Negócio entre Unidas e Localiza volta a ser criticado por concorrentes no Cade
O negócio entre as duas maiores locadoras do país está sob avaliação do órgão antitruste.
Já a Localiza também enviou, na sexta-feira, parecer ao órgão. Mas sinalizando estar de acordo com a avaliação da Superintendência-Geral do Cade. Que deu aval para a incorporação, mediante alguns remédios. Considerados pouco amargos pelas concorrentes e até pelo mercado.
Desta vez, o parecer enviado pela Ouro Verde é de Afonso Arinos Neto, PhD em Chicago e professor da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro. “A operação só pode ser incondicionalmente impugnada”, avalia o especialista. Apontando prejuízos concorrenciais diante da incorporação, que unirá as duas maiores locadoras de automóveis do país. A Ouro Verde, quarta maior, foi adquirida em 2019 pela investidora global Brookfield.
Arinos argumenta que a Localiza está comprando justamente quem rivaliza com ela. De modo a destruir a concorrência atual e potencial. A constatação vai na mesma direção do que disse a Movida. Terceira maior locadora do país, em um parecer encaminhado ao Cade em agosto. Segundo a locadora, Localiza e Unidas são as rivais mais próximas e de menor preço no mercado nacional – entre 11% e 14% menor do que a Movida.
A Localiza, em novo parecer, defendeu o seu negócio.
A líder destacou que, após o envio de 149 ofícios a terceiros e a apreciação dos argumentos e diversos estudos, o parecer da SG foi publicado em 09 de setembro. Com recomendação de aprovação da operação mediante Acordo em Controle de Concentrações (ACC).
“As Requerentes entendem que a proposta de ACC apresentada a este Tribunal é suficiente para remediar adequadamente quaisquer preocupações concorrenciais, mesmo sob a análise mais conservadora possível”, disse a Localiza.
Além da Movida e Ouro Verde, a Fleetzil (do Grupo Volkswagen) e a Ald Automotive, subsidiária do grupo francês Société Générale, entraram como terceiras interessadas no processo que corre no Cade. Levantaram preocupações concorrenciais.
No geral, pessoas que acompanham a negociação no lado de concorrentes e grupos interessados demonstraram uma visão crítica acerca dos remédios apresentados.
Entre os principais está o desinvestimento de frota e agências em municípios e aeroportos com sobreposição entre Unidas e Localiza.
Já no lado comportamental, as requerentes aceitaram liberar a entrada da Vanguard no Brasil, caso ela queira. A proibição é um dos critérios para que a Unidas representasse marcas da Vanguard por aqui (Alamo, Enterprise e National). A Localiza terá ainda de renunciar ao uso de uma das marcas nas plataformas de comparação de preços. Limitando a quatro marcas.
Os remédios apresentados, entretanto, são apenas o início de um longo debate com todos os conselheiros do Cade. O Cade tem 330 dias . A contar do início do processo em fevereiro. E considerando a prorrogação já dada, para dar o seu veredicto acerca da incorporação.
Negócio entre Unidas e Localiza volta a ser criticado
Fonte: valorinveste.globo.com