Montadoras alemãs exploram novos nichos no Brasil

Montadoras alemãs exploram novos nichos no Brasil.  Locação de veículos comerciais, um nicho pouco explorado no Brasil, vai receber parte do aporte da Mercedes-Benz.

Só Mercedes-Benz e Volkswagen vão aplicar mais de R$ 16 bilhões no País

A indústria automotiva brasileira viveu períodos sombrios nos últimos anos. Além dos efeitos da pandemia nos negócios, a baixa rentabilidade das marcas na região e o Custo Brasil motivaram decisões que resultaram no fechamento de fábricas e de milhares de postos de trabalho, como foi o caso do encerramento da produção da Ford no País, em 2021.

Nas últimas semanas, no entanto, o setor tem apresentado sinais de recuperação. Ou melhor, de aumento da confiança.As montadoras confirmaram mais de R$ 25 bilhões em investimentos no mercado nacional até 2028. Destaque para as alemãs Mercedes-Benz e Volkswagen, que, juntas, vão aplicar mais de R$ 16 bilhões no País. As decisões são motivadas pela estabilização da economia, diante da queda da inflação e dos juros, além da chegada de concorrentes chinesas ao País, como BYD e GWM.

O investimento mais recente foi revelado na terça-feira (6) pela Daimler Truck Financial Services (DTFS), braço financeiro do Grupo Daimler Truck. Com aporte de R$ 20 milhões, a companhia revelou a entrada no mercado de locação de veículos comerciais no Brasil por meio da nova empresa, Daimler Truck Locações e Serviços. O novo produto chama-se Mercedes-Benz Locações Caminhões e Ônibus. O objetivo é ampliar os negócios da DTFS no País e tem como foco inicial os pequenos, médios e grandes frotistas.

Aluguel para PJ

O novo negócio de locação tem previsão inicial de disponibilizar aos clientes 100 unidades em três modelos de caminhões on road — Accelo, Atego e Actros — e oferecerá aluguel a partir de três unidades para pessoas jurídicas, com prazos de 36, 48 e 60 meses. Além disso, inclui gerenciamento de frota, documentação e multas, planos de manutenção nas concessionárias da marca. Até o final deste ano, a expectativa é atender a demanda de 200 unidades.

A iniciativa segue uma tendência mundial. De acordo com Hilke Janssen, presidente e CEO do Banco Mercedes-Benz e da Daimler Truck Locações e Serviços, a locação de veículos comerciais é um mercado que corresponde por apenas 2% da frota circulante de veículos pesados no Brasil, enquanto que em países como Estados Unidos esse número chega a 25%. “Na Europa o aluguel de caminhões já existe há mais de 30 anos.”

Outros fabricantes de veículos comerciais instalados no País já criaram empresas com a mesma finalidade. São os casos, por exemplo, da VW Rental Truck, da Locadora Volvo e da Scania Locação.

Na visão de Achim Puchert, presidente da fabricante de veículos comerciais Mercedes-Benz do Brasil & CEO América Latina, o produto Mercedes-Benz Locações Caminhões e Ônibus chega em excelente momento ao mercado brasileiro. “A economia está expandindo com avanços no agronegócio, mineração e varejo, setores impulsionados por novos programas do governo, pelo encaminhamento da Reforma Tributária e por expectativas de taxas de juros mais baixas a partir deste ano.”

Na semana passada a Mercedes-Benz já havia anunciado outras novidades entre os caminhões para 2024.

• Dentre os lançamentos está a renovação da linha Atego, que abrange veículos médios e semipesados para transporte rodoviário e urbano, como também extrapesados para aplicações severas da construção civil, agropecuária e operações fora de estrada.

•Em extrapesados tiveram início as vendas do Actros 2553 6×2 com motor de 530 cavalos e do Arocs 3353 S 6×4 versão cavalo-mecânico com motor de 530 cavalos. Os preços partem de R$ 500 mil na linha Atego e alcançam R$ 1,5 milhão na Arocs.

Os novos modelos servem de arma na estratégia da Mercedes de alcançar a liderança do mercado de caminhões no País. A bandeira obteve 25,19% de participação no ano passado, com 26.236 exemplares emplacados, colada na líder Volkswagen, com 25,94% (27.015). E a disputa seguiu acirrada no primeiro mês deste ano. A Mercedes emplacou 1.882 unidades (23,55%), contra 1.833 (22,93%) da concorrente.

“A Volkswagen reafirma a sua confiança no Brasil e mais do que dobra seus investimentos para R$ 16 bilhões. Vamos lançar 16 novos veículos, incluindo híbridos, 100% elétricos e total flex.”

Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil

CARROS

Já a alemã Volkswagen anunciou na quinta (1) o investimento de R$ 9 bilhões no País entre 2026 e 2028, além dos R$ 7 bilhões que estão sendo aplicados desde 2022 com prazo até 2026. A empresa lançará 16 novos veículos de passeio até 2028, incluindo modelos híbridos, 100% elétricos e total flex.

No primeiro momento, o novo aporte contempla o desenvolvimento e a produção de projetos com foco em descarbonização para as quatro fábricas da Volkswagen do Brasil:
• São Bernardo do Campo (SP),
• Taubaté (SP),
• São Carlos (SP),
• São José dos Pinhais (PR).

Serão quatro novos veículos, sendo uma picape, um motor mais eficiente para veículos híbridos e uma nova plataforma.

“A Volkswagen reafirma sua confiança no Brasil e mais que dobra seus investimentos para R$ 16 bilhões. Vamos lançar 16 novos veículos até 2028, incluindo modelos híbridos, 100% elétricos e Total Flex”, afirmou Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil. “O novo aporte contempla o desenvolvimento e a produção de projetos inovadores e com foco em descarbonização para as quatro fábricas da Volkswagen no Brasil.”

RESULTADOS

A Volkswagen foi a marca que mais cresceu em volume de vendas (29,5%) no País no ano passado. Segundo a Fenabrave, a bandeira emplacou 345 mil unidades entre carros de passeio e comerciais, quase 80 mil a mais na comparação anual. O resultado significa 15,8% de participação no mercado, com a vice-liderança consolidada, atrás da Fiat (21,82%).

Se considerado apenas o segmento de passeio, a Volks saltou do terceiro (15,20%) para o primeiro lugar (16,87%) entre 2022 e o ano passado. Além disso, o Polo se consolidou na última temporada como o carro da categoria mais vendido do País: foram 111.247 unidades emplacadas. A marca também foi líder de vendas entre os SUVs, com o T‑Cross, com 72.445 exemplares.

CONCORRÊNCIA

A GM anunciou o seu novo ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões até 2028, o que inclui o lançamento de seis veículos ainda este ano e a renovação de todo o portfólio até o fim do ciclo. A marca também afirmou que modelos eletrificados, sem revelar se serão híbrido ou elétrico, fazem parte dos planos.

Em novembro, a Nissan confirmou um investimento adicional de R$ 1,5 bilhão. No total, serão R$ 2,8 bilhões aportados em sua planta em Resende (RJ) entre 2023 e 2025. A Renault também destinou R$ 2 bilhões para o Brasil com prazo final até 2025.

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