanda, algumas locadoras negociam diretamente com empresas que prestam serviços para a COP 30 ou com delegações estrangeiras, sem intermediação da organização. No entanto, mesmo com essas articulações, a frota disponível no estado é insuficiente para atender cerca de 180 delegações esperadas. O Sindiloc-PA reforça que as locadoras locais não têm estrutura para um atendimento em grande escala. Assim, a maior parte dos veículos terá de ser trazida de outras unidades da federação.