Saiba o que levou a Caoa a pensar além dos automóveis e atuar com seguros, consórcio, locação e imóveis
A Caoa Locadora é dividida nos programas Sempre, voltado à assinatura de carro; Fleet, de terceirização de frota; e Rent a Car, de aluguel exclusivo para os clientes da bandeira.
Detentora de 50% da marca Chery no Brasil, além de representante de Hyundai, Subaru e Ford, montadora brasileira amplia rentabilidade com locadora, seguradora, administradora de imóveis e consórcio.
As montadoras de automóveis no Brasil têm se adaptado às transformações da indústria. A automação das linhas de produção, a exemplo da digitalização nas plantas, simplificaram os processos e geraram economia — inclusive por meio de um danoso efeito colateral, a redução no quadro de colaboradores. Um cenário desafiador para um mercado que, desde 2020, busca se recuperar da pandemia, da quebra na cadeia de suprimentos e também da guerra na Ucrânia. Diante de tantas adversidades e incertezas, as companhias têm diversificado os negócios para garantir rentabilidade. Não poderia ser diferente para o grupo Caoa.
Criada em 1979 por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, morto em 2021 e cujas iniciais dão nome ao grupo, a companhia é detentora de 50% da marca chinesa Chery no Brasil, além de ser representante da sul-coreana Hyundai, da japonesa Subaru e da americana Ford.
Capital próprio
Diferentemente das multinacionais que atuam no País e têm à disposição suporte financeiro das matrizes no exterior, a companhia depende do próprio capital para crescer. E com a estagnação do mercado nacional diante dos impactos da Covid, do aumento da inflação e dos juros, que impactam nos financiamentos, partiu para inovações. Implantou serviço de locadora, abriu uma corretora de seguros e passou a trabalhar com consórcio e administração de imóveis. “Esse pacote todo deixa uma empresa muito sólida, em crescimento e com potencial para crescer muito mais”, disse o CEO Mauro Correia.
Os negócios extras servem de apoio ao grupo na busca por rentabilidade.
A Caoa Locadora é dividida nos programas Sempre, voltado à assinatura de carro; Fleet, de terceirização de frota; e Rent a Car, de aluguel exclusivo para os clientes da bandeira.
A Caoa Corretora de Seguros também foi lançada há pouco tempo. “É um complemento de todo nosso negócio.” A Caoa Consórcios já realizou mais de 30 mil contemplações nos segmentos de automóveis novos e seminovos, caminhões e imóveis. “E na Caoa Patrimonial trabalhamos com administração e aluguel de imóveis pertencentes ao grupo. São mais de 220”, disse. “Agora estamos desenvolvendo a Caoa Incorporadora.”
O executivo não revela o quanto os serviços extras representam na receita do grupo, mas afirmou que a locadora se tornou importante aliada nos negócios diante da mudança de cultura do brasileiro, especialmente das gerações mais novas, que já não veem a necessidade de ter a posse do carro.
“Tem gente que prefere adotar a locação de veículos por hora, por dia e até um veículo por assinatura do que ter a propriedade. Isso é uma tendência.”
Apesar disso, ele acredita que o mercado nacional tem condições de alcançar novamente 3,6 milhões no volume emplacado, marca alcançada pela indústria brasileira no início da década de 2010.
Resultados das marcas do grupo
A confiança do CEO no crescimento dos negócios fica evidente nos resultados obtidos pelas marcas do grupo. A montadora importa com exclusividade os veículos fabricados pela Hyundai na Coreia do Sul e produz, em Anápolis (GO), os modelos ix35, New Tucson, além dos caminhões HR e HD78. A Hyundai fechou 2021 como a quarta maior do Brasil em vendas no ranking da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foi a responsável por pouco mais de 9% (184,2 mil) do total (1,9 milhão) de emplacamentos entre automóveis e comerciais leves. Já em 2022 ocupa a quinta colocação, com 10,26% (104,6 mil) dos 1 milhão comercializados pelos dois segmentos até julho. O modelo HB20, fabricado pela Hyundai Motors Brasil em Piracicaba (SP), a exemplo do Creta, é o carro mais vendido do ano entre os automóveis, com 50,9 mil unidades.
A empolgação do executivo aumenta ao comentar os resultados da Caoa Chery. Desde 2017, ele viu os números da bandeira crescerem exponencialmente. Os chineses pularam do 21º lugar, com 3,7 mil emplacamentos (0,17% de participação), para o décimo no ano passado – 39,7 mil (2% de share). A expectativa é chegar a 60 mil unidades em 2022. “Vamos crescer 50% (na comparação a 2021).” A participação da Chery ganha ainda mais relevância com o reposicionamento da marca no mercado nacional. Diante dos efeitos da pandemia, como o aumento dos custos no mercado global, a empresa redefiniu a estratégia e abandonou o segmento de entrada para apostar em carros de maior valor agregado, na faixa de R$ 159 mil. “Nesse segmento encostamos em marcas premium, com 12%, 13% de participação.”
ELÉTRICOS
A aposta do grupo está principalmente na eletrificação. No primeiro semestre deste ano a Caoa se tornou a primeira montadora do País a oferecer toda a sua linha de veículos com a opção híbrida. São os casos do Tiggo 5X Pro Hybrid, Tiggo 7 Pro Hybrid, Arrizo 6 Pro Hybrid e Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid, estrela da marca por R$ 279,9 mil, além do iCar, o modelo 100% elétrico mais barato do Brasil, com preço de R$ 144,9 mil. Os lançamentos fazem parte de ciclo de investimento de R$ 1,5 bilhão que é realizado no segmento e em diversas outras iniciativas, como novos desenvolvimentos, adequações da linha de produção e ampliação da rede de distribuição.
Apesar do momento crescente, a Chery anunciou a suspensão temporária da produção na sua planta em Jacareí, no interior paulista. A justificativa: remodelação das linhas produtivas para a fabricação de modelos eletrificados. A retomada das atividades está prevista apenas para 2025. Com isso, cerca de 500 funcionários foram demitidos, e a montadora intensificou os trabalhos nas instalações de Anápolis, “Temos de trabalhar na fábrica [em Jacareí] para viabilizar a produção de veículos eletrificados.”
E os desafios não param. É preciso equalizar a alta dos custos, que culminaram em aumento de até 100% no preço dos carros, para manter a fase ascendente. Por isso a estratégia de trazer novos negócios que sejam complementares aos já desenvolvidos pela empresa. “É preciso estar em constante movimento de atualização para não perder espaço”, disse Correa.