Novos mercados são impulsionados pelas plataformas de entrega e transporte

As exigências são ter habilitação, carro ou moto, ou também bicicleta. E, se não tem o veículo, é possível alugar um.

“É o futuro da economia. Acredito que a pessoa vai ganhar pela produtividade dela”. A previsão do professor de finanças e economia Cleyton Izidoro já é realidade para quase 1,7 milhão de pessoas vinculados a plataformas de economia compartilhada no Brasil. A chegada dos aplicativos de mobilidade e delivery, como Uber, iFood e 99, impulsionou a criação de novos mercados, transformando as relações de consumo e de trabalho.

O setor de transporte individual, por exemplo, viu surgir uma nova categoria de profissionais: os motoristas, motociclistas e ciclistas de aplicativos. A flexibilidade e o fácil acesso ao trabalho, em detrimento de garantias trabalhistas, atraem pessoas de diferentes perfis, embora a maioria seja prioritariamente do sexo masculino, com idade entre 30 e 39 anos.

Locação de veículos

As exigências são ter habilitação, carro ou moto, ou também bicicleta. E, se não tem o veículo, é possível alugar um. “Ao alugar um carro, o motorista de aplicativo passa a contar com um veículo com manutenção em dia sem a dor de cabeça de arcar com impostos e seguro, deixando de destinar parte dos rendimentos para esses gastos”, destaca João Ávila, diretor executivo da Localiza e responsável pela unidade de negócios de Ride Sharing.

Em 2021, a companhia mineira lançou um ecossistema de negócios específicos para motoristas de apps, o Zarp Localiza, aposta seguida por outras empresas de aluguel de carros, que também criaram programas voltados para esse público. O Zarp não divulgou o volume de carros alugados para apps.

Ao longo de três semanas, repórteres de O TEMPO conversaram com vários motoristas de apps. A maioria já tinha carro próprio ou comprou, mas muitos ainda são reféns do aluguel. Pagam entre R$ 500 e R$ 600 por semana. Nos meses com quatro semanas, precisam faturar alto para ganhar algum dinheiro no fim do mês, já que chegam a pagar fixo até R$ 2.400.

Estratégia é essencial

Alexandre*, motorista de app, roda há menos de dois anos, mas já conquistou cinco estrelas na avaliação dos clientes e tem mais de 700 corridas no currículo. Se comparado a quem iniciou no ramo de plataformas de mobilidade há mais de cinco anos, é novato, mas usa estratégias no dia a dia para tornar o trabalho rentável. Manter o carro limpo, ser cortês com o cliente e andar bem vestido são três dos itens indispensáveis na sua rotina.

“Tem muito motorista que anda de chinelo, mal cumprimenta o passageiro e anda com carro velho e sujo. E a maioria não faz o cálculo do quanto ganha no dia a dia – aluga o carro e começa a rodar. Para ser bem-sucedido nesse trabalho, tem que ter estratégia, fazer contas, saber os melhores horários para rodar, quais corridas aceitar, traçar rotas e, principalmente, saber os eventos que estão acontecendo na cidade. Senão, você fica escravo do carro e não ganha nada”, comenta.

Estudo do Cebrap para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) estimou que a renda líquida de motoristas, considerando custos, para 40 horas semanais, varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 por mês; e para entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039.

A pesquisa ouviu 3.025 motoristas e entregadores brasileiros, escolhidos de forma aleatória. Entre motoristas que só trabalham com os apps, os gastos mensais são de, em média, R$ 2.700. Para aqueles que atuam para complementar a renda, o custo é de R$ 2.137.

Mercado gigante

O levantamento mostrou que o mercado é potente: mais de 140 mil profissionais rodam com carro alugado. Na avaliação do economista Cleyton Izidoro, a nova tendência tem mais pontos positivos que negativos. “A pessoa começa a ter relação dos bens que lhe servem, mas não precisa ter o bem; precisa ter acesso ao carro, não ter o carro. Isso aquece muito o mercado”, diz.

Educação financeira

O processo de mudança nas relações econômicas e trabalho, no entanto, carece ainda de educação financeira. “Como profissional, troco minha liberdade por uma remuneração variável. Então é preciso saber que aquilo que eu ganho vai ser suficiente, conservar meu carro, pagar ativo, recuperar ativo e me manter”, acrescenta.

 

Fonte: otempo.com.br

Novos mercados são impulsionados pelas plataformas de entrega e transporte

 

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